Com os slogans “O primeiro a dar as últimas” e “Testemunha ocular da História”, o Repórter Esso fez sua estreia em 28 de agosto de 1941 em uma influente emissora estatal da época e marcou o início de uma nova era no radiojornalismo nacional.
O nome do programa era uma referência ao patrocinador, a Esso do Brasil — produto de comunicação da Standard Oil Company of Brazil, gigante do petróleo americano —, e seguia o padrão do jornal Your Esso Reporter, nos Estados Unidos. O conteúdo era supervisionado pela empresa de publicidade McCann Erickson e produzido pela agência internacional de notícias United Press Association (UPA). No auge da Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha invadiu a União Soviética com 3 milhões de soldados e, no Brasil, Getúlio Vargas comandava a ditadura do Estado Novo, a primeira edição foi ao ar na Rádio Nacional. Depois a atração passou a ser transmitida em outras rádios.
Com o surgimento da televisão, o Repórter Esso migrou para a TV Tupi. Inicialmente com o nome O Seu Repórter Esso, foi apresentado de 10 de abril de 1952 a 31 de dezembro de 1970.
O Repórter Esso revolucionou o jornalismo brasileiro e logo conquistou a confiança da audiência. A narração do locutor era séria e não se limitava à leitura de notícias recortadas de outros jornais ou agências. Havia rigor na apuração dos acontecimentos, sempre checados com cuidado. As informações eram transmitidas de forma clara, curta, direta e sem muitos adjetivos, quebrando, assim, o estilo pomposo existente na época. Alguns de seus locutores ficaram marcados pelo enorme prestígio que conquistaram ao apresentar o programa. Um deles foi Heron Domingues, cuja voz se tornou referência e deu personalidade para o jornal entre 1944 e 1962. Ficou conhecido como “o homem que parava o Brasil”.
Ao longo de sua trajetória, o Repórter Esso se destacou por cobrir eventos históricos significativos, como o suicídio de Getúlio Vargas, a chegada do homem à Lua, a morte de Carmen Miranda e o fim da Segunda Guerra Mundial.
No dia 2 de setembro de 1945, a Rádio Tupi surpreendeu o público ao anunciar o fim da Segunda Guerra Mundial, mas a credibilidade do Esso era tamanha, que o conflito só foi considerado encerrado pelos brasileiros quando o locutor Heron Domingues entrou no ar e repetiu, animadamente:
“Aqui fala o Seu Repórter Esso, testemunha ocular da História. A Rádio de Hamburgo, depois de transmitir o ‘Crepúsculo dos Deuses’ durante muitas horas, acaba de anunciar: o Führer morreu! Terminou a guerra! Terminou a guerra! Terminou a guerra!”
A última transmissão na rádio ocorreu no dia 31 de dezembro de 1968, depois de 27 anos de atividade. Na televisão, a atração durou ainda mais dois anos. O desgaste político com o regime militar foi uma das principais razões da vida curta do programa no Brasil. A concorrência e a distribuição desigual de verbas publicitárias também colaboraram para o encerramento das atividades no país.
A edição final foi marcada pelo choro ao vivo do locutor Roberto Figueiredo, que caiu aos prantos durante a leitura da última notícia. O locutor reserva Plácido Ribeiro seguiu com a apresentação na rádio. No final, Roberto encerrou o último Repórter Esso desejando uma boa-noite e um feliz Ano-Novo.
Apesar da sua extinção, o Repórter Esso foi um dos programas jornalísticos mais icônicos e importantes da história do rádio e da televisão no Brasil. Pioneiro na forma de transmitir os acontecimentos, não por acaso seu maior legado foi a credibilidade e a precisão na transmissão das notícias.
Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
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Interessante.
Fiz uma vagem no tempo.
Lembrei da música de abertura do jornal e do meu pai que era ouvinte diário deste jornal.
Daniela deveria ter mencionado Gontijo Teodoro, apresentador do Repórter Esso na TV desde a estréia em 1952. Gontijo ficou à frente do programa por mais de 18 anos. Cresci vendo e ouvindo Gontijo, que era a cara e a voz do Repórter Esso. Há uma foto dele no artigo, mas o nome foi omitido