Há bem pouco tempo, acessar a internet em uma área remota era muito mais caro e menos eficiente que em grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Curitiba. Em lugares afastados, o sinal era fraco e instável, com áudios cortados, imagens travadas e muita instabilidade. A entrada da Starlink no mercado mudou essa realidade. Agora a empresa de conexão via satélite criada por Elon Musk entrou na mira de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, em meio ao embate com o empresário.
O serviço funciona por meio de uma constelação de satélites em órbita. Todos foram enviados ao espaço pela SpaceX — outra empresa do sul-africano. Sem a rede no espaço, o acesso ocorria por meio de torres no solo e extensas instalações de cabos. O novo modelo conquista adeptos em todo o país — e no mundo.
Atualmente, o sistema de conexão à internet criado por Musk oferece sinal com estabilidade e velocidade para quase todas as escolas estaduais do Amazonas e do Pará, por exemplo. Somando os dois Estados, são quase 2 mil unidades de ensino que recebem um sinal similar ao usado por um garoto do Sudeste para acessar jogos on-line pesados. Assim, alunos em comunidades isoladas têm um acesso parecido com o disponível em uma cidade como São Paulo — a maior e mais moderna da América do Sul.
Sem a internet de Elon Musk
É verdade que antes da constelação de Musk já havia o sinal por satélite. Mas o custo era muito maior, e a qualidade de interação, infinitamente menor. Esse modelo mais antigo ainda está disponível, porém funciona a partir de satélites mais distantes da Terra, o que torna mais lenta a comunicação com o usuário. Além disso, os aparelhos necessários para estabelecer a conexão são maiores — o que demanda mais investimentos, manutenção e energia elétrica.
O modelo antigo usa antenas parecidas com as de operadoras de televisão, como a Claro e a Vivo. São equipamentos maiores e que precisam de um ajuste mais específico e delicado para se conectarem com o satélite. O sistema implantado pela SpaceX, por sua vez, tem um receptor móvel — uma placa do tamanho de uma bandeja. É algo possível de instalar em um carro de passeio — ou de trabalho —, como fez Rodolpho Krampe, produtor rural de Campo Novo do Pareci, em Mato Grosso.
A conexão do agronegócio
Com a Starlink, Krampe transformou sua caminhonete em um escritório móvel — uma grande facilidade em meio às estradas de chão de terra batida que ligam as fazendas aos municípios do Estado.
“Minha caminhonete fica na lavoura, perto das máquinas”, diz Krampe. “Quando acontece algum problema, posso acionar a assistência pela internet, ganhando um tempo enorme, em vez de perder horas para ir buscar um mecânico. Além disso, consegui emitir as notas de remessa no campo, liberando o transporte dos grãos para fora da propriedade.”
A assistência mecânica citada pelo agricultor ultrapassa o simples contato em momentos de crise. As máquinas mais modernas, computadorizadas, podem ficar conectadas em tempo real, como uma base de apoio.
A MaxxiCase, empresa de concessionárias de máquinas agrícolas no interior de Mato Grosso, tem uma dessas bases e usa o sistema do empresário sul-africano para monitorar o funcionamento dos equipamentos nas propriedades dos clientes. São salas de operações com diversos monitores que registram o local em que as atividades estão ocorrendo e os respectivos parâmetros. Plantio, colheita e aplicação de adubos e defensivos passam a ser registrados metro a metro, com transmissão em tempo real de dados para as centrais de apoio. Isso reduz o custo de manutenção e ainda permite ajustes finos na operação, essenciais para ganhos de produtividade.
“A conexão é vital”, diz Vilson Karczeski, gerente da MaxxiCase. “Evoluímos muito. Cada máquina agrícola moderna possui uma central de conectividade. Esses equipamentos funcionam de forma remota, nas lavouras, em áreas rurais, longe das cidades onde há conexão 4G e 5G. Temos casos de propriedades distantes 180 quilômetros de áreas urbanas. Não podemos regredir. Com a tecnologia de hoje conseguimos tomar decisões à distância para, por exemplo, a aplicação de defensivos.”
A alternativa para o modelo de Musk em lugares remotos é a internet com satélites muito mais lentos
O executivo lembra que ações assim trazem benefícios que ultrapassam o ganho de produtividade, resultando também em cuidados sociais e ambientais. “Sem a conectividade, a gente volta para os cenários de 15 ou 20 anos atrás, quando tudo era meio obscuro”, explica.
O retorno do campo a uma situação de décadas atrás também ocorreria nas escolas, repartições públicas e aldeias indígenas na Região Norte. A alternativa para o modelo de Musk em lugares remotos é a internet com satélites muito mais lentos.
Mudança de paradigma
Ronaldo Tiradentes preside a Via Direta Telecom — primeira companhia a representar a empresa de Musk para clientes corporativos na América do Sul. No passado, ele usava o sistema com as antenas maiores e menos práticas. Com o surgimento da nova constelação, Tiradentes mudou sua plataforma de serviços.
“Com a Starlink, consigo fornecer um sinal cem vezes mais rápido, no mínimo”, diz o empresário. Outra coisa importante é a latência, o tempo que o sinal leva para fazer o trajeto entre o usuário e o satélite. Com a internet de Musk, esse caminho é percorrido cerca de 25 vezes mais rápido. “Em uma aula à distância, isso faz com que a interação entre professor e aluno seja em tempo real, sem demora. Antes, havia um delay enorme entre as duas pontas, o que atrapalhava a aprendizagem.”
De acordo com Tiradentes, além das escolas, muitos tribunais, o Ministério Público e hospitais usam a internet de Musk no Amazonas.
Entre as vidas facilitadas com esse sistema estão a dos indígenas Mura, que vivem na beira do Rio Mamori, na aldeia do cacique Jailson Martins dos Santos. Eles estão nas matas do município de Autazes, no interior do Amazonas.
“Com a chegada da internet, pudemos contar ao mundo o que acontece com a gente”, relata Santos. “Antes, eram horas de caminhada e de barco para conseguir falar com o mundo de fora. Agora, conseguimos falar com quem precisamos dentro das nossas casas. Quando tem uma emergência médica, por exemplo, agora podemos chamar a ambulância.”
A tribo em questão tem cerca de 90 famílias com cinco a dez pessoas cada. E todos eles viviam no mais completo isolamento.
‘A Starlink deu liberdade para os indígenas’
Plínio Valério (PSDB), senador pelo Amazonas, comenta que a realidade de isolamento é comum em grande parte do Amazonas. “No meu Estado, a Starlink atende a eventos de todos os tamanhos”, diz o parlamentar. “Serve escolas, hospitais, Exército, Marinha e Aeronáutica. Também estamos levando esses equipamentos para as aldeias indígenas.”
O senador explica que conectar os indígenas é importante para tirá-los do isolamento. “A qualidade de vida desses cidadãos melhorou”, afirma. Os municípios amazonenses não têm sedes próximas umas das outras. “A gente mede as distâncias em dias, não em horas. Tem travessias de barco que levam cinco dias”, completa.
“Meu município de origem, Eirunepé, está numa seca que não deixa os barcos chegarem à cidade”, relata. “A Azul cortou o voo por falta de condições. Se cortarem a Starlink, ficaremos apenas com a comunicação de outras operadoras, que prestam um serviço péssimo.”
De acordo com o senador, o uso desse servidor nas comunidades isoladas tem levado a uma ruptura. A internet de Elon Musk ajuda a tirar a Amazônia do isolamento. “Até o pescador profissional usa no barco”, diz Valério. “Esse sistema foi um achado.”
Segundo o senador, retirar as populações amazônicas do isolamento é muito importante para mostrar a real situação da floresta e das comunidades que vivem nela. Valério afirma que a Starlink ameaça o domínio das ONGs na Amazônia.
“A Starlink deu liberdade para os indígenas mostrarem a situação em que vivem, reclamarem”, diz. Segundo o parlamentar, as ONGs preferem a população da floresta em isolamento. “Sem a internet, as ONGs voltam a ter o controle da narrativa.”
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O confisco, no Brasil, dos bens da Starlink ($, bases terrestres, aviões e automóveis ) ficarão para a Brasilink q Loola decidiu fazer???????
Parecemos a Bolívia de Evo quando confiscou a Petrobras no tempo de Lula I!
Como se consegue ser contrário a um homem desse?
Oportuna matéria. Enquanto isso, os burocratas brasileiros querem criar a Braslink.
O Ditador de Toga quer que a Amazonia acabe.
Pior do que ele ainda sãoas ONGs da Amazonia que recebem dinheiro e não fazem nada para os índios.
A ditadura comunista precisa do povo sem informação e tecnologia.
A Starlink também está presente nos navios offshore que prestam serviço para a Petrobrás. Os barcos pesqueiros também estão usando
Muito bom. Demorou alguns dias para que alguém explicasse a aplicação da starlink no Brasil. É uma pena que o artigo não pode ser compratilhado gratuitamente para amigos que ainda não sssinaram a revista.
Realmente não podemos avançar em nosso país. Os políticos e o crime organizado tem que mantê-los em pobreza absoluta para que a dominação seja efetuada. E assim, o Brasil caminha para o completo retrocesso.
Eu tenho …vale muito a pena ter …funciona melhor que todas as “outras” juntas…