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Avenida Paulista, no dia 7 de Setembro: ato em favor do impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes | Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reúnem na Avenida Paulista, no 7 de Setembro. Um dos motes do ato foi o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes (7/9/2024) | Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
Edição 234

Carta ao Leitor — Edição 234

A manifestação do 7 de Setembro e a demissão do ministro Silvio Almeida estão entre os destaques desta edição

Redação Oeste
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Se uma imagem vale mais que mil palavras, nada foi tão eloquente do que as cenas registradas no último 7 de Setembro, em Brasília e São Paulo. Na maior metrópole do país, uma imensidão de homens e mulheres pintou mais uma vez a Avenida Paulista de verde e amarelo — e exprimiu sua vontade com faixas, cartazes e um grito em comum: “Anistia já!”. Na capital, predominou o verde-oliva dos militares que desfilaram para uma plateia que tinha autoridades de mais e povo de menos.

Como mostra o artigo de capa desta edição, assinado por J.R. Guzzo, “o governo Lula e o consórcio que montou com o Supremo Tribunal Federal para aplicar o maior conto do vigário jamais visto na história política do Brasil estão passando por aquilo que os médicos de UTI chamam de falência múltipla de órgãos”. Os sintomas? “Insuficiência crônica, e talvez irreversível, de povo.” Enquanto a oposição ocupava a Paulista, “o governo se viu humilhado pelo mais miserável fracasso de público que já teve em seu um ano e meio de vida”.

Trata-se de uma evidência de que o Brasil tem um governo em decomposição. Há muitas outras. No dia 6 de setembro, por exemplo, Silvio Almeida, então ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, foi demitido depois de acusação de assédio sexual contra Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial. A impossibilidade de atribuir o episódio a algum tipo de “racismo” deu um nó na cabeça da esquerda. 

Qualificado pelos sócios do consórcio como “notoriedade”, “referência” e “um dos maiores intelectuais brasileiros”, Almeida deixou o cargo sem ter deixado coisa alguma além do escândalo, observa a reportagem de Anderson Scardoelli e Sarah Peres Batista. “Não marcou posição contra violações aos direitos humanos cometidas por decisões judiciais, não manifestou apoio aos presos políticos do 8 de janeiro, silenciou diante da série de assassinatos de policiais na Baixada Santista, mas teve tempo de reclamar da operação policial que lutava contra o crime organizado na mesma região.”

Na política externa, os ventos também não andam muito favoráveis. Mesmo depois de Lula ter aceitado a vitória de Nicolás Maduro numa eleição escancaradamente fraudada, o ditador ingrato deu “uma verdadeira banana para o petista”, destaca a reportagem de Rachel Díaz. Há uma semana, Maduro decidiu unilateralmente retirar do Brasil a custódia da Embaixada da Argentina em Caracas — que o Itamaraty havia assumido depois do rompimento diplomático entre o governo de Javier Milei e a Venezuela.

Enquanto o Brasil é motivo de risos e deboches, Dagomir Marquezi relata a busca realizada por um grupo de estudiosos pela piada mais engraçada da história da humanidade. Ele também trata das vantagens do riso e do medo imposto aos tiranos pelo humor. “Para isso, basta lembrar as carrancas de Vladimir Lenin, Mao Tsé-tung, Fidel Castro e Che Guevara”, exemplifica Marquezi. “Um bom exemplo disso também são os aiatolás do Irã, que aparentemente nunca sorriram na vida.”

Nicolás Maduro e Alexandre de Moraes, entre diversos exemplos, poderiam engordar a lista. Entre outros casos, Marquezi conta que Xi Jinping, presidente da China, transformou recentemente um meme em assunto de Estado depois que foi comparado numa montagem ao Ursinho Puff. “O governo definiu o meme como ‘um sério esforço para minar a dignidade do trabalho presidencial e do próprio Xi'”, revela Marquezi. “Um exército de censores a serviço do Partido Comunista Chinês imediatamente começou a apagar os memes de toda a internet do país.”

Há poucos meses, o governo e seus jornalistas amestrados saíram à caça dos responsáveis pela produção dos memes que transformaram em “Taxad” o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Coerentemente, recomendaram que esse tipo de humor fosse censurado. Qualquer semelhança com o caso chinês não é mera coincidência.

Boa leitura.

Branca Nunes,

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 234. Alexandre de Moraes, ministro do STF, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, e Luís Roberto Barroso, presidente do STF, durante o desfile de 7 de setembro, em Brasília | Foto: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo
12 comentários
  1. Amaury G Feitosa
    Amaury G Feitosa

    Vamos a fatos incontestáveis .. o Brasuil não tem sequer um desgoverno e jaz sob ditadura violenta de um triunvirarto cínico com a manezada obrigada a calar e abaixar as caudas mas que não podem esquecer as mais de 1.500 priões de “terroristas” muitos torturados, imoral e ilegalmente condenados na prepotência de um sinistro que um dia, creiam, foi um dos maiores juristas constitucionais do país … e o pior ainda pode estar por vir, quantos ainda morreremos tentando dar dignidade à pátria violeda e deapropriada a um bando?

  2. JOÁ DE CERQUEIRA FARIAS
    JOÁ DE CERQUEIRA FARIAS

    Hoje me tornei assinante dessa revista por convicção de que é o canal de comunicação que luta pelo nosso Brasil. Parabéns para toda equipe pela coragem de expor a podridão do desgoverno atual.

  3. JOÁ DE CERQUEIRA FARIAS
    JOÁ DE CERQUEIRA FARIAS

    Hoje me tornei assinante dessa revista por convicção de que é o canal de comunicação que luta pelo nosso Brasil. Parabéns para toda equipe pela coragem de expor a podridão do desgoverno atual.

  4. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    É a cidade dos sonhos para estes crápulas que saqueiam o dinheiro do povo. Brasília. Só a ”elite”.

  5. Francisco Nascimento Garcia
    Francisco Nascimento Garcia

    Na esplanada vazia em Brasília vimos a democracia sem povo, enquanto que na Avenida Paulista em Sampa vimos o povo sem a democracia!

  6. Marcio Cruz
    Marcio Cruz

    Excelente artigo do Roberto Motta na revista Oeste, desta semana.
    Discorre sobre a eleição em SP.
    Numa parte do texto:
    “…em 2020 o Bolsonaro apoiou o Marcelo Crivella para a prefeitura do Rio .
    Crivella não era considerado um legitimo político de direita. Por isso, muitos Bolsonaro listas não votaram nele. Resultado, o Eduardo Pars foi eleito.
    O que aconteceu em 2020 no Rio com Crivella , eventualmente, pode acontecer com Ricardo Nunes , em 2024.

    Vamos votar so em candidatos indicados pelo Bolsonaro.

    Quem apoia o Marcal ajuda a dividir a direita, dividir a lideranca do Bolsonaro. (este tem um historico. O outro….fortuna e redes sociais

  7. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Dona Bianca, esqueci de falar um coisa: sobre a crítica do Lula aos empresários que não investtem em cultura tenho a declarar, sob as penas da lei, o seguinte: Estamos no mês Farroupilha aqui no RS. Em CAxias do Sul, os pavilhões da Festa da Uva, que é imenso, está recebendo os chamados “piquetes” de gaúchos, que são as invernadas de dança e rodeio de CTGS particulares ou de empresas. São mais de 200 “estandes” ou espaços que cada um tem para ocupar com churrasqueiras, palcos de dança e música, artesanato, etc. Pois digam para o Lula que quase a metade desses espaços são de EMPRESAS que tem seus empresários participando ativamente. Lembro do Raul Randon pilchado frequentando os pavilhões andando livremente por ali e visitando espaços, tomando chimarrão e proseando. O Lula é otário.

  8. Josenildo Nascimento Melo
    Josenildo Nascimento Melo

    Branca Nunes é uma pérola ao falar. Sinônimo de educação e sensatez na tela. Parabéns também pela escrita. Pelo intróito fica visível o que virá de bom em toda a edição da Revista. Excelente. Que Deus a abençoe sempre!

    1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
      Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

      Verdade.

  9. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Esta edição parece saborosíssima.

  10. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    O Brasil antes de ser comunista já é terrorista

  11. Georgs Rozenfelds
    Georgs Rozenfelds

    O humor inteligente é uma das armas mais temidas pelos ditadores e políticos canalhas. Humor neles!

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