Desde a volta ao local do crime do partido que virou bando, jornalistas estatizados pareciam não ter motivos para queixar-se da vida. Graças à dinheirama derramada pela Secom, quem exerce esse brasileiríssimo ofício ganha um bom salário e desfruta de estabilidade no emprego. Figurões que sabem das coisas estão sempre ao alcance do celular, permanecem abertas as portas dos gabinetes bem informados. No fim do ano, o valor dos presentes ultrapassa com folga o 13º salário. Nenhum deles precisa ter medo de cadeia, nem refugiar-se no banheiro ao topar com Alexandre de Moraes numa festa em Brasília. Faz cinco anos que o chefão do Supremo Tribunal Federal vem prendendo e arrebentando, mas todos os punidos estão num lado só. O perigo mora na extrema direita. E apenas lá, porque todas as ramificações da esquerda criaram juízo, apaixonaram-se perdidamente pelo regime democrático e hoje formam um bloco só. Os extremistas sumiram — incluídos os radicais de nascença. (Não há diferenças, por exemplo, entre o ex-comunista Flávio Dino e o ex-carola Geraldo Alckmin. Os dois esbanjam graça e harmonia requebrando na Ala dos Convertidos da Terceira Idade.)
Jornalistas estatizados aprendem a engolir sem engasgos sapos de bom tamanho, e com a animação de quem saboreia o prato predileto. “O BRASIL VOLTOU”, garantiram colunas e editoriais de publicações que se tornaram anãs já centenárias. Analistas renomados avisaram que o país reduzido a pária internacional por Jair Bolsonaro não demoraria a reassumir o papel de conselheiro do mundo. Vários deles repetiram que um corrupto condenado por nove juízes de três diferentes instâncias fora resgatado da cadeia para sepultar a polarização e restabelecer a normalidade política. Lula ganhou o desprezo das nações civilizadas ao ajoelhar-se diante da Rússia e da China, hostilizar a Ucrânia e aliar-se aos terroristas do Hamas. Nada de mais, reiteraram colunistas desprovidos do sentimento da vergonha, com doutorado em rendições desonrosas.
Foi assim até que este inverno de 2024 chegou. Ao endossar a farsa eleitoral que manteve no poder o ditador Nicolás Maduro, Lula descobriu que mesmo um pusilânime vocacional é capaz de piruetas assombrosas. Como justificar o silêncio covarde de Lula ao ouvir o amigo ditador prescrever-lhe um chá de camomila, para poupar-se de preocupações com assuntos internos da pátria de Bolívar? Como enxergar um governante respeitável no presidente que não deu um pio em resposta às afrontas produzidas pelo nicaraguense Daniel Ortega? Levados às cordas pela política externa da canalhice, muitos jornalistas amestrados esperaram que o desempenho do artista se tornasse menos deprimente. Foram obrigados a retomar a missão de explicar o inexplicável pelas turbulências registradas na primeira semana de setembro.
Enquanto ocupou a Presidência, Bolsonaro foi responsabilizado por todos os desmatamentos, todos os incêndios, todas as mortes de indígenas, todos os garimpos irregulares, todas as extinções de alguma espécie, fora o resto. Fogo no Pantanal? Coisa de Bolsonaro. Um jornalista estrangeiro assassinado na selva? Culpa de Bolsonaro. Na primeira semana de setembro, a imprensa a favor descobriu que já não poderia culpar o ex-presidente pelo que o ministro Flávio Dino qualificou de “pandemia de incêndios”. O jeito foi fingir que as mudanças ambientais são coisa recente, garantir que a Amazônia e o Pantanal não vão acabar e apressar o parto de uma certa Autoridade Climática. Toda a imprensa lulista preferiu passar ao largo do claro enigma. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima é Marina Silva. Ela mesma: a Madre Teresa da Amazônia, a Protetora da Floresta, a Padroeira das Tribos Isoladas. Por que criar com tanto açodamento esse filhote da Autoridade Olímpica, mãe dos Jogos da Ladroagem realizados no Rio em 2016?
Milhões de brasileiros inconformados com a ditadura do Judiciário perderam o medo de vez. O povo assumiu de vez o controle das ruas, reivindica o impeachment de Alexandre de Moraes e exige que os presos políticos sejam anistiados
Neste 6 de setembro, tornou-se público o que sabiam nove em cada dez figurões federais: enquanto esteve homiziado no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida bateu o recorde brasileiro de assédios sexuais. Os alvos do conquistador de galinheiro incluíram Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial por ser irmã de Marielle Franco. Demitido pelo chefe, Almeida declarou-se vítima de racismo. A chegada do 7 de Setembro confinou o caso em alguns centímetros das páginas internas. Sorte dos jornalistas estatizados, que fingiram esquecê-lo. O espaço foi expropriado pelas manifestações em São Paulo e Brasília. Azar dos jornalistas arrendados.
De novo, o Brasil que pensa e presta constatou que gente assim jamais aprenderá que brigar com fatos é a luta mais vã. Fotografias gritavam que os espectadores do desfile militar em Brasília caberiam no palanque. Recenseadores clandestinos, prontamente endossados pela imprensa velha, decidiram que a plateia somara 30 mil viventes. Na Avenida Paulista, a imensidão de manifestantes se estendeu por várias quadras. O departamento de malandragem estatística da USP não viu mais que “45 mil bolsonaristas”. Quem não sofre de estrabismo cafajeste viu mais que uma imensidão de gente. Enxergou a verdade: milhões de brasileiros inconformados com a ditadura do Judiciário perderam o medo de vez. O povo assumiu definitivamente o controle das ruas, reivindica o impeachment de Alexandre de Moraes e exige que os presos políticos sejam anistiados.
Editores alugados destacaram, previsivelmente, o promíscuo churrasco oferecido por Lula aos parceiros de palanque. Um deles disse a um repórter do Estadão que os convivas debocharam do ato de protesto que logo começaria em São Paulo, que Alexandre de Moraes esbanjava bom humor e que sorriu ao ser alertado para as palavras de ordem hostis que começariam a ecoar na avenida em poucos minutos. O Supremo Carcereiro reiterou que não tem medo das coisas que dizem dele. Se tivesse acompanhado numa janela da Paulista a manifestação portentosa, descobriria que incontáveis brasileiros tampouco têm respeito por um ministro que diz uma coisa dessas.
Leia também “Entrevista com o antigo Moraes”
Bom dia Colunista da Revista Oeste. Vcs tem sem duvida uma visão mais fidedigna da realidade em que vivemos hoje no Brasil, ai lhes pergunto será que ainda podemos alimentar a esperança de vermos dias melhores? Confesso que a cada dia menos esperança tenho! Mais uma vez parabéns a todos vcs pelo que escrevem.
Esplêndido artigo mestre Augusto.
Retrato fiel de um país que precisa ser resgatado da sarjeta e o primeiro passo é o impeachment de Alexandre de Moraes.
Parabéns Sr Augusto Nunes.
Legal.
Augusto e Guzzo são pérolas do jornalismo que mostram de forma esmagadora a insignificância dos pseudo jornalistas oficiais. Pior do que estes, porém, são os pseudo cientistas capazes de alterar estatísticas onde nem seriam necessárias como na comparação entre a esplanada e a Paulista no último 7 de setembro.
Com relação à devastação da Amazônia, segundo os que acusavam Bolsonaro de todas as desgraças terrenas é somente culpa do clima. Ou seja, a desonestidade intelectual virou moda na brazuela.
“Receseadores clandestinos” adorei o novo conceito para pesquisas. Excelente texto, como sempre
dia 7 de setembro de 2024 – desfile de comemoração do dia da Independência do Brasil em Brasília – Capital do país.
políticos e autoridades (de plantão) protagonizaram uma “cerimônia patética” de comemoração sem legitimidade e sem emoção alguma, obviamente.
o povo (ausente) …. bem longe dali, deu sua contundente resposta, não comparecendo ao evento demonstrando assim que não está satisfeita com este governo que não tem nenhuma representatividade (nem legal e tampouco moral).
ao final foram todos “almoçarem” na residência oficial do presidente – preparando, talvés, o discurso a ser proferido pela Janja em Nova Iorque – tratando sobre a fome no mundo.
POBRE E PODRE BRASIL !
Excelente comentário do que acontece no país. parabéns Augusto Nunes!
Excelente comentário do que acontece no país. parabéns Augusto Nunes!
O jornalismo servil alimentado por muitas calorias de verbas públicas, padece de obesidade e embotamento da realidade. Não à toa vê minguar cada vez mais a sua já insignificante audiência. Quando o dinheiro acabar, a já está acabando, sofrerá de abstinência e será relegado ao lixo da história.
Os Tupinambás da tribo da Yacuí Tupinambá eram Canibais. Ferveram e comeram o bispo Sardinha no Espírito Santo. Agora Yacuí fez ferver a água do Lularápio, e pena ele não estar dentro desta panela. Se fosse devorado seria uma indigestão geral, talvez com muitas mortes por envenamento. Lula não presta nem para comida de canibais….
Que texto! Parabéns, Augusto, que bom perceber que não mudaste uma vírgula desde quando eu assinava e o acompanhava pela Veja. Forte abraço!
Parabéns Augusto Nunes. São de vozes assim que precisamos para restabelecer a nossa democracia.
Conteúdo perfeito … , só possível ser abordado com essa genial dose de IRONIAS…..! Homens pequenos, venais, com profundas falha caráter, nos obrigam a tentar entender como homens e mulheres dessa “Laia”, sobrevivem nos seus ambientes familiares….. não consigo imaginar…, porque suas atividades podres e corruptas se assemelham a de ladrões de banco, de residências ou de celular…. Eles sao socios da ladroagem, do apoio as ditaduras… e tudo o mais ……..!
Augusto Nunes é o maior sinônimo de coragem!
Infelizmente, atos isolados e únicos como o da AV. Paulista, não levam a lugar algum.
Contra FOTOS não há argumentos.
Sensacional. Parabéns mestre Augusto Nunes. Eu ainda me pergunto quem em sã consciência dá audiência para a velha imprensa. Quem acredita num pingo do que eles publicam.
Essa turma pinta e borda em Brasília, um churrasco é fichinha. Adoram este modelo de cidade, feita para o alto funcionalismo público, a ”elite”, viver entre si esbanjando sem contato com o povo ”comum”.
Augusto faz cirurgias magistrais com as palavras.
O que mais admiro em você Augusto, é o seu idealismo junto de sua coragem . Precisamos de mais pessoas como você . Vida longa e profícua .
Sou patriota de SP parabéns Agusto Nunes
Um governo e justiça juntos mantém o poder sob as fraudes nas urnas eletrônicas. Basta olhar o algoritmo. A eleição deve ser feita igual a francesa. Se um poder toma a eleição o país perde a soberania nacional
Simplesmente sensacional! Parabéns, Mestre!
Simplesmente sensacional! Parabéns, Mestre!
Simplesmente sensacional! Parabéns, Mestre!
Simplesmente sensacional! Parabéns, Mestre!
Existe o jornal dos fatos , nada a ver com a globo
Simplesmente sensacional! Parabéns, Mestre!
Excelente. Perfeito. Augusto Nunes é uma das razões do enorme crescimento do Grupo Oeste de Comunicação. Chamo de grupo porque se tornará (logo, logo) um dos maiores conglomerados de comunicação do Brasil. Dos três jornais impressos de Teresina, capital do Estado do Piauí; apenas um ainda tem tiragem impressa. E pasmem, o número não atinge mais do que 500 assinantes. Aqui no Nordeste a velha mídia não tem mais vez e nem voz. Somente o Influente e Conceituado PORTAL AZ ainda é independente. E por esta razão é o mais acessado. A imprensa piauiense em sua maioria está “algemada e rendida aos governos municipais e principalmente ao Estadual. Consigam uma emissora de rádio pra retransmitir os programas Oeste Sem Filtro em nossa cidade. Pense em um lugar onde se “formam jornalistas dependentes e sem independência”. Parabéns pelo brilhante artigo. Sou seu fã e é em vocês que nos espelhamos!
Um primor de texto no conteúdo e na forma. João Cabral de Melo Neto iria vibrar com a concisão.
Parabéns pelo seu trabalho como profissional do verdadeiro jornalismo! Obrigado por suas colunas que nos ajudam a acreditar que esse país pode dar certo.
Excelente texto e foto dos idiotas olhando para o alto, única distração do desfile:ver os aviões fazendo manobras e soltando fumaça.
Parabéns.
Bravo Augusto Nunes. Como sempre perfeito. 🇧🇷
Bravo Augusto Nunes. Como sempre perfeito. 🇧🇷
Meu maior sonho atualmente é ver Alexandre de Moraes sobrar impeachment e uma semana depois encontrá-lo caminhando na Avenida Paulista. Sozinho e sem seguranças armados poderia testar sua coragem…
Atenção! Em um futuro próximo esses canalhas vão recorrer ao velho jargão dos covardes: – Eu estava cumprindo ordens…..