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Kamala Harris | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Brendan McDermid/Reuters
Edição 234

Uma capitalista pró-armas?

Com caras e bocas e slogans prontos, e autocontrole para não soltar suas risadas histéricas bizarras quando nervosa, Kamala se apresentou como alguém bem diferente do que foi nos últimos anos

Rodrigo Constantino
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“A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”, disse La Rochefoucauld. Sempre lembro dessa definição perfeita quando nos aproximamos de eleições. Os esquerdistas radicais invariavelmente se transformam, deixam seu ateísmo de lado, suas pautas revolucionárias, para se apresentarem como moderados responsáveis. Ou seja, no fundo eles sabem o que é virtude, o que o povo realmente quer, mas tentam esconder sua essência na véspera da votação.

Foi assim com Boulos, que abandonou sua agenda marxista e criminosa para tentar se afastar até mesmo do rótulo de invasor de propriedades. O candidato do Psol deixou de lado aquelas pautas mais extremistas e, com a ajuda de boa parte do conglomerado de mídia, reposicionou-se como basicamente um tucano. Até em meio a evangélicos o comunista se meteu, de olho em seus votos. Vale tudo para vencer, não é mesmo?

Isso não é caso isolado ou exclusivo do Brasil. Os petistas sempre se aproximam das igrejas nessa época eleitoral. Mudam o figurino, adotam tom mais manso, transformam-se por completo em alguns casos. Foi o que fez Kamala Harris nos Estados Unidos. Uma das mais radicais democratas, entusiasta da turma violenta do Black Lives Matter, defensora de resultados econômicos iguais independentemente do mérito (comunismo), Kamala tentou mudar da água suja para o vinho.

Kamala Harris discursa em manifestação no centro de Los Angeles para exigir a reunificação de famílias separadas na fronteira sul entre Estados Unidos e México (30/6/2018) | Foto: Shutterstock

Isso ficou mais claro ainda no debate desta semana, depois de fugir de entrevistas e treinar no porão com seus marqueteiros. Kamala não quer mais proibir a exploração de petróleo no país, como já defendeu antes. Ela tampouco sustentou sua visão pró-aborto em qualquer etapa da gestação, esquivando-se pela tangente. Sobre as fronteiras, a candidata não quer mais escancará-las e depois oferecer saúde gratuita para todos, proibindo seguros privados (socialismo), mas, sim, construir um muro! Sim, ela adotou a bandeira de Trump para derrotar Trump!

Com caras e bocas e slogans prontos, frases ensaiadas de efeito e autocontrole para não soltar suas risadas histéricas bizarras quando nervosa, Kamala se apresentou como alguém bem diferente do que foi nos últimos anos. Segundo ela, seus valores não mudaram, apenas algumas posturas. Traduzindo: ela precisa ser dissimulada para o eleitor moderado não a conhecer de verdade, não enxergar sua essência, pois certamente ficaria assustado. É puro teatro, farsa grotesca, mas inegavelmente há muita gente que ainda cai nessa ladainha.

Kamala Harris, candidata democrata, rebate Donald Trump, candidato republicano, durante debate presidencial organizado pela ABC na Filadélfia, Pensilvânia (10/9/2024) | Foto: Brian Snyder/Reuters

Com a evidente ajuda dos “moderadores”, que tentavam acuar Trump e proteger Kamala, a candidata democrata elogiou os pequenos negócios, colocando-se como uma grande capitalista e ignorando que seu atual governo toma inúmeras medidas contrárias a esses empreendedores; saiu em defesa de Israel, enquanto todos sabem que a ala radical do Partido Democrata, da qual ela faz parte, tem defendido medidas do interesse do grupo terrorista do Hamas; e ainda negou que tem a intenção de desarmar o povo, alegando que tanto ela como seu vice possuem armas.

É por isso que tudo soa tão fake na esquerda. As feministas se calam quando o abusador é um esquerdista; os ambientalistas desaparecem quando o recorde de queimadas ocorre no governo socialista; os movimentos raciais ignoram negros conservadores

Ficamos assim, então: Kamala Harris é capitalista, pró-armas e pró-Israel, quer maior controle nas fronteiras para impedir a imigração ilegal, não é favorável ao aborto sustentado pelo governo federal em qualquer fase da gravidez e ama o legado da América, que quer ver mais forte no mundo. É basicamente uma… republicana! E nenhum dos “entrevistadores” rebateu qualquer dessas novas posturas incoerentes, além de permitirem várias denúncias falsas contra Trump. É um jogo sujo, e o papel da velha imprensa está cada vez mais visível para o público em geral.

Donald Trump e Kamala Harris, durante debate presidencial organizado pela ABC na Filadélfia, Pensilvânia (10/9/2024) | Foto: Brian Snyder/Reuters

Historicamente, a esquerda sempre precisou enganar para avançar, pois sabe que suas ideias são radicais, vão contra os valores básicos do povo. É preciso “empurrar a história”, acreditam os iluminados e ungidos “progressistas”. E, como o povão é ignorante demais para compreender toda a visão holística da esquerda, então é necessário mentir, ludibriar, repetir aquilo que os incautos desejam ouvir, para tomar o poder e depois, em nome do povo, praticar sua revolução silenciosa. A eleição, para essa gente, não passa de um truque, uma fraude, um instrumento para o poder.

É por isso que tudo soa tão fake na esquerda. As feministas se calam quando o abusador é um esquerdista; os ambientalistas desaparecem quando o recorde de queimadas ocorre no governo socialista; os movimentos raciais ignoram negros conservadores proeminentes; e a turma LGBT finge que não existem gays do outro lado. É a “tirania da visão”, da qual fala Thomas Sowell. Na visão estética de mundo, basta se dizer esquerdista para parecer “do bem”, para mergulhar numa “vibe” de autocongratulação, em busca do “feel good sensation”. Quem liga para os resultados?

thomas sowell
Thomas Sowell, economista e filósofo americano | Foto: Divulgação

Aí, na hora da eleição, escondem sua real agenda e aparentam mais moderação. Uma vez com o poder nas mãos, podem tocar sua verdadeira agenda nefasta. O esquerdismo virou basicamente uma estratégia para manipular e enganar alienados e trouxas. E não faltam otários no mundo. Nem malandros…

Leia também “A coragem do jovem Nikolas”

8 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    O problema maior é o povo, com uma parcela que ainda cai no conto do vigário desta turma comunista.

  2. Robson Oliveira Aires
    Robson Oliveira Aires

    Disse tudo Constantino. Não sei como ainda tem gente que acredita nesses “progressistas”, “iluminados”, “salvadores do mundo”. Uma lástima.

  3. Mildon Lopes dos Santos
    Mildon Lopes dos Santos

    Excelente artigo, se encaixa perfeitamente no lula, PT e seus satélites, que mudam totalmente na época das eleições. São todos democratas e querem o melhor para o povo. Puro engano.

  4. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    A esquerda é igualzinha em todo ocidente. Um comportamento dissimulado, mentiroso e contraditório. Achando que os outros seres humanos que não são políticos são incapazes e indiotas

  5. Vinicius Freitas
    Vinicius Freitas

    Parabéns Contantino! Lá e cá picaretas e pilantras há.

  6. NILSON OCTÁVIO
    NILSON OCTÁVIO

    Sobre a eleição em São Paulo: entre o certo (a mesmice) e o duvidoso (Marçal), fico com o duvidoso.

  7. Marcio Cruz
    Marcio Cruz

    Quem apoia o Marcal contribui para dividir a lideranca do Bolsonaro.
    O ex-presidente tem uma boa hidtoria.
    O outro, apoio de blogueiros (suspeitamemente financiados…)

  8. Marcio Cruz
    Marcio Cruz

    Lamentamos, mas a reprodução de conteúdo desta página não é permitida. Excelente artigo do Roberto Motta na revista Oeste, desta semana.
    Discorre sobre a eleição em SP.
    Baixamente diz numa parte do texto:
    “…em 2020 o Bolsonaro apoiou o Marcelo Crivella para a prefeitura do Rio .
    Crivella não era considerado um legitimo político de direita. Por isso, muitos Bolsonaro listas não votaram nele. Resultado, o Eduardo Pars foi eleito.
    O que aconteceu em 2020 no Rio com Crivella , eventualmente, pode acontecer com Ricardo Nunes , em 2024

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