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Mercado Livre se torna uma das maiores varejistas on-line e ultrapassa Magazine Luiza e Casas Bahia | Foto: Shutterstock
Edição 236

Mercado Livre atropela a concorrência

E mais: a 'invasão chinesa', os juros em alta, a Embraer global e os US$ 26 bilhões do turismo

Carlo Cauti
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O Mercado Livre está apostando cada vez mais em seu crescimento no Brasil, que já representa a maior fatia de seus negócios. O gigante varejista argentino anunciou a construção de 11 novos centros de distribuição (CDs) em território brasileiro até o final de 2025. Com isso, as infraestruturas logísticas do Mercado Livre passariam de dez para 21 no país.

O objetivo dessa expansão é aumentar a velocidade de entrega dos produtos, permitindo que cheguem em até 24 horas em todos os principais centros urbanos do Brasil.

A empresa está se preparando para se tornar a maior varejista on-line do Brasil em termos de capacidade de armazenagem, superando grandes nomes como Magazine Luiza e Casas Bahia.

O Mercado Livre já é o maior varejista do Brasil em termos de vendas totais, superando o Carrefour Brasil, com vendas brutas que alcançaram R$ 33 bilhões no último trimestre.

Empresa mais valiosa da América Latina

Em agosto, o Mercado Livre se tornou a companhia mais valiosa da América Latina, superando a Petrobras, que tradicionalmente ocupava o topo do ranking.

A empresa está voando em direção aos US$ 100 bilhões em valor de mercado, ante os menos de US$ 90 bilhões da Petrobras.

Centro de distribuição do Mercado Livre, onde robôs trabalham
Robôs auxiliam o Mercado Livre a reduzir em 20% o tempo de entrega | Foto: Vinicius Stasolla/Mercado Livre

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Indústria alerta para ‘invasão chinesa’

Os industriais brasileiros estão lançando um alerta sobre uma possível “invasão de produtos chineses” que poderia prejudicar a economia nacional.

As lideranças industriais que compõem o grupo Coalizão Indústria manifestaram preocupação com a negociação de um acordo de livre comércio entre Mercosul e China. A iniciativa é encabeçada pelo Uruguai, desde julho presidente pro tempore do Mercosul.

Para os empresários, a possível invasão de produtos chineses poderia colocar em risco investimentos na ordem de R$ 825,8 bilhões.

Em entrevista a Oeste, o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Plásticos (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, explicou que “a China tem um excesso produtivo, um mercado interno que não absorve esses bens por causa da desaceleração econômica do país. Por isso, está tentando escoar esses produtos para outros mercados. Europa, Estados Unidos e outros países estão elevando barreiras alfandegárias. O que o Brasil vai fazer?”.

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Governo gastão, juros nas estrelas

A taxa básica de juros (Selic) vai continuar subindo nos próximos meses e deverá chegar a 12,5% até março do ano que vem. Essa é a previsão que começou a aparecer nos relatórios dos principais bancos brasileiros e internacionais.

O descontrole dos gastos públicos, especialmente com programas sociais, está alimentando a inflação e obrigando o Banco Central (BC) a elevar as taxas de juros.

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Alerta sobre contas públicas

A agência de classificação de risco Fitch divulgou em relatório que a economia brasileira demonstra força. Mas isso não reduz a incerteza fiscal.

Para a Fitch, o forte crescimento do Brasil pode ser, em parte, resultado da posição fiscal frouxa, e será mais difícil atingir as metas fiscais nos próximos anos.

O banco britânico Barclays diz que o ceticismo do mercado está relacionado a um compromisso fraco do governo para estabilizar efetivamente a dívida pública.

Segundo o BTG Pactual, o aumento do diferencial de juros de longo prazo entre Brasil e EUA é provocado por preocupações crescentes com as contas públicas brasileiras.

O banco salientou em relatório que há dúvidas sobre o cumprimento das regras fiscais em 2025, especialmente porque o Orçamento do ano que vem enviado ao Congresso está excessivamente dependente de fontes de receitas incertas e não foram anunciadas alterações estruturais nas despesas.

Além disso, segundo o BTG, existe um risco significativo para 2026, último ano do mandato de Lula, pois em anos eleitorais as despesas tendem sempre a aumentar, entrando em choque com as regras fiscais.

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Embraer conquista o mundo

A Embraer prossegue em seus planos de expansão global. A fabricante de aviões brasileira terá um Centro de Serviços Autorizado na região da Ásia-Pacífico para manutenção, reparo e serviços de revisão para a família de aeronaves E-Jets E2. A sede será na cidade de Clark, nas Filipinas.

Além disso, a empresa anunciou a expansão de sua rede de serviços de manutenção, reparo e revisão (MRO, na sigla em inglês) nos EUA, a fim de apoiar a crescente frota também de E-Jets.

A Embraer vai inaugurar um novo centro de serviços próprio no Aeroporto Perot Field Alliance, em Fort Worth, no Texas. Por último, a empresa estaria muito próxima de ganhar a disputa para fornecer até 80 aviões para a Força Aérea Indiana.

Para aumentar ainda mais suas possibilidades, a Embraer assinou uma parceria com a indiana Mahindra e sugeriu criar uma linha de produção do C-390 no país asiático caso a aeronave seja selecionada.

Além do Brasil, outros seis países já assinaram contratos de compra do C-390: Portugal, Holanda, Áustria, Hungria, República Tcheca e Coreia do Sul.

Embraer pretender encerrar o ano de 2022 com 19 mil funcionários | Foto: Embraer/Divulgação
Embraer anunciou a expansão de sua rede de serviços de manutenção, reparo e revisão | Foto: Embraer/Divulgação

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BTG de olho nas fortunas tropicais

O BTG Pactual comprou a multifamily office Greytown Advisors. A empresa, sediada em Miami, é voltada para clientes de altíssima renda na América Central.

A operação faz parte da estratégia de expansão global do banco brasileiro, que já tem R$ 45 bilhões sob gestão em seus negócios de multifamily office, com escritórios no Brasil, Chile, Europa e EUA.

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WEG de olho na energia elétrica

A WEG aumentará sua capacidade de produção de transformadores no Brasil, investindo R$ 543 milhões. Os investimentos até 2026 será em plantas já existentes nos Estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

O objetivo desse aporte é atender à demanda das concessionárias de energia elétrica do Brasil e de países vizinhos.

Em dezembro do ano passado, a WEG já tinha anunciado investimentos de R$ 1,2 bilhão para a expansão da capacidade de produção de transformadores no Brasil, México e Colômbia.

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Gringos gastam mais no Brasil

De janeiro a agosto de 2024, os turistas estrangeiros movimentaram mais de R$ 26 bilhões no Brasil. Um valor 10% superior ao mesmo período do ano passado e o maior valor dos últimos 29 anos.

No período, o Brasil recebeu mais de 4,4 milhões de turistas internacionais. É um aumento de 10,7% em comparação ao mesmo período de 2023.

Segundo os dados divulgados pelo Banco Central, somente no mês de agosto os estrangeiros que transitaram pelo Brasil gastaram mais de R$ 3 bilhões.

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Rafael Costa, diretor comercial da Embalixo | Foto: Divulgação

Embalixo quer conquistar os EUA

Fundada há 20 anos como pequena fábrica familiar, a Embalixo se tornou o maior produtor do Brasil de sacos para lixo, investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e se preparando para conquistar o mercado dos Estados Unidos.

“Queremos tirar o plástico do mar e produzir sacos de lixo recicláveis com esses resíduos”, explica a Oeste Rafael Costa, diretor comercial da Embalixo.

O executivo afirma que a inovação é algo fundamental na empresa e que, graças ao desenvolvimento de novos produtos, é possível também conquistar novos clientes que até então simplesmente não compravam sacos de lixo.

“Conseguimos desenvolver uma linha de sacos para lixo com repelente que afasta o mosquito da dengue. Foi uma revolução e um sucesso imediato, especialmente em um período de alta nos casos da doença”, diz Costa.

Fundada em Campinas (SP), a Embalixo chegou aos R$ 360 milhões de faturamento em 2023, uma alta de 22% em relação a 2022, com uma margem Ebitda de 38%.

Confira os melhores trechos da entrevista.

Como a Embalixo se tornou o gigante que é hoje?

Iniciamos em 2004 como uma pequena empresa familiar e com todos os clássicos problemas: sem caixa, com maquinários usados, sem organização etc. Mas não queríamos ser apenas uma empresa produtora de sacos de lixo. Queríamos inovar e basear nossa atividade na sustentabilidade. Naquela época, as pessoas nem usavam a expressão “saco para lixo”, falavam “saco de lixo”. Então foi um começo bastante complicado. Escolhemos o caminho mais difícil, de não produzir apenas um saco preto, mas tentar usar o que existe de melhor para fazer um produto que está caindo no gosto dos clientes. Com muito trabalho e investimento em tecnologia, também começamos a lançar produtos diferenciados no Brasil. Criamos uma área de pesquisa e desenvolvimento interna onde investimos cerca de 4% do faturamento. E patenteamos dezenas de itens, desde a linha de sacos antibacterianos, passando pelo primeiro saco antiviral, na época da pandemia de covid-19, até uma linha repelente, que afasta moscas e mosquitos, inclusive o da dengue, entre outros.

O brasileiro entendeu a importância de usar um saco de lixo próprio para descartar seus resíduos?

Nosso maior concorrente é o saquinho de supermercado, que em muitos lugares ainda é entregue de graça. Mas cada vez mais os brasileiros estão percebendo que esse produto não é adequado para o descarte de lixo. Após a pandemia, com as pessoas ficando mais em casa, percebemos uma alta na demanda de sacos para lixo até mesmo nas classes C, D e E, que normalmente não eram nossos clientes. Agora, até os brasileiros mais humildes estão comprando sacos para lixo. Com esses produtos e essa forma de trabalho, brincamos que não temos consumidores, temos fãs.

Vocês estão envolvidos em projetos de sustentabilidade em parceria com a ONU. Qual é o objetivo?

Queremos contribuir para retirar o plástico dos mares e das praias brasileiras. Para isso assinamos o projeto Blue Keepers, iniciativa do Pacto Global da ONU para preservação dos oceanos. Segundo dados da ONU, todos os anos cerca de 8 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos oceanos. Nosso objetivo é formar catadores para retirar plástico de mares e praias, pagando mais do que o dobro do mercado pelo quilo do material. Vamos investir R$ 50 milhões nos próximos três anos na reciclagem de plástico oriundo dos mares. E estimular cooperativas de catadores-mergulhadores em parceria com ONGs do litoral, principalmente de São Paulo. Com esse plástico reciclado, vamos produzir novas sacolas. Além disso, vamos construir mais uma usina de reciclagem ao lado da fábrica de Hortolândia (SP), para reciclar até mil toneladas de plástico.

Vocês são líderes do mercado brasileiro. Existem planos para uma expansão internacional da empresa?

O mercado brasileiro ainda tem muito para crescer, mas a Embalixo é muito voltada para o que há de melhor no mundo. Hoje, a tecnologia de ponta no setor de sacos para lixo está nos EUA. Nosso projeto é abrir uma fábrica em território americano até 2026. Isso porque, no momento, o Brasil não é competitivo para exportar, por causa da forte concorrência de polímeros vindos da Ásia. Mas lá dentro o jogo muda. E é lá que queremos jogar.

Leia também “A Faria Lima já trabalha com o dólar a R$ 6”

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