No outono de 1929, os preços das ações nos Estados Unidos atingiram níveis que não podiam ser justificados por antecipações razoáveis de lucros futuros. Como resultado, quando uma série de acontecimentos menores levou a descidas graduais dos preços, em outubro desse mesmo ano, os investidores perderam a confiança, e a bolha do mercado de ações estourou. Foi a quebra mais devastadora do setor na história do país, principalmente ao se consider a duração e seus efeitos posteriores.
O mercado esteve gravemente instável nos dias que antecederam o crash. Havia muita especulação financeira, crédito desregulado e uma falsa sensação de prosperidade. A Grande Depressão está principalmente associada ao dia 24 de outubro de 1929, conhecida como Black Thursday (Quinta-Feira Negra) — o dia em que o mercado abriu 11% abaixo do fechamento do dia anterior e o pânico causou a maior liquidação de ações da história dos Estados Unidos, na qual 12 milhões de ações foram colocadas à venda. A Quinta-Feira Negra ganhou relevância por ser o primeiro dia do crash de Wall Street e o marco do começo da crise.
Cinco dias depois, no dia 29, conhecido também como Terça-Feira Negra, houve outra baixa, e os investidores negociaram cerca de 16 milhões de ações na Bolsa de Valores de Nova York em um único dia.
Os três principais bancos da época eram o Morgan Bank, o Chase National Bank e o National City Bank of New York. Reunindo um fundo de US$ 750 milhões, compraram ações para tentar restaurar a confiança nos mercados. No final do pregão, o Dow Jones Industrial Average (DJIA) — principal indicador dos movimentos do mercado americano — se recuperou um pouco, fechando em queda de 2%, em 299,47 pontos.
Muitos investidores, tanto institucionais como individuais, contraíram empréstimos ou se alavancaram fortemente para comprar ações, e a crise que começou na Quinta-Feira Negra eliminou-os financeiramente, levando à falência generalizada dos bancos. Milhares de pessoas perderam instantaneamente todo o seu patrimônio. Isso, por sua vez, tornou-se o catalisador que levou os Estados Unidos à Grande Depressão da década de 1930. A crise espalhou-se pelo mundo como um efeito dominó, e vários outros países entraram em recessão.
Embora o pânico nas negociações da Quinta-Feira Negra tenha alimentado mais pânico nos dias subsequentes, a queda do mercado de ações de 1929 foi, na verdade, causada por vários fatores. Eles incluem excesso de produção em vários setores, recessão agrícola, especulação desenfreada (ou o medo dela), uso generalizado de margem para comprar ações, aumento da volatilidade dos ativos financeiros, quedas bruscas de preços, regulamentação incipiente de empresas de serviços públicos e um aperto cada vez maior da oferta de moeda pelo Federal Reserve (Fed).
Em 1933, durante o governo de Franklin Delano Roosevelt, foi colocado em prática um plano de recuperação econômica conhecido como New Deal, baseado nas ideias do economista inglês John Maynard Keynes. De acordo com o plano econômico, o governo americano passou a controlar os preços e a produção das indústrias e das fazendas, além de executar obras públicas para acelerar a criação de empregos.
O New Deal trouxe resultados positivos e conseguiu alcançar os objetivos. Em dez anos, houve recuperação da economia americana ao patamar econômico anterior ao de 1929, apontam os estudos. Mas novas crises nos anos 1970 levaram os métodos intervencionistas do New Deal a ser questionados, o que abriu espaço para ideias neoliberais.
A quebra do mercado de ações de 1929 teve um resultado construtivo: desencadeou uma revisão completa da indústria de valores mobiliários dos Estados Unidos. A agência reguladora do mercado americano (U.S. Securities and Exchange Commission — SEC) foi estabelecida, e novos regulamentos substanciais foram introduzidos por legislação, como o Securities Act de 1933 e o Securities Exchange Act de 1934.
Nos últimos anos, a Quinta-Feira Negra passou a ter uma conotação mais positiva. Tornou-se um apelido carinhoso para o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. Muitos varejistas ficam abertos nessa data, em uma tentativa de antecipar as compras frenéticas da Black Friday — e competir com lojas on-line e sites de comércio eletrônico cada vez mais populares.
No caso da Black Friday, o termo “black” refere-se à tinta preta tradicionalmente usada para registrar lucros pelos contabilistas, enquanto a tinta vermelha era usada para registrar perdas.
Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
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Muito bom.
Uma fotografia de Lula ladrão acusando a falência do povo brasileiro seria atualíssima
Muito boa, mas eu esperava que fosse uma foto do Wladimir Herzog, assassinado em 25 de outubro de 1975.
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