A eleição de Trump deixou muita gente satisfeita na Faria Lima. Pena que ninguém tenha coragem de falar isso abertamente, por medo da patrulha ideológica que assombra o distrito financeiro de São Paulo.
Alguns grandes nomes do mercado já começam a admitir privadamente esse sentimento. Outros dão sinais públicos: “Trump tem uma visão melhor que Kamala”, declarou André Jakurski, um dos gestores mais renomados do Brasil. “Ele acredita no capitalismo. As políticas dos republicanos certamente serão melhores que as dos democratas.”
Euforia entre os gestores que investem nos EUA
O entusiasmo é muito forte entre os analistas e gestores que operam fundos com exposição ao mercado americano.
“Já começou o Trump-trade”, diz um gestor de um importante fundo especializado em investimentos internacionais. “E as Bolsas de Valores de Nova York já estão eufóricas. Isso é ótimo para quem comprou ações americanas nos últimos meses.”
Além disso, um real desvalorizado representaria um ganho a mais para esses fundos: além de lucrarem na alta das ações, ganhariam com o câmbio.
Mas o maior motivo de comemoração na Faria Lima para a eleição de Trump é a pressão que o governo brasileiro já começou a sentir para dar uma guinada nas contas públicas.
Eleição de Trump obrigará Lula a cortar gastos
A eleição de Donald Trump vai impor ao governo Lula que implemente medidas de corte de gastos mais rapidamente e com valores mais elevados do que o Planalto gostaria.
Segundo Luiz Cherman, economista sênior para o Brasil do Itaú BBA, a vitória de Trump coloca pressão no governo Lula para entregar um pacote de corte de gastos maior do que os R$ 50 bilhões previstos.
Entretanto, o banco acredita que essa pressão não será suficiente para superar as resistências internas da ala política. Por isso, a expectativa é de um pacote de cortes por volta de R$ 30 bilhões.
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Rombo não para de crescer
As contas públicas se afundam cada vez mais em um vermelho profundo.
Segundo dados do Tesouro Nacional, o governo central registrou déficit de R$ 5,3 bilhões em setembro. No acumulado do ano, o rombo foi de R$ 105,2 bilhões.
Somente a Previdência representou quase um quarto desse total, com déficit primário de R$ 26,2 bilhões. As despesas não param de subir, e registraram uma alta real de 1,4% em setembro, na comparação anual.
Não cortou, dólar subiu
Só que o problema, nesse caso, seria a reação do mercado. E do dólar.
Segundo o Itaú BBA, um pacote de R$ 30 bilhões poderá levar o dólar a um patamar entre R$ 5,50 e R$ 5,70.
Caso o governo decida cortar ainda menos, por exemplo, R$ 20 bilhões, o dólar poderá disparar para R$ 6.
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Dívida pública brasileira ganha incerteza
Para o Bradesco, a vitória de Trump vai adicionar uma camada de incerteza à dinâmica da dívida pública brasileira.
Segundo os analistas do banco, os juros internacionais tenderão a aumentar, e o dólar deverá se reforçar frente ao real.
Por isso, segundo o Bradesco, o pacote de ajuste fiscal ganha ainda mais importância.
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Criptoativos na mira do Banco Central
O Banco Central está prestes a regular os criptoativos.
O Congresso aprovou lei sobre o tema em 2022. No ano passado, um decreto designou o Banco Central como órgão responsável pela regulamentação.
Os criptoativos são considerados pelos funcionários do BC como um instrumento à margem do sistema financeiro, e que por isso deve ser regulamentado.
Um dos maiores problemas seria limitar as transações cross-border, ou seja, entre países. É muito mais fácil realizar transações cross-border com criptoativos do que com outros instrumentos de pagamento.
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Todo mundo quer um carrinho
As vendas de veículos registram melhor outubro em uma década, com alta de 21,7% na comparação anual.
Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), no mês passado foram vendidos 264,9 mil veículos no país. O melhor resultado da última década.
Na comparação com setembro, houve alta de 12,1% nos emplacamentos.
No acumulado do ano, o crescimento das vendas de veículos zero quilômetro chega a 15%, com 2,12 milhões de unidades licenciadas.
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Após incêndio no Brás, comerciantes procuram a Feira da Madrugada
Após o recente incêndio que atingiu o Shopping 25 de Março, no Brás, na região central de São Paulo, muitos comerciantes começaram a procurar a Feira da Madrugada para voltar à ativa.
O local, que é fruto de uma parceria público-privada com a Prefeitura de São Paulo, já recebeu 290 empreendedores atingidos pela tragédia.
Para auxiliar na recuperação dos negócios afetados, a Agência de Fomento do Estado de São Paulo está oferecendo uma linha de crédito emergencial.
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São Paulo atrai investidores
Desde o começo do ano o Estado de São Paulo já conseguiu arrecadar mais de R$ 300 bilhões em concessões com a iniciativa privada. E o objetivo é atrair mais R$ 420 bilhões e superar a marca de meio trilhão em 2026.
A Sabesp, considerada a “joia da coroa”, representou boa parte desse montante, com R$ 260 bilhões. Mas outros projetos, como o Trem Intercidades (TIC) até Campinas, o Lote Litoral Paulista e a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), também representaram um ganho para o Estado.
O governo espera que esses investimentos gerem mais de 50 mil empregos diretos e indiretos com novas estradas e transporte ferroviário.
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Latam registra resultados positivos
A companhia aérea Latam registrou uma alta de 7,6% em suas receitas operacionais no terceiro trimestre de 2024, alcançando US$ 3,3 bilhões.
A empresa teve um lucro líquido de US$ 301 milhões no período, chegando a US$ 705 milhões no acumulado entre janeiro e setembro.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de US$ 828 milhões, com uma margem ajustada de 25,2%. A geração de caixa foi de US$ 157 milhões no período.
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EDP se prepara para evitar apagões
A EDP, distribuidora portuguesa de energia elétrica operante no Brasil, anunciou que vai investir R$ 5 bilhões até 2030 e está se preparando para evitar apagões nas cidades atendidas.
Atualmente, a empresa atua em 28 municípios do Estado de São Paulo, entre os quais Guarulhos, Alto Tietê, Vale do Paraíba e Litoral Norte.
O objetivo é minimizar os impactos provocados pelos eventos climáticos cada vez mais extremos e recorrentes.
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Para se manter competitivo, Brasil precisa mudar suas fontes de energia elétrica
A indústria brasileira está se tornando cada vez menos competitiva. E grande parte dessa situação é provocada pelo custo elevado da energia elétrica.
“A indústria brasileira vem pagando um preço muito alto nas últimas décadas. É cada vez mais difícil produzir no Brasil. A energia que usamos é muito cara, e isso deve mudar”, explica em entrevista a Oeste Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).
Segundo Roscoe, o Brasil produz energia barata, mas ela encarece até chegar ao consumidor por causa dos elevados encargos e carga tributária. “E o produto que chega importado não tem esses encargos”, explica. “Ai a concorrência se torna desleal.”
Confira os principais trechos da entrevista com o presidente da FIEMG.
O que fazer para reduzir o custo da energia no Brasil?
Nossa proposta é substituir as fontes de energia elétrica não renováveis por renováveis até 2035. Isso contribuiria para reduzir significativamente o custo da energia, impulsionando a competitividade e produtividade do Brasil. Um estudo que produzimos na FIEMG mostra que o preço médio da energia fornecida por fontes renováveis, como hidrelétrica, solar, eólica e biomassa, é 59,6% mais baixo. A economia com a substituição de fontes de energia elétrica não renováveis por renováveis, por exemplo, seria de R$ 30,4 bilhões por ano, com uma redução de 20,4% no custo total com energia. Uma medida como essa também ajudaria a cumprir a meta brasileira de redução de 53% das emissões de gases de efeito estufa.
Como fazer isso na prática?
Simplificando o processo de licenciamento ambiental. Por exemplo, no setor hidrelétrico, temos uma grande quantia de centrais hidrelétricas ao fio d’água que poderiam ser construídas rapidamente. Todas com impacto mínimo, e que poderiam substituir as termelétricas. Até 1994 o Brasil tinha 97% de sua energia elétrica vindo de hidrelétricas. Por que paramos de construir essas centrais? Seriam necessárias duas ou três grandes hidrelétricas para regular as maiores bacias, como a do Rio São Francisco, e em Furnas, e o resto seriam estruturas menores. As hidrelétricas têm uma importância econômica e social. Municípios com hidrelétricas apresentam indicadores de desenvolvimento superiores aos que não possuem esse tipo de empreendimento. Uma hidrelétrica gera aumento da produtividade, o que leva ao crescimento da produção e dos investimentos, e à geração de emprego e renda. Isso seria muito mais barato, eficiente e ambientalmente sustentável. As hidrelétricas emitem 35 vezes menos CO₂ do que uma termelétrica. O custo é menor, e o fornecimento poderia ser complementado por energia eólica e solar. Seria uma produção energética considerada firme. Mas isso tudo enfrenta lobbies poderosos. Principalmente dos donos das centrais térmicas. Hoje o Brasil comete um crime ambiental em nome do meio ambiente.
O governo Lula está trabalhando para essa mudança ou está indo em direção oposta?
O governo está dando sinais ambíguos para a indústria. De um lado, diz querer reindustrializar o Brasil. Do outro, aumenta a carga tributária que cai especialmente sobre o setor industrial. Por exemplo, acabando com os subsídios fiscais. Só isso tem um impacto negativo maior do que todas as outras medidas positivas anunciadas. A indústria não está voltando no Brasil por causa dessa ambiguidade. Sem contar que, com as contas públicas no vermelho, a taxa de juros fica estruturalmente mais alta. Pois é preciso pagar um prêmio de risco para a dívida pública. Dessa forma, fica impossível realizar investimentos. E não é um problema só do empresariado brasileiro. As multinacionais que vêm operar no Brasil sofrem com as mesmas dificuldades. Portanto, é o ambiente econômico que está cada vez mais nocivo e hostil. No final, só favorece quem trabalha com exportação de commodities.
Mas um dólar forte não ajuda a indústria, aumentando as exportações?
O dólar valorizado traz um alento. É algo positivo para a indústria brasileira, retirando parte da perda de competitividade por causa do custo Brasil. Mas a pergunta é se ele vai ficar nesse patamar por muito tempo. Nossa competitividade se baseia em projetos e estratégias de longo prazo. Não é possível trabalhar com essa volatilidade. Sem contar que a indústria trabalha com exportação, mas também com importação. Portanto, um dólar mais alto acaba encarecendo nossa atividade produtiva.
Leia também “Gringos já trabalham com dólar a R$ 6,50”
Ótima coluna.
Esse Carlo Cauti acredita no IBGE? Ou ele é esquerdista dissimulado?
Pois é Erasmo, essa história de que as vendas de carros estão aumentando, batendo recordes de vendas… sei não viu, tá parecendo propaganda do governo.