Omer Bigger, que vive em Amsterdã e é funcionário de uma empresa de high-tech, chegou cedo ao estádio Johan Cruijff Arena para assistir à partida de futebol entre a equipe israelense Maccabi Tel-Aviv e o time local, Ajax. Para seu espanto, alguns policiais, ao perceberem que ele era israelense, o abordaram e, sem explicação, o conduziram para fora. O mesmo aconteceu com outros torcedores ao seu redor que, como ele, eram facilmente identificáveis como israelenses. Bigger teve tempo, no entanto, de perceber que o estádio contava com um forte policiamento. Dirigiu-se a contragosto até uma estação de metrô para voltar para casa. No caminho, percebeu a presença de vários grupos de homens que falavam entre si em árabe demonstrando uma certa “agitação”, segundo ele. Ali já não havia nenhum policial à vista.
Assim que a partida terminou, Bigger começou a receber dezenas de mensagens de WhatsApp de amigos que saíam do estádio: eles gritavam que estavam sendo perseguidos por árabes na rua. Os torcedores israelenses foram perseguidos por hordas em fúria, armados com bastões e facas, durante toda a noite. Muitos foram linchados sob gritos de “free Palestine“.
Enquanto os ataques aconteciam, com a quase completa conivência da força policial, o governo de Israel emitiu um comunicado para os cerca de 3 mil turistas israelenses a passeio na cidade pedindo que se dirigissem ao aeroporto (todos os seus cidadãos em viagem ao exterior são registrados no Aeroporto Ben Gurion). No dia seguinte, enviou aeronaves da aviação civil para resgatá-los.
Nas cenas gravadas pelos próprios terroristas com câmeras GoPro, a exemplo do que fez o Hamas durante a invasão ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, veem-se as vítimas sendo agredidas mesmo depois de perder a consciência. Em uma delas, um homem grita “não me machuquem, não sou judeu”. Outro oferece dinheiro e implora por sua vida. Naquela noite, cinco pessoas foram hospitalizadas, e outras dezenas, atendidas com diferentes graus de ferimento. Toda a comunidade judaica internacional vivenciou um brutal sentimento de déjà vu.
Segundo a descrição das vítimas, a cena foi um revival da Noite dos Cristais, pogrom realizado em várias cidades alemãs, austríacas e na região do Sudetos (ex-Tchecoslováquia), nos dias 9 e 10 de novembro de 1938. Nesses dias, 1,2 mil sinagogas foram destruídas, milhares de estabelecimentos judaicos foram vandalizados, 91 judeus foram mortos, e 30 mil, presos. Esse evento foi um aviso do que o nazismo reservava aos judeus europeus.
O ataque, no entanto, não surpreendeu Bigger. “Atualmente, quando abro as cortinas de minha casa, vejo bandeiras palestinas penduradas nas janelas dos meus vizinhos. Sinto que se tornou perigoso para mim viver aqui e penso que, se todos nós nos sentirmos assim, chegaremos à conclusão de que o único lugar seguro para os israelenses é Israel. Esse é um pensamento assustador.”
Policiais antissemitas
As forças de segurança de Israel detectaram a ameaça dias antes e avisaram a polícia local — mas nada foi feito além do reforço do policiamento no próprio estádio. “As forças de segurança holandesas poderiam cancelar o evento ou realizá-lo sem público”, observa a somali Ayaan Hirsi Ali, ex-parlamentar na Holanda, ativista política e uma das principais vozes no mundo contra o Islã fundamentalista, especialmente no tocante aos direitos das mulheres. “Também poderiam reforçar a segurança nas ruas ou, caso não se julgassem capazes de tanto, pedir ajuda ao governo israelense. Mas todas essas opções são diplomaticamente constrangedoras — e, assim, simplesmente não agiram”
Há um agravante que enfraquece as forças de segurança de Amsterdã: a maior parte dos policiais da cidade são descendentes de imigrantes muçulmanos, os quais vivem dentro de uma cultura antissemita. “Eles são mais leais à sua ideologia do que à instituição a que servem, com a anuência da Constituição holandesa”, segundo Ayaan. De fato, a maioria dos relatos dos israelenses atacados cita a “ineficiência” da polícia local.
O mais chocante, no entanto, é entender que o pogrom poderia ter ocorrido em muitas cidades da Europa Ocidental — e não há quase nada capaz de impedir que algo assim volte a acontecer.
A jihad silenciosa
O pensamento liberal da Europa Ocidental é marcado pela leitura equivocada dos violentos eventos protagonizados nas últimas três décadas no continente, uma vez que vincula o fenômeno do jihadismo a questões materiais: a tese é de que ele é resultado da desigualdade social. No entanto, “muçulmanos, em diferentes países do mundo, não massacram cristãos, judeus ou hindus porque eles são mais ricos, mas porque eles não são muçulmanos”, acredita o jurista belga Drieu Godefridi. “Esse clash de civilizações é de origem religiosa, um tema que o Ocidente achou, há muito tempo, que não tinha mais espaço na atualidade”.
Hoje, França, Alemanha, Holanda, Bélgica e Suécia são os países que abrigam as maiores comunidades islâmicas da região, as quais vivem em uma espécie de sociedade paralela. Sua vertente mais radical prega o fim dos valores ocidentais e põe em prática a estratégia de uma jihad (“guerra santa”) silenciosa. “Eles se assentam no país sem se integrar à sociedade, ingressam no processo democrático e, assim que alcançam uma massa crítica demográfica, usam a força — o que, talvez, nem se faça necessário”, afirma Ayaan. “O que vimos em Amsterdã foi uma manifestação de sua confiança nos números.”
Em resumo: o pogrom em Amsterdã foi simplesmente o resultado de décadas de política equivocada.
A ocupação da Europa
Parece inacreditável, mas os últimos dados demográficos oficiais sobre essa população datam de 2016, o que demonstra uma aparente desconexão das autoridades europeias com a realidade que vivem hoje. Naquele ano, por exemplo, a Inglaterra contava com 4,1 milhões de muçulmanos, a França, com 5,7 milhões, e a Alemanha, com 5 milhões. A demografia estimada para 2050 é impressionante, mesmo em um cenário de portas fechadas e zero imigração: viverão, em 2050, 6,6 milhões de muçulmanos na Inglaterra, 8,6 milhões na França, e 6 milhões na Alemanha, segundo estimativa do think tank americano Pew Research Center. A situação vai ficar ainda mais grave caso as políticas de imigração não sejam alteradas imediatamente: a porcentagem de muçulmanos residindo na Europa Ocidental aumentará de 4,9% em 2016 para 14% em 2050.
Os resultados da política de fronteiras abertas já são sentidos no Velho Continente há décadas. Há uma longa lista de atentados terroristas brutais que foram conduzidos por forças jihadistas nas últimas décadas em diferentes cidades europeias, a exemplo de Munique, Berlim, Manchester, Barcelona, Bruxelas, Nice e Londres. “A Europa está sentada sobre um barril de pólvora e precisa acordar antes que seja tarde demais”, declarou nesta semana o ministro da Diáspora e do Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli. Segundo um relatório de seu ministério, os países que enfrentam o maior crescimento de casos de antissemitismo são justamente a Inglaterra, a França e a Alemanha.
‘Um jihadista em cada esquina’
Ainda usando o exemplo da situação na Holanda — a qual reflete a de outros países europeus —, a percepção da mudança que acontecia no país cresceu após o ataque às Torres Gêmeas de Nova York, em setembro de 2001, quando massas de imigrantes e seus descendentes celebraram o atentado publicamente. Esse evento gerou fortes discussões no país e dividiu a opinião pública. Enquanto o governo creditou a manifestação à falta de integração, outros defenderam uma ação imediata que exigisse que essa população assumisse os valores locais ou deixasse o país. “Essa ideia, no entanto, foi vista como racista e eurocêntrica, e fomos derrotados nesse debate”, conta Ayaan.
Essa preocupação também está na agenda americana, e o presidente recém-eleito promete atuar para combater a islamização que ocorre também nos Estados Unidos. Em uma apresentação realizada na sede do Republican Jewish Coalition, grupo judaico de apoio aos republicanos, Donald Trump afirmou que adotará o que ele chama de ideological screening para todos os imigrantes. “Se você odeia a América, quer acabar com Israel ou simpatiza com jihadistas, não queremos você em nosso país. Não seremos como a Europa, com um jihadista em casa esquina”, declarou, lembrando que “os mesmos radicais que arrancam dos postes pôsteres de reféns israelenses são aqueles que gritam ‘morte à América’”.
Suécia islâmica
A brasileira Thatiana Bekin, dona da agência de viagens Israel by Thati, em Israel, recebeu nesta semana uma nota do governo solicitando que os israelenses em viagem à Europa não participem de eventos esportivos e não usem nenhum tipo de objeto que os identifique como judeus (como solidéu ou Estrela de Davi), entre outras recomendações. “Ou seja, pediram que escondamos que somos judeus ou israelenses. Meus clientes têm evitado viajar para a Europa desde outubro de 2023, mas isso ficou mais forte agora. Eu já não divulgo propaganda de pacotes para lá. Tenho viagem marcada para Berlim em dezembro. Mas vou? Não sei”, diz. Segundo a agente, seus passageiros evitam conexões em Paris, enquanto outros têm optado pela Ásia como destino. “Especialmente o Japão, onde sabidamente não existem mesquitas.”
Um dos maiores conhecedores da cultura muçulmana em Israel, o jornalista especializado em Oriente Médio Zvi Yehezkeli tornou-se conhecido depois de gravar uma série documental intitulada Sob Falsa Identidade. O fato de ele falar fluentemente o árabe, sem sotaque, permitiu que personificasse um simpatizante da Irmandade Muçulmana — organização islâmica radical fundada em 1928 e considerada a precursora do fundamentalismo islâmico contemporâneo — e circulasse entre seus adeptos livremente por meses, coletando imagens e informações para sua série. “Eles dizem claramente: a ocupação do Ocidente será feita sem guerra e silenciosamente por meio da infiltração e da subversão.”
Embora países como Inglaterra e França estejam mais em evidência quando o tema é islamização, a Suécia é outro exemplo de transformação. Segundo o Pew Research, o crescimento demográfico muçulmano ali é impressionante: de 8% em 2016 eles deverão representar 31% em 2050. O fenômeno de guetorização dessas comunidades resultou na criação de áreas denominadas “no go” pelas polícias locais. Londres, Paris, Estocolmo e Berlim estão entre as cidades europeias com o maior número dessas áreas sem lei — aproximadamente 900 (em 2016), segundo um dossiê divulgado pelo governo húngaro. Essas áreas apresentam alta taxa de desemprego, especialmente entre os jovens. Ali, a lei local foi substituída pela Sharia (lei religiosa islâmica) — a qual defende a poligamia, recomenda a amputação de membros por roubo e condena à pena de morte quem abandona o Islã. A economia nessas áreas é movida principalmente pelo tráfico de drogas.
Na entrevista que concedeu em 11 de novembro a uma rádio israelense, Zvi Yehezkeli se mostrava pessimista. “A Europa chegou a um ponto sem retorno. Durante a produção de minha série, oito anos atrás, um adido militar francês me disse: ‘Você acha que não sei que a Irmandade Muçulmana estabeleceu um Estado dentro do nosso Estado? Ou que as leis da Sharia são aplicadas nos subúrbios de Paris? Nosso país foi pelo ralo’.”
No distrito de Rosengaard, localizado na cidade de Malmö, na Suécia — onde 25% da população é muçulmana —, os bombeiros não entram sem proteção policial, e a taxa de desemprego chega a 80%. O país, aliás, tornou-se um paraíso para eles: segundo uma declaração do imã (líder religioso) local, Adly Abu Hajar, “a Suécia é o melhor Estado islâmico europeu”.
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Há cerca de 20 anos, li pixações de muros em Paris, que diziam ” a Europa será muçulmana”.
Incrível como um país de primeiro mundo como a Holanda, e uma cidade como Amsterdam permitem barbaridades como esta para todo mundo ver.
Esse é o resultado de fronteiras abertas sem qualquer avaliação de riscos.
Nas últimas décadas entrou de tudo na Europa, principalmente muçulmanos jihadistas do Oriente Médio e da África que não vieram em busca de oportunidades, mas para impor suas crenças e costumes totalmente divergentes do modelo ocidental.
Recomendo a leitura de um livro simples e pequeno. Submissão de Roland Jaffe, é uma distopia sobre o poderio islâmico na europa. Nossos filhos vão ter que escolher entre uma ditadura comunista ou o islã.
Esses europeus não têm vergonha na cara. Essas pestes tão calejado de enfrentar regimes genocidas como nazismo e comunismo e permitem que os Árabes entrem clandestinamente em seus países pra praticar terrorismo contra sua própria nação. Quem entende um comportamento desse?
Soberbo, triste e preocupante ao mesmo tempo.
Soberbo, triste e preocupante ao mesmo tempo.
O texto está fora de enquadramento e não está sendo possível a leitura.
O texto está fora de enquadramento e não está sendo possível a leitura.
Lamentável o renascimento dessa “hidra” na Europa ocidental. Aqui no Brasil sem o mínimo de controle das fronteiras, com um governo de esquerda e uma impressa demasiadamente “oficial” para não denunciar o avanço desses grupos. O que será que estão armando?
Aos que podem, aproveitem os poucos anos que restam, pois o planeta Terra já era!! A educada e bela civilização ocidental bem que resistiu uns séculos, mas enfim deixou-se sucumbir à barbárie – por abraçar a união da ideologia esquerdista com a ideologia muçulmana. Foi bom enquanto durou!
O que irá conter e reverter esse quadro se chama EUA com a administração republicana, começará agora com Trump e se fortalecerá nos próximos anos.