A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) parece estar disposta a barrar a todo custo a entrada de novas empresas no setor rodoviário. A Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), entidade que reúne as empresas de transporte rodoviário já consolidadas, teria realizado uma série de reuniões internas nos últimos dias para tentar paralisar as operações de novos entrantes no mercado, como a Buser e a FlixBus.
Segundo fontes internas do setor, o objetivo é atuar já neste ano para bloquear a concorrência. Algo que impactaria as viagens de centenas de milhares de passageiros durante as férias de Natal e Ano-Novo.
Oeste teve acesso a documentos da Operação Lava Jato que registram conversas entre o dono e o diretor-executivo de uma das maiores empresas do setor e membro relevante da Abrati, sobre uma articulação para barrar a entrada de novos membros. Os acordos discutidos naquela ocasião parecem estar se materializando.
Histórico de empecilhos
Não é a primeira vez que a ANTT atua no final do ano com o objetivo de criar dificuldades para novas empresas.
Na última sessão de 2023, ocorrida no dia 21 de dezembro, já durante o recesso do Judiciário e do Congresso, a agência criou uma série de medidas polêmicas. Entre elas, o bloqueio temporário de empresas (sem o devido processo de defesa) e o controverso marco regulatório do transporte interestadual, que desrespeita decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU), além de recomendações do Ministério Público Federal para dificultar ainda mais a concorrência.
Desta vez, a ideia seria criar dispositivos para tornar o modelo dessas empresas ilegal. Sempre no apagar das luzes de Brasília.
Vitória da Buser
Por sua vez, a Buser, startup de fretamento de ônibus que quer deixar o transporte rodoviário brasileiro mais barato e competitivo, obteve mais uma vitória judicial na batalha travada contra as grandes operadoras de ônibus.
O Tribunal de Justiça de São Paulo julgou improcedente ação movida pelo grupo Empresas Reunidas Paulista de Transportes contra a Buser e outras empresas de fretamento, sob a acusação de concorrência desleal.
Segundo a Justiça paulista, o modelo de fretamento colaborativo, promovido pela plataforma Buser, está em conformidade com a Lei Federal n° 12.587, de 2012, que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana, exigindo cadastro prévio dos usuários em plataformas.
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Os gringos desistiram do Brasil
Os grandes bancos de investimento internacionais perderam a paciência com o governo Lula e decidiram desistir do Brasil. Deram a seus clientes a indicação de se livrar das ações brasileiras.
Quem começou esse movimento foi o banco de investimento Morgan Stanley, que rebaixou sua recomendação do Brasil para underweight (“abaixo da média”, na tradução do inglês), termo técnico usado para indicar venda aos clientes.
Segundo o banco americano, tudo dependerá da capacidade do governo brasileiro de convencer os mercados sobre a estabilidade das contas públicas.
“O Brasil permanece em um impasse fiscal que provavelmente necessitará de um ponto de virada”, escreveram os analistas do Morgan Stanley em relatório.
Outro banco que recomendou a seus clientes que saiam do Brasil foi o Goldman Sachs. Para a instituição financeira, o Brasil já estava como underweight havia semanas, mas nos últimos dias seu pessimismo parece ter aumentado.
Segundo o Goldman, a taxa Selic permanecerá elevada por causa do descontrole das contas públicas, com queda no valor das ações e riscos para os lucros das empresas, em um contexto de desaceleração do crescimento e política monetária mais apertada.
Nos últimos 90 dias o Ibovespa perdeu 8% de seu valor. Os investidores estrangeiros já sacaram mais de R$ 32 bilhões da Bolsa de Valores brasileira desde o começo do ano.
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Real ainda vai sofrer
O banco suíço UBS alertou: a moeda brasileira ainda vai sofrer frente ao dólar.
Segundo o UBS, até a metade de 2025 o dólar continuará se fortalecendo, “o que traz um vento contra o real por um período mais prolongado”.
Para o banco suíço, o mercado aguarda o pacote de gastos do governo federal para entender melhor qual será o cenário para os próximos anos. Enquanto Haddad não fala, o dólar continua subindo.
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Investidores brasileiros também perdem a paciência
Além dos investidores estrangeiros, o mercado financeiro brasileiro está começando a dar sinais de nervosismo com o pacote de corte de gastos que nunca chega.
Postergado para depois do G20, a medida de revisão das contas públicas deverá ser apresentada nos próximos dias pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Caso contrário, o mercado vai estressar. O dólar vai superar R$ 6 até o final do ano, o Ibovespa vai continuar sofrendo”, explica um gestor de um fundo multimercado.
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Mercado aguarda o pior
Um sinal claro da falta de confiança com a atuação do governo são os leilões dos títulos da dívida pública brasileira.
Mesmo com a rentabilidade prefixada alcançando o inacreditável patamar de IPCA+7% (mesmo nível da época do impeachment da presidente Dilma Rousseff), os compradores só querem papéis pós-fixados.
“Ninguém sabe até onde vai a Selic. Se o governo continuar gastando nesse patamar e o real continuar se desvalorizando frente ao dólar, a inflação vai continuar pressionando. E o Banco Central deverá subir mais a Selic. O mercado atua de consequência”, diz o gestor.
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Assessores de investimento pedem socorro: ‘Está tudo horrível’
Quem está sentindo na pele a situação complicada do mercado são os assessores de investimento, que não conseguem vender mais produtos para seus clientes.
“Está tudo horrível. Ninguém quer comprar mais nada que não seja renda fixa. Com uma Selic desse tamanho, não existem ações na Bolsa brasileira com uma rentabilidade tão elevada”, explica uma assessora sênior de um tradicional banco brasileiro.
As corretoras estão tentando contornar o problema vendendo produtos alternativos às ações, principalmente seguros, consórcios e debêntures.
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De volta à carroça?
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deu uma mensagem muito clara para a ala ambientalista do governo: não mexam com o petróleo.
Silveira disse que o Brasil só vai parar de exportar petróleo quando não houver demanda. E pediu maior “pragmatismo” em relação ao tema.
“Petróleo ainda é uma fonte energética global. Quem parar de produzir terá que ou andar de carroça ou importar, pagando mais caro. Não é o que vamos fazer no Brasil”, declarou, durante o G20.
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Gás importado de Vaca Muerta
Durante a cúpula do G20, Silveira também assinou um memorando de entendimento com o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, para garantir a importação de gás natural produzido na reserva de Vaca Muerta.
O documento prevê a criação de um grupo de trabalho bilateral para identificar as medidas necessárias para viabilizar a importação do gás natural argentino.
O governo brasileiro espera começar a importação com 2 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) no início de 2025, subir para 10 milhões de m³/dia nos próximos três anos, e alcançar 30 milhões de m³/dia até 2030.
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BNDES volta a financiar a Embraer
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltou a financiar a exportação de aviões militares da Embraer pela primeira vez em 13 anos.
O banco público de fomento decidiu financiar a venda de seis caças Super Tucano para a Força Aérea do Paraguai, por um valor de R$ 600 milhões.
O anúncio foi realizado durante a cúpula do G20, no Rio de Janeiro, para a qual o Paraguai foi convidado pelo Brasil.
No G20, Embraer e companhia da Indonésia assinaram memorando para colaboração na aviação comercial.
Durante a Cúpula do G20 e na presença dos chanceleres do 🇧🇷 e 🇵🇾, o BNDES e o governo do 🇵🇾 firmaram contrato de financiamento de R$ 600 mi para exportação de 6 aeronaves Super Tucano e pacote logístico da Embraer. É a 1ª operação de Defesa aprovada pelo Banco em mais de 13 anos. pic.twitter.com/PsIpWCOz14
— Itamaraty Brasil 🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) November 20, 2024
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Aviões brasileiros conquistam a Ásia
Ainda durante a cúpula do G20, a Embraer e a empresa aeroespacial Dirgantara Indonesia (PTDI) assinaram um memorando de entendimento com o objetivo de “expandir a colaboração na aviação comercial”.
A Embraer e a PTDI realizarão estudos conjuntos para avaliar oportunidades de parceria na aviação comercial, em áreas como engenharia e fornecimento de aeroestruturas.
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JBS da Amazônia
O Fundo JBS pela Amazônia e o Banco da Amazônia assinaram um acordo de cooperação técnica para facilitar a aplicação de recursos do Programa Nacional para o Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) no sudeste do Pará.
O acordo prevê levantar até R$ 90 milhões para dar acesso a crédito a 1,5 mil pequenos produtores do Estado.
O recurso deve ser usado para desenvolver pecuária sustentável e agricultura regenerativa para agricultores familiares, a princípio, em Novo Repartimento, Pacajá e Anapu, na transamazônica paraense.
Leia também “O PCC já chegou à Faria Lima”
Aloizio Mercadante assinando contrato de 600 milhões de reais. Imagine a ”lisura” desta venda. Eita Brasil véio de guerra!
JBS na Amazônia? Provavelmente financiando os terroristas do MST.
Este governo ao qual o senhor pertence Sr. Ministro Silveira é inconsequente, incapaz e não vai controlar nada.
A Vaca está literalmente Morta!
E outra coisa: De Carroça os brasileiros entendem, é só olhar nas ruas.
Os nossos Carros, além de muito caros, estão cada vez mais distantes da Classe Média.
É preciso ter clareza sim nas políticas públicas, coisa difícil de acontecer neste governo.
Temos de acabar com o protecionismo no Transporte Público de Passageiros. Têm muitas empresas com péssimos serviços, ônibus ruins, sem condições de rodarem, quebrando e deixando a população nas mãos, ao Deus dará!
Pela continuidade sim da BUSER e FLIXBUS que realmente beneficiam o consumidor. Aí me vêm os “órgãos de controle e fiscalização” para atrapalharem!
Que sejam ampliados esses serviços para o bem do consumidor que não pode andar de Avião e nem tampouco de Carro! Ou de Caroças.
excelente, mas será que BUSER e FLIXBUS querem operar uma ligação entre Vargito(BA) e Guanambi(BA)? Acho que não, né. Só querem ligar Rio a São Paulo, ou seja, … só o que dá lucro … muito lucro … É linda esta concorrência disruptiva !!! Pena que a conta não fecha … pra sociedade pelo menos …
E o senhor acha melhor então que o governo interfira nessa questão, sr. Paulo? Tenha a santa paciência né.
E assim, vamos afundando o barco.