Alguns líderes ocidentais ainda se chocam com o maior atentado terrorista da história de Israel, quando 1,2 mil pessoas foram mortas em 7 de outubro de 2023. Esses mesmos líderes agora fizeram críticas explícitas ao Tribunal Penal Internacional (TPI) pela recente decisão de mandar prender o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa Yoav Gallant.
Mas até mesmo Joe Biden sabe que não há equivalência entre as ações dos terroristas e as do governo de Netanyahu. O Hamas tem o objetivo declarado de acabar com o Estado de Israel e utiliza civis como escudo humano. Israel, por sua vez, exerce o direito de defesa. Não há como dizer que são dois combatentes iguais.
A decisão do TPI — um dos órgãos das Nações Unidas (ONU) — é mais uma das que se inserem na lista de posições controversas da organização global que, nas últimas décadas, tem se revelado um órgão partidário e ideológico.
Enquanto a ONU alega defender os direitos humanos, está intrinsecamente ligada a ditaduras cruéis; enquanto garante apoiar os direitos femininos, senta-se ao lado de regimes que perseguem mulheres e as prendem (e matam) por mostrarem o cabelo; enquanto tem como lema apoiar a paz, congratula-se com governos e grupos que promovem ataques injustificados.
Criada depois da Segunda Guerra Mundial para atuar na prevenção de novos conflitos, a ONU se viu envolvida nos últimos anos em uma série de escândalos. Vão desde o abuso sexual por membros de suas tropas contra mulheres de países africanos e do Haiti até denúncias de assédio e violência contra suas próprias funcionárias. As denúncias não foram concretamente investigadas por envolverem membros do alto escalão, como revela o documentário The Whistleblowers: Inside the UN, de 2022, da BBC.
Recentemente, descobriu-se que dezenas de funcionários da agência para refugiados da Palestina, a UNRWA, são membros do Hamas. Alguns deles, inclusive, atuaram no ataque de 7 de outubro. Nas escolas mantidas em Gaza, os professores da UNRWA ensinam as crianças a odiarem Israel e a se tornarem “combatentes” do Hamas. Ou seja: a mesma ONU que condena Netanyahu pela guerra com o Hamas tem membros… do Hamas.
Tribunais da morte
A conivência com regimes autoritários não para por aí. Sob a liderança do socialista português António Guterres desde 2017, a ONU convidou Irã e China para serem membros do Conselho de Direitos Humanos. Depois das eleições fraudadas por Nicolás Maduro em 2018, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução que parabeniza a “vontade política demonstrada pelo governo da República Bolivariana da Venezuela” em cooperar com a ONU. E ainda condena os países que impuseram sanções contra a ditadura de Maduro.
Em maio deste ano, Guterres, presidente da Internacional Socialista entre 1999 e 2005, também lamentou profundamente a morte do ex-presidente do Irã, Seyyed Ebrahim Raisi, conhecido como “Carniceiro de Teerã”. Raisi morreu em maio em um acidente de helicóptero. A Assembleia Geral da ONU chegou a prestar homenagem a Raisi. Ex-procurador do sistema judiciário do Irã, o xiita linha-dura tem em seu currículo participação nos chamados “tribunais da morte” que autorizavam assassinatos em massa.
Outra amostra de como a ONU lida com direitos humanos é o fato de ditaduras como Cuba, China e Kuwait fazerem parte do seu Conselho de Direitos Humanos. “O conselho raramente responsabiliza os violadores dos direitos humanos se eles são poderosos ou influentes no sistema da ONU”, afirmou Brett Schaefer, pesquisador sênior no Margaret Thatcher Center for Freedom, da Heritage Foundation. “A hipocrisia é típica do Conselho de Direitos Humanos. Quase metade das resoluções condenatórias aprovadas pelo conselho em sua história se concentra em Israel.”
Agenda woke, aborto e ‘linguagem neutra’
A hipocrisia da ONU também fica evidente em sua postura a favor do ambientalismo radical. A organização chama qualquer estudo que confronte os dados do IPCC (a agência de “mudanças climáticas” e “aquecimento global”) de “negacionista”.
Na COP29, por exemplo, o anfitrião Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão, resolveu expor essa contradição e defendeu, em alto e bom som, a continuidade da exploração de combustíveis fósseis. A despeito do alarmismo climático da ONU, petróleo, gás e carvão representam 81,5% do uso primário de energia no mundo, simplesmente porque disso depende a sobrevivência — especialmente nos países pobres.
Para além da geopolítica e do meio ambiente, a ONU deu uma guinada abertamente “progressista” em 2015, ao redigir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a conhecida Agenda 2030, que promete criar um paraíso na terra. A cartilha passou a ser adotada por todas as instituições progressistas do mundo, inclusive o atual governo do Brasil.
A postura woke da ONU ficou evidente durante a pandemia de covid-19, quando sua agência para a saúde, a OMS, recomendou o isolamento social e lockdowns ao redor do mundo. Um tuíte no perfil oficial da ONU deixou clara a posição woke: “A pandemia está demonstrando o que todos nós sabemos: milênios de patriarcado resultaram em um mundo dominado pelos homens, com uma cultura dominada pelos homens que prejudica a todos”, escreveu a ONU.
Também naquela época, no auge da pandemia, a ONU defendia uma linguagem neutra para um mundo mais igualitário. “O que você diz importa”, diz um tuíte da ONU, com uma lista de palavras — que têm em sua formação termos masculinos como “man” ou “lord” — que deveriam ser substituídas.
Recentemente, uma das agências da ONU, a WIPO, de Propriedade Intelectual, decidiu seguir à risca o conselho de 2020 e mandou seus funcionários não usarem palavras “sexistas”. “Inglês” (“Englishman”) deve ser substituída por “pessoa inglesa” (“English person”); parteira (“midwife”), por “assistente de parto” (“birth attendant”); “lenhador” (“lumberjacks”), por “cortador de lenha” (“wood chopper”); e “homens das cavernas” (“cavemen”), por “morador das cavernas (“cave dweller”).
Soa parecido com “pessoas grávidas”, “pessoas que menstruam” e “leite humano”, expressões já introduzidas em serviços progressistas ao redor do mundo. Toby Young, fundador da Free Speech Union, foi certeiro: “Foi exatamente sobre isso que George Orwell nos alertou. Proibir certas palavras e frases para promover uma ideologia política dogmática é uma marca registrada do totalitarismo”.
De alguma forma a ONU já usa uma nova linguagem — não exatamente a chamada linguagem neutra, mas uma linguagem eufemística — na agenda 2030. Ao defender o aborto legal e irrestrito em todo o mundo, a organização não usa esse termo, sensível a muitas pessoas. Mas fala em direitos reprodutivos das mulheres.
O professor de Relações Internacionais Elton Gomes explica que a postura globalista da ONU — com perspectiva de diminuir ou suprimir as soberanias nacionais — vem se firmando desde a redação da Agenda 2030 e se consolidou justamente em meio à pandemia de covid-19. “A partir daquilo, pelo medo e pela exacerbação da crise, houve um ambiente muito propício para legitimar esse tipo de ideia. Essa agenda avançou muito.”
O Superestado acima dos Estados nacionais
Intelectuais esquerdistas começaram a se infiltrar em instituições de alcance internacional para difundir, a partir de dentro, a ideologia do que se chama de esquerda identitária. Ela “tem várias ramificações, como o ecossocialismo, identidade de raça, de gênero, uma ideologia que advoga a favor de elites econômicas internacionais e instituições supranacionais, que promovem uma espécie de relativização da soberania do Estado”.
Esses burocratas, explica Gomes, “passaram a ocupar postos muito importantes, a ter poder de agenda, a ser capazes de definir os rumos das políticas dessas organizações. Eu sempre recomendo aos meus alunos que vejam a trajetória dos líderes, dos secretários-gerais, dos diretores de organizações especializadas, como FAO, Cepal, Unesco, Unicef. Com alguma frequência, o perfil do sujeito é de um militante comprometido com a causa X ou Y, que acaba se transformando em um burocrata extremamente poderoso”.
Essa nova ordem da ONU é “muito centrada em elites econômicas internacionais e instituições supranacionais, que promovem uma espécie de relativização da soberania do Estado, e essas pessoas passaram a ocupar postos muito importantes, a ter poder de agenda”, alerta o professor Elton Gomes. Na prática, a ONU tem criado, de fato, um Superestado acima dos Estados nacionais.
Recentemente, Nigel Farage, defensor do Brexit e deputado no Parlamento do Reino Unido, fez duras críticas à OMS, que tenta aprovar um tratado que ampliaria seus próprios poderes em caso de nova pandemia. “Esta é uma organização muito perigosa: eles querem que a Grã-Bretanha e outros países assinem seu ‘Tratado de Lockdown’, que lhes daria o poder de nos trancar em qualquer pandemia futura — sem o consentimento do povo britânico”, afirma Farage. O tratado ainda não foi finalizado. “A Organização Mundial da Saúde é como a União Europeia. Os burocratas que a administram nunca foram eleitos, desperdiçam bilhões do nosso dinheiro e querem controlar nossa vida.”
Leia também “O declínio da agenda woke”
O prédio d ONU foi executado por 10 arquitetos e o projeto final foi baseado nas propostas de Oscar Niemeyer e Le Corbusier. Um brasileiro conhecido por suas posições comunistas embora morasse no Leblon e sorvia vinhos finos.
Le Corbusier tem na sua biografia passagens pelo fascismo, anti-semitismo e eugenia.
A sede da organização nascendo pelas mãos de comunistas, nunca terá um comportamento imparcial.
São parasitas de nível mundial. Assim com na OMS, da saude.
Ótimo artigo !
O que eles mascaram como progresso e igualdade nada mais é do que uma prisão para a liberdade e soberania dos povos
Com a ascensão da informação descentralizada e distribuída pelas redes sociais, os burocratas temem que as populações dos países fiquem conscientes da inutilidade de organizações como ONU. Desta forma, tentam concentrar mais ainda o poder como forma de garantir seus polposos salários.
Uma pergunta: os países democráticos, avançados em todos os aspectos, de economia forte são adeptos destas baboseiras que a ONU prega???Existe obrigatoriedade, em algum aspecto, pertencer ou não à ONU???Não conheço nada que preste feito pela ONU, independente das baboseiras faladas ou colocadas nas cabeças do povo de cada país. A próxima pergunta é simples: porque pertencer à ONU??? Para dar contribuições financeiras para parolagens. Acordem países livres, democráticos, avançados em todos os aspectos e financeiramente dependentes de seu próprio trabalho e de seu próprio povo – saiam desta organização. Simples.
Um retrato claro, preciso e conciso do que é a ONU atualmente. Não é de hoje que essa nefasta organização vem promovendo essa agenda “progressista”, que de progressista não tem nada, uma organização que se veste de freira e é uma vagabunda de terceira categoria. Torço para que o Donald Trump deixe de financiar essa agência do globalismo e que o sigam presidentes patriotas, como Milei, e que o exemplo que viessem a produzir resultasse no fim melancólico dessa organização, para o bem da humanidade e, particularmente, da civilização ocidental.
ONU virou cabide de emprego para esquerdistas.