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Uma vista mostra um pôster danificado do presidente sírio Bashar al-Assad em Aleppo, depois que o exército sírio disse que dezenas de seus soldados foram mortos em um grande ataque de rebeldes que invadiram a cidade, na Síria, em 30 de novembro de 2024 | Foto: Reuters/Mahmoud Hassano
Edição 247

Imagem da Semana: a derrocada do regime Assad

Mais de 50 anos de governo sanguinário da família Assad na Síria ruíram depois de uma ofensiva liderada por uma coalizão rebelde

Daniela Giorno
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Em um dos maiores pontos de virada para o Oriente Médio em gerações, o governo de Bashar al-Assad na Síria derreteu da noite para o dia. No último domingo, 8, rebeldes sírios tomaram a capital, Damasco, depois de 13 anos de guerra civil — que teve início com a repressão implacável de Assad aos protestos pró-democracia em 2011, no auge da Primavera Árabe — e cinco décadas de brutalidade e autocracia da dinastia fundada pelo pai, Hafez al-Assad. O avanço dos insurgentes fez com que o ditador fugisse para a Rússia.

O principal comandante rebelde, Abu Mohammed al-Golani, discursa para uma multidão na Mesquita Ummayad, em Damasco, depois que os rebeldes sírios anunciaram a derrubada do presidente Bashar al-Assad (8/12/2024) | Foto: Reuters/Mahmoud Hassano
Facções rebeldes tomaram com sucesso o controle da cidade de Aleppo, Síria, em 30 de novembro de 2024, depois de intensos confrontos e batalhas com as forças do regime de Assad | Foto: Rami Alsayed/NurPhoto/Shutterstock
Combatentes rebeldes na cidade de Aleppo, depois do anúncio da expulsão de Bashar al-Assad, na Síria (9/12/2024) | Foto: Reuters/Karam al-Masri

Fotografias e vídeos mostram sírios derrubando a estátua de Hafez al-Assad e ateando fogo em seu túmulo. Cartazes do pai e do filho foram pisoteados e destruídos em todo o país. Ao amanhecer, prisioneiros recém-libertados correram pelas ruas de Damasco eufóricos. Famílias reunidas choraram de alegria, e pessoas foram vistas saqueando residências oficiais, incluindo o Palácio Presidencial Al-Rawda, onde descobriram um estilo de vida extremamente luxuoso, contrastando com a pobreza e a simplicidade do povo sírio. Cerca de 70% da população vive abaixo da linha da pobreza.

Estátua derrubada do ex-presidente sírio Hafez al-Assad, na cidade de Hama, após o avanço de grupos rebeldes sírios liderados por Hayat Tahrir al-Sham (7/12/2024) | Foto: Juma Mohammad/Images Live via Zuma Press Wire/Shutterstock
Um homem sobe em uma escultura do sultão Pasha al-Atrash, guerreiro druso que liderou uma revolta contra o domínio francês em 1925, depois que uma bandeira da oposição síria foi colocada nela (8/12/2024) | Foto: Reuters/Stoyan Nenov
Um homem pisoteia um cartaz de Bashar al-Assad, depois que rebeldes sírios anunciaram a expulsão do ditador da Síria (10/12/2024) | Foto: Reuters/Amr Abdallah Dalsh
Pessoas se reúnem enquanto membros do grupo de defesa civil sírio, conhecido como Capacetes Brancos, procuram prisioneiros no subsolo da prisão de Sednaya, depois que rebeldes tomaram a capital e anunciaram que o presidente Bashar al-Assad havia sido deposto (9/12/2024) | Foto: Reuters/Amr Abdallah Dalsh

Na residência dos Assad, foram encontrados desde mobiliários, roupas e bolsas de grife até uma extensa coleção de automóveis (mais de 40). Entre os carros que aparecem no vídeo estão um Aston Martin Rapide 2011, Rolls-Royce Phantom, Mercedes-Benz Classe S500, W221 e AMG SLS, Audi R8 V10 e várias Ferraris: F4, F430 Spider, 355 F1 GTS e F50, considerado o mais caro de toda a coleção, avaliado em R$ 18 milhões. Apenas 349 unidades desse modelo foram fabricadas no mundo, entre 1995 e 1997. Há também jipes Toyota FJ Cruiser e Land Cruiser, um Land Rover Defender, Cadillac Escalade, Bentley Continental GT, Lamborghini Diablo 1991, Lamborghini LM002 e um Revcon Trailblazer, carro especial construído sobre uma picape Ford.

A queda do governo de Assad representa, também, o fim de um bastião do qual o Irã e a Rússia exerciam influência sobre todo o mundo árabe. A capacidade do Irã de espalhar armas para seus aliados ficou limitada e pode custar à Rússia sua base naval no Mediterrâneo.

Com centenas de milhares de mortos, cidades reduzidas a pó e uma economia esvaziada por sanções, a queda do governo e o fim da guerra civil abrem um período de incerteza na Síria. Ao mesmo tempo, pode permitir que milhões de refugiados espalhados por mais de uma década pela Turquia, Jordânia e pelo Líbano finalmente retornem para casa.

Pessoas tentam cruzar para o Líbano na passagem de fronteira de Masnaa, entre o Líbano e a Síria, depois que rebeldes sírios anunciaram a expulsão de Bashar al-Assad (9/12/2024) | Foto: Reuters/Mohammed Yassin

Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.

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