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Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Edição 248

Carta ao Leitor — Edição 248

A prisão do general Braga Netto e a prorrogação do inquérito do fim do mundo estão entre os destaques desta edição

Revista Oeste
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Neste sábado, 14 de dezembro, o general Walter Braga Netto foi preso pela Polícia Federal. Braga Netto foi interventor na Segurança Pública do Rio de Janeiro, chefe de gabinete e ministro da Defesa no governo Jair Bolsonaro, além de candidato a vice-presidente em 2022. Ele é acusado de tentar obstruir investigações sobre uma suposta tentativa de impedir a posse de Lula nas últimas eleições.

Supostamente, o general também teria tido acesso a uma sacola de vinho com dinheiro para financiar o golpe que nunca aconteceu. “Onde estaria o ‘dinheiro da sacola de vinho’?”, pergunta J.R. Guzzo no artigo de capa desta edição. Ele mesmo responde: “Não se sabe. E a sacola? Também não acharam. Quem deu o dinheiro a quem, quando e onde? Não se sabe. Quanto dinheiro havia na sacola? Não se sabe. Nada se sabe”.

O general que teria tentado apagar provas de um golpe imaginário é mais um exemplo dos personagens criados neste estranho Brasil. Guzzo destaca outros. Por exemplo, o golpista que não pôde cumprir a sua missão porque o táxi atrasou e a cabeleireira do batom inflamável. Há muitos mais.

Para continuar imaginando crimes e criando criminosos, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou por 180 dias o Inquérito nº 4.781, conhecido como inquérito do fim do mundo. O caso, marcado por irregularidades, completa seis anos em 2025 e, como ressalta Silvio Navarro, confere ao ministro poderes que atropelam os limites constitucionais. A inexistência de prazos e o caráter difuso das investigações permitem que Moraes continue destilando perversidade contra donas de casa septuagenárias, autistas, moradores de rua e enfermos.

O silêncio que domina na imprensa e entre políticos de esquerda com relação às arbitrariedades do Supremo é o mesmo que se escuta quando o assunto é a responsabilidade do governo na disparada do dólar — nunca antes vista na história deste país. 

Ana Paula Henkel lembra a histeria que contagiou esses grupos quando a moeda americana alcançou R$ 5 na gestão Bolsonaro. “Dólar superou os R$ 5 pela primeira vez”, escreveu Guilherme Boulos em dezembro de 2020. “Isso significa inflação, com aumento do preço dos produtos que tem insumos cotados em dólar.”

Nesta quinta-feira, o dólar atingiu perturbadores R$ 6,30. Pouco depois, Boulos escreveu no X: “Hoje é aniversário de um grande companheiro de luta. Parabéns, @antonionetopdt! Vida longa!”.

“Quando o jornalista se sente dono do fato, cai na tentação de noticiar o fato como ele gostaria que fosse; quando um ministro do Supremo se sente dono da Constituição, pode cair na tentação de apresentar a Lei Maior como ele acha que ela deveria ser”, observa Alexandre Garcia. “Isso pode ser fatal para a credibilidade do jornalista, ou para o devido processo legal, para as liberdades fundamentais e para a própria estrutura do Estado Democrático de Direito. 

Ditaduras frequentemente se caracterizam pela existência de presos políticos, censura, violações da Constituição e repressão às liberdades individuais. Para políticos, artistas, intelectuais, jornalistas e outros “formadores de opinião”, Bolsonaro montaria esse cenário a qualquer momento. Mas nada disso aconteceu durante o seu mandato. 

Todas essas práticas agora são predominantes. Mas as vozes da plateia continuam entoando a torpeza: “Sem anistia”.

Boa Leitura.

Branca Nunes,

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 248. Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
8 comentários
  1. Maerbal Azevedo Nunes p
    Maerbal Azevedo Nunes p

    Juízes de futebol

  2. Maerbal Azevedo Nunes p
    Maerbal Azevedo Nunes p

    Juízes de futebol

  3. Perecles Antônio Gonçalves Pacheco
    Perecles Antônio Gonçalves Pacheco

    Esses ministros do STF não servem não somente para ser juízes, mas não servem para operadores do Direito quaisquer, não só porque são ignorantes em matéria jurídica, mas porque não têm sobretudo o senso de razão moral. Eles não têm o a priori da intuição sensível do certo e do errado. Ora, quem não intui, antes mesmo do ato do entendimento da Ciência Jurídica, os elementos a priori da sensibilidade do certo e do errado não pode operar conceitos da ciência. Não é a Ciência Jurídica que me dá os elementos do certo e do errado. O certo e o errado são um a priori da sensibilidade; pré-existem em mim quando da compreensão e operação dos conceitos científicos.

  4. Teo Ferreira Radialista
    Teo Ferreira Radialista

    Só matéria top! O melhor jornal do Brasil

  5. Manoel Claudio Vieira
    Manoel Claudio Vieira

    Meses atras um dos ‘nossos’ iluministros quando questionado a respeito de sua decisão ser contraria a constituição se saiu com a seguinte expressão: ” é o espirito da lei” – Que se pode pensar a partir de uma resposta dessas ? Nesse vale tudo, qq coisa contra o pensamento comum é fake e….durma com um barulho desses

  6. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Vamos a leitura.

  7. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Por falar em provas cadê a autópsia do homem que suicidou-se em frente ao STF, com fogos de artifício?
    Essa esquerda brasileira tá precisando voltar à Grécia antes de Cristo pra ter umas aulas de retórica

  8. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Não importa o que dizem. As palavras de ordem que não vão ser caladas são Anistia ampla, geral e irrestrita.

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