— Feliz Ano Novo!
— Como assim?
— Ué? Feliz Ano Novo. Estou te desejando um Ano Novo feliz.
— Em que sentido?
— Bem… No sentido que for melhor pra você.
— Ah, então é um desejo genérico.
— Genérico? Estou desejando a você, não a qualquer pessoa.
— Ok, mas a felicidade que você está me desejando é genérica.
— Felicidade é felicidade.
— Não é, não. Há felicidades e felicidades. Se você não especifica, está mostrando que não sabe o que é felicidade pra mim.
— O importante é que você saiba.
— Tá vendo? Já se descomprometeu.
— Não é um comprometimento. É um desejo. Sincero.
— Desejo que você não sabe exatamente qual é? Isso não é desejo. É formalidade.
— Repito que o meu desejo de que você tenha um feliz Ano Novo é sincero. Acho que não cabe a mim determinar como será o seu ano. Espero que ele seja bom pra você.
— Ah, então o “feliz” já virou “bom”? Pelo visto seu desejo não é mais o mesmo…
— Desejo que o seu ano seja bom e que isso te faça feliz.
— Muito cômodo. Solta uma palavra de bondade e vira as costas.
— Não virei as costas.
— Mas vai virar. Assim que eu te agradecer, ou burocraticamente retribuir, você vira as costas. E eu que me vire com o meu “Ano Novo”.
— Você está dizendo que o meu voto de feliz Ano Novo não vale nada pra você? Tudo bem, posso retirar.
— Eu sabia que isso ia acontecer. Na primeira oportunidade, a “bondade” vira pó. Dá muito trabalho se ocupar com a felicidade alheia, né?
— Dá trabalho problematizar a felicidade.
— Estou te dando a oportunidade de tentar uma relação menos superficial com a ideia de felicidade e você responde com patada. É muito ódio.
— Eu só queria te desejar feliz Ano Novo.
— Ser feliz é muito relativo. Quem ama cuida. Quem se importa se envolve. Estamos diante de uma escalada preocupante de falta de empatia. Já te dei várias chances de provar que é empático e você não aproveitou nenhuma.
— Ok. Então você pode me ensinar a ser empático?
— Se você estiver realmente aberto a se modificar, tudo bem.
— Estou aberto. O que eu tenho que fazer?
— Posta no Instagram isso que você falou.
— “Feliz Ano Novo”?
— É.
— Só isso?
— Não. Me marca e coloca vários corações.
— Quantos corações? Meia dúzia?
— Melhor uma dúzia.
— Fechado.
— Feliz Ano Novo.
— Feliz Ano Novo.
Leia também “A última do Papai Noel”
Pensa num mundo chato este em que estamos vivendo, né não Fiúza? 🤣🤣🤣🤣. A propósito…um felicíssimo ano novo!
Pensa num mundo chato este em que estamos vivendo, né não Fiúza? 🤣🤣🤣🤣. A propósito…um felicíssimo ano novo!