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Ilustração: Shutterstock
Edição 249

Como ser feliz em 2025

'Posta no Instagram isso que você falou, me marca e coloca vários corações'

Guilherme Fiuza
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— Feliz Ano Novo!

— Como assim?

— Ué? Feliz Ano Novo. Estou te desejando um Ano Novo feliz.

— Em que sentido?

— Bem… No sentido que for melhor pra você.

— Ah, então é um desejo genérico.

— Genérico? Estou desejando a você, não a qualquer pessoa.

— Ok, mas a felicidade que você está me desejando é genérica.

— Felicidade é felicidade.

— Não é, não. Há felicidades e felicidades. Se você não especifica, está mostrando que não sabe o que é felicidade pra mim.

— O importante é que você saiba.

— Tá vendo? Já se descomprometeu.

— Não é um comprometimento. É um desejo. Sincero.

— Desejo que você não sabe exatamente qual é? Isso não é desejo. É formalidade.

— Repito que o meu desejo de que você tenha um feliz Ano Novo é sincero. Acho que não cabe a mim determinar como será o seu ano. Espero que ele seja bom pra você.

— Ah, então o “feliz” já virou “bom”? Pelo visto seu desejo não é mais o mesmo…

— Desejo que o seu ano seja bom e que isso te faça feliz.

— Muito cômodo. Solta uma palavra de bondade e vira as costas.

— Não virei as costas.

— Mas vai virar. Assim que eu te agradecer, ou burocraticamente retribuir, você vira as costas. E eu que me vire com o meu “Ano Novo”.

— Você está dizendo que o meu voto de feliz Ano Novo não vale nada pra você? Tudo bem, posso retirar.

— Eu sabia que isso ia acontecer. Na primeira oportunidade, a “bondade” vira pó. Dá muito trabalho se ocupar com a felicidade alheia, né?

— Dá trabalho problematizar a felicidade.

— Estou te dando a oportunidade de tentar uma relação menos superficial com a ideia de felicidade e você responde com patada. É muito ódio.

— Eu só queria te desejar feliz Ano Novo.

— Ser feliz é muito relativo. Quem ama cuida. Quem se importa se envolve. Estamos diante de uma escalada preocupante de falta de empatia. Já te dei várias chances de provar que é empático e você não aproveitou nenhuma.

— Ok. Então você pode me ensinar a ser empático?

— Se você estiver realmente aberto a se modificar, tudo bem.

— Estou aberto. O que eu tenho que fazer?

— Posta no Instagram isso que você falou.

— “Feliz Ano Novo”?

— É.

— Só isso?

— Não. Me marca e coloca vários corações.

— Quantos corações? Meia dúzia?

— Melhor uma dúzia.

— Fechado.

— Feliz Ano Novo.

— Feliz Ano Novo.

Ilustração: Roman Samborskyi/Shutterstock

Leia também “A última do Papai Noel”

2 comentários
  1. Carlos
    Carlos

    Pensa num mundo chato este em que estamos vivendo, né não Fiúza? 🤣🤣🤣🤣. A propósito…um felicíssimo ano novo!

  2. Carlos
    Carlos

    Pensa num mundo chato este em que estamos vivendo, né não Fiúza? 🤣🤣🤣🤣. A propósito…um felicíssimo ano novo!

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