Eram 15 horas do último dia 7 de setembro quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu quebrar seu silencioso inverno para fazer um pronunciamento à militância do Partido dos Trabalhadores e aos apoiadores que historicamente surfaram em sua trajetória política. Num vídeo gravado como típica peça de campanha eleitoral, o petista tentou resgatar a imagem de líder de massas, mas que a cada dia mais parece ter encerrado sua biografia na cela gourmet de Curitiba (PR).
Foram 23 minutos de ataques à gestão de Jair Bolsonaro — sem esconder o ressentimento com o antecessor, Michel Temer, ao falar em “governos que emergiram do golpe” —, mesclados com citações que hoje não ecoam mais nas fileiras de seu partido, porém, quiçá, nas falas rocambolescas de Ciro Gomes (PDT) ou na fúria juvenil de Guilherme Boulos (Psol). Frases como “abrir mão da soberania nacional”, “submissão aos interesses de Washington” e “uma escalada autoritária que faz lembrar os tempos sombrios da ditadura”. Sem números concretos nem propostas alternativas.
Uma tradução possível do discurso é a de que há uma percepção tardia do ex-presidente segundo a qual sua imagem não tem mais a mesma capilaridade desde a desastrosa passagem de Dilma Rousseff pelo Palácio do Planalto. Uma ilusão que ele mesmo alimentou e degenerou-se no pior pesadelo. O eleitorado petista minguou nas eleições municipais de 2016 e não se recuperou nas urnas no pleito seguinte, nem depois.
Estrela cadente
Há quatro anos, o PT amargou sua pior derrota em capitais desde 1985, quando emplacou pela primeira vez Maria Luiza Fontenele em Fortaleza (CE). Saiu das urnas com 254 prefeitos, ante 637 no pleito anterior — em números finais, o pior desempenho desde 2004, quando 410 faturaram. Nesses mesmos anos, o MDB se manteve com o maior número de prefeitos eleitos, sempre acima de mil.
Algumas derrotas, aliás, custaram a curar, como a de Fernando Haddad no maior colégio eleitoral do país, assim como a perda da hegemonia em todo o chamado cinturão vermelho metropolitano — além da capital São Paulo, foram reveses em São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá, Guarulhos, Carapicuíba, Embu das Artes e Osasco. Em suma, das nove máquinas municipais administradas nesse círculo pela sigla, restou só Franco da Rocha — uma cidade de pouco mais de 135 mil eleitores.
O lulismo também não triunfou no Nordeste naquele ano: perdeu uma das joias da sigla, a capital Recife (PE), um terreno pavimentado pelo PSB do ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em 2014, que ampliaria a fragmentação da esquerda na região. O saldo nas capitais restringiu-se à pequena Rio Branco (AC), no norte do país — na primeira eleição municipal com o PT na Presidência da República, foram nove (quatro na Região Norte, três no Nordeste e duas no Sudeste).
Em Brasília, o cenário não foi diferente. Na Câmara dos Deputados, hoje, a bancada é de 53 cadeiras — e pouquíssimos rostos com alguma expressão nacional. Quatro anos antes, eram 68, mas já foram 91 na onda lulista de 2002, que ficou marcada por líderes que davam as cartas até acabarem encarcerados como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha.
No Senado, hoje são apenas seis parlamentares, alguns com codinome na lista de propinas da Operação Lava Jato, vide o ex-governador da Bahia Jaques Wagner e o pernambucano Humberto Costa. Tudo muito distante da realidade que o país viveu na década passada no tapete azul de Ideli Salvatti (SC) e Aloizio Mercadante (SP).
A precarização dos quadros é uma realidade dura para o lulismo. Em São Paulo, o candidato da legenda à prefeitura, Jilmar Tatto, não só se frustrou sem o apoio do ex-presidente, que vê nele resquícios do “martismo” (Tatto foi afilhado político de Marta Suplicy, com quem Lula rompeu quando ela deixou a legenda), como nem sequer consegue uma aliança sólida para vice. Segundo analistas, a tendência é que Lula prossiga num apoio velado a Guilherme Boulos.
O cenário é idêntico em outras praças importantes onde o PT perdeu protagonismo para seus então satélites. No Rio de Janeiro, o Psol de Marcelo Freixo há anos supera o PT de Benedita da Silva — ou de Lindberg Farias na Baixada Fluminense. Em Porto Alegre, Manuela D’Ávila, do PCdoB, deve ser o nome da esquerda nas urnas.
“Lula é maior do que o PT, e o que ainda existe é justamente seu ativo nas classes de baixa renda. Haddad, por exemplo, era inexistente em 2018. Esse eleitorado não era do PT, mas valorizava os programas sociais que o Lula proporcionou. Porém, Bolsonaro está avançando nessa faixa da população. Há uma mutação no perfil de aprovação desse eleitorado, um movimento claro de quem votou no Lula e agora está considerando Bolsonaro”, afirma Mauricio Moura, CEO da consultoria Ideia Big Data, especializada em opinião pública, e pesquisador na Universidade George Washington.
“Se o novo programa de transferência de renda do Bolsonaro for eficaz, a aprovação dele vai subir ainda mais”, completa Moura. Não à toa, como mostrou a Revista Oeste em edição anterior, vários candidatos tentam colar sua imagem à do presidente.
Leia também a reportagem “O avanço no Nordeste”
Nas redes, a bolha é cada vez menor
A consultoria Bites, especializada em análise de dados, aferiu a performance de Lula em todas as redes sociais no Sete de Setembro. Nas 24 horas seguintes à postagem do vídeo, o petista publicou 34 mensagens e ganhou só 3 mil novos seguidores — tem 7,8 milhões no total.
Mas é no número de interações (curtidas, compartilhamentos, comentários e retuítes) — ou seja, com quem Lula deveria conseguir engajamento — que o retrato da perda de relevância fica evidente. O petista obteve 386 mil interações, com 34 mil compartilhamentos. Numa breve comparação com Jair Bolsonaro, que também foi às redes no Dia da Independência, foram 3,1 milhões, com 180 mil compartilhamentos.
De acordo com a análise, as buscas no Google pelo presidente foram duas vezes superiores às buscas por Lula, mesmo em antigos redutos eleitorais petistas, como o Nordeste.
“O lulismo foi um fenômeno analógico que não está acontecendo no digital. O discurso que considerou ser histórico ficou preso numa bolha, não houve fluxo de opinião. Esse espaço da esquerda no meio digital, aliás, está desocupado”, avalia Manoel Fernandes, diretor-geral da Bites.
Desde então, Lula tem intensificado sua presença nas redes sociais, especialmente no Twitter, plataforma favorita do rival Bolsonaro. Nas publicações, contudo, ele parece ainda estar à procura de um norte: comemorou a saída do procurador Deltan Dallagnol da força-tarefa da Lava Jato, criticou a operação da PF em que seu advogado Cristiano Zanin foi alvo de mandado de busca e apreensão e a alta no preço do arroz e falou sobre a condenação do ex-colega mandatário do Equador Rafael Correa. Mas quase nada parece dar resultado.
Nos últimos doze meses, as pesquisas com o nome Luiz Inácio Lula da Silva no Google, dentro do Brasil, foram, em média, aproximadamente quatro vezes menores do que aquelas envolvendo Bolsonaro. A curiosidade do público pelo petista foi maior apenas na semana em que ele foi solto, em novembro de 2019.
O psolismo, que deve herdar parte dos ex-lulistas — ao menos os mais jovens —, tende a radicalizar o discurso anticapitalismo e reacender temas moribundos ancorados na luta de classes. Isso empobrece o debate público e não contribui para a discussão de medidas efetivas para a construção de um Estado moderno. Mas, talvez, assegure aos partidos de esquerda, ex-satélites do PT, a conquista de pequenos nacos do espaço legislativo e, assim, acesso às verbas dos fundos partidário e eleitoral — o que, ao fim e ao cabo, parece ser o real propósito de sua atividade política.
Ainda sobre seu mais longo discurso desde os 580 dias de carceragem, Lula até arriscou apresentar-se como o candidato que não será em 2022, mas disse que o isolamento na pandemia o fez mergulhar em uma reflexão sobre “o papel que ainda pode lhe caber” na História. É possível que até o final do confinamento ele conclua que o lulismo chegou mesmo ao fim.
Importante lembrar que, embora o PT tenha comprovado sua opção pela corrupção, há diversos partidos de esquerda que absorvem, lentamente, os antigos petistas, fortalecendo cada vez mais suas fileiras, tornando tudo igual. Votar em outro partido da esquerda é atrair o mesmo destino, apenas com nome diferente. É preciso pesquisar muito para votar bem
O que ocorreu nestes anos de gestão do PT é um caso perverso e ardiloso de lesa pátria. O que foi subtraído do erário público jamais se saberá, ainda que tenhamos o auxílio da justiça por meio das briosas equipes da lava jato. O atraso temporal na educação, na saúde e em obras de infra estrutura, jamais serão recuperados, e a dívida com o povo brasileiro por esse atraso nunca será paga, apesar da prisão dos cabeças dessa orcrim.
O dia da primeira posse do Lula, eu assistindo o desfile deste no RR em Brasília, comentei com minha esposa que aquele momento seria histórico, onde um metalúrgico assumia a Presidência da República. Mal podia imaginar que estava vendo o maior quadrilheiro de todos os tempos, que traiu seu próprio povo nordestino, sujou suas mãos de sangue, enriqueceu, foi preso, desprezou seus laços familiares e ainda tenta se manter vivo com a migalha de seguidores cegos.
Ainda não caiu a ficha ou ele é que não quer acreditar, que morreu! o PSOL irá sim, herdar a cambada de Vermelhos Petistas.. mas com eles a coisa é mais fácil! Avante Brasil! Pela Moralidade na Política! Mesmo que difícil..
Esse sujeito além de criminoso é patético e vive fora da realidade. Não contente em ter nos roubado durante anos, tem a cara de pau de vir a público falar baboseiras no dia da independência do país! Ora Lula seu lugar eh na cadeia.
O país está farto de vc , FHC , Ciro Gomes e toda gang que nos relegou este atraso monstruoso.
Nossa esperança está em novas lideranças e pessoas honestas , e colocar estes senhores do passado no esquecimento.
Caiam fora de nossas vidas , sanguessugas.
hmmm… típico raciocínio de novoesquerdista, o desse sujeito aí de cima. então, bolsonaro tem ‘pose de ditador”… gostaria que esse senhor me respondesse apenas duas perguntas: que exemplo ele dá de ato ditatorial por parte do presidente? como ele classifica os atos recentes de ministros do stf? creio que suas respostas apenas vão confirmar o óbvio. afinal, ele já confessou ser futuro eleitor de moro iscariotes.
Não apoio e nem voto em ladrão.
Se Bolsonaro fosse ladão já tinha rodado! Estava na globlixo o dia inteiro!
o Brasil se lê nas entrelinhas…
Lula é cachorro morto, assim como o PT. Boulos também não incomoda. Jamais sairá vitorioso em qualquer eleição. A presente atuação política de Lula é só cortina de fumaça. O que ele não quer é voltar para a cadeia. Até quando conseguirá? A preocupação atual é o presidente da república, Jair Bolsonaro. Foi eleito regularmente com alta votação. Teve inclusive o meu voto (votei mais contra o PT) mas começou a mostrar desserviço quando veio à tona notícias desabonadoras sobre seus filhos e amigos. Também contra ele surgiu a informação de que havia nomeado assessores fantasmas e de que tinha ligação com a milícia carioca. Como cidadão e observador da política, isso passou a me incomodar. Quando veio a público, mostrada na íntegra graças ao Sergio Moro, a fatídica reunião ministerial dei-me conta de que o PR tem pose de ditador e, para que não fodessem com a sua família e amigo (palavras suas) iria interferir, sim, na PF. Foi ou não uma confissão? Será que só eu entendi assim? A Lava Jato está em fim de feira graças ao desmonte que vem sofrendo por parte do PGR, Augusto Aras, que foi nomeado com certa esperteza pelo Jair Bolsonaro. Por qual razão ele foge de perguntas incômodas? Por qual razão não quer depor na Polícia Federal. O Brasil e nós brasileiros não merecemos esse castigo.
Petralha detectado, se fazendo passar por bolsonarista.
Ridículo!
Ridículo é vc Antonio Rodrigues. Escreva algo que se entenda e apresente argumento que sustente sua afirmação. Não sou lulista e nem bolsonarista. Sou contra os dois. E se Sergio Moro for candidato terá o meu voto.
De 31 comentários só um acha que sabe tudo, concordo com o Antonio Rodrigues. Ridículo,e mais miope.
Silvio, parabéns! Tomara que fiquemos livres desta praga. Que o povo brasileiro acorde e nunca mais os leve ao poder.
Como acreditar num Robin Wood que nunca andou a cavalo mas só de jato particular? Sempre enganou bestas mas nunca os sábios.
Gostei da análise, me convenceu. O texto, bem escrito, conseguiu transmitir a sensação de ocaso de uma ideologia política obsoleta. Que assim seja.
Tá boa a análise: nota 9.
O Lula fala para seus escravos que ainda não ganharam alforria e aceitam os grilhões ideológicos. Se Lula concedesse entrevista séria, com direito a perguntas de pessoas não ligadas ao PT ele esbarraria em contradições e grosserias. Todo mundo sabe que uma três perguntas, pelo menos, ele não teria coragem de responder, como por exemplo, se ele manteve caso com a amante Rose e por que não quer fazer acareação com Palocci e Léo Pinheiro. Ademais, um marciano me contou que a partir do final de 2021 o próprio Bolsonaro e suas ligações com o centrão e mudanças no STF arrasará o Lula, para tirá-lo fora de vez do cenário de 2022. Aprovação de leis no Congresso que a gente sabe que corre perigo e ministros a favor do Bolsonaro trarão grande dor de cabeça a petistas em geral, ou, supostos adversários de outros partidos. Vocês pagam para ver?
Lula nunca me enganou. Jamais votei nele. Vivi todo o período militar lecionando e dentre meus colegas, amigos e familiares ninguém foi perseguido, preso ou subversivo. Sei bem que Lula jogava dos dois lados e por sua empatia com o povo foi um fantoche nas mãos de José Dirceu, do qual conheço a fundo a biografia.
O6tima reportagens mas com uma conclusão óbviam o lulismo acabou.
Ninguém deve se iludir. Os esquerdistas estão “dormindo”. Mera estratégia. Não vamos nos omitir nas eleições. Paulo Antonio Neder
Engano seu! A esquerda está enlouquecida, vendendo a alma para derrubar Bolsonaro.
Pois é Lula! Aproveite o que resta dessa pandemia e reflita. Reflita e reconheça que o seu tempo e o do PT, felizmente, já passou.
Excelente texto, mas corrija o local de nascimento de Humberto Costa. Ele é de Campinas e não pernambucano.
Parabéns Arthur e Navarro pelo excelente texto.
O RATO ladrão é um lixo como toda a esquerda caviar ou TERRORISTAS da ANTIFAS os novos MST. Todos são comparsas do PT,PSOL PDT.
O maior canalha da História. Só não está no lugar que merece – a cadeia – por obra dos vagabundos do stf.
O prego no caixão do lulapetismo vira agora nas eleições de 2020 para Prefeitos e Vereadores. A ORCRIM está sendo varrida – precisamos a majoritária de 2022 e nomear no mínimo 4 novos ministros do STF. É uma guerra que vale a pena, combate à combate, pela nossa liberdade.
Lula, se tornou uma figura patética. Ele levou boa parte da população, do ódio ao asco. Hoje o que sinto por ele e pela sua patota é nojo.
A crueldade de Lula, foi percebida por uma parcela, relativamente ainda pequena da população. A história ainda lhe fará justiça, mostrando claramente o atraso econômico e moral nos qual ele nos atolou.
O ostracismo é muito pouco pra um ser humano com tamanha capacidade de fazer o mau.
Excelente análise! Parabéns!
Delícia de texto. Artur e Navarro escancaram o lixo lulista.
Parabéns ao jornalista, texto certeiro.
Parabéns Jornalistas Silvio e Arthur, brilhante matéria, fechou a tampa do caixão do presidiário.
Tinha acabado de enviar meu comentário e vi que você também tinha usado a expressão “tampa de caixão”. Parece que é isso que essa turma vem inspirando há algum tempo!
Graças ao Bom Deus esse sujeito já foi desta para uma melhor…só se esqueceu de deitar!
Mas, como todo câncer, deixa metástases por onde passa…E é por isso que é preciso combater…ficar alerta…porque as sementes podres da árvore continuam por aí, sempre prontas a vicejar…e dar o bote!
Aos jornalistas Silvio e Artur…Parabéns, precisos como sempre!
Há muito tempo penso que a melhor tampa de caixão para Lula e seus sequazes será a participação numa eleição majoritária, de onde saiam com uma votação pífia.
Parabéns Silvio e Artur. É isso mesmo mostrar com fatos essa narrativa que tentam emplacar: o PT já era.
Lula, o lixão da história te aguarda, traidor da pátria! Enquanto ao PT/ PSOL, não passam de cães raivosos, guardas de cemitério esquerdista.
Há um ditado que diz mui apropriadamente: “O que não presta morre por si mesmo”. Essa facção criminosa roubou à exaustão por 13 anos (que número fatídico!), e jamais voltará ao poder central.