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Foto: Revista Oeste/IA
Edição 250

Ibovespa volta à Era Dilma

E mais: os péssimos números da economia brasileira, o crescimento da rede elétrica e o investimento árabe nas faculdades de medicina

Carlo Cauti
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O Ibovespa encerrou 2024 com uma queda de cerca de 30% se contabilizado em dólares. É o pior desempenho desde 2015, quando o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) chegou a recuar 41%.

Segundo dados da consultoria Elos Ayta, o resultado consegue ser pior até mesmo que o do primeiro ano da pandemia, 2020, quando a queda do Ibovespa foi de 20,2%.

Entre as piores ações do ano está a Magalu, que recuou quase 80% em 2024. Mas todas as empresas do “kit Lula” — Assaí, Lojas Renner e CVC — fecharam o ano em queda livre, perdendo respectivamente 60%, 23% e 54%.

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Índices brasileiros no fundo do poço

Com o péssimo resultado do Ibovespa, o Brasil chegou ao fim do ano com o pior desempenho entre os principais mercados emergentes do mundo.

Além disso, o dólar comercial encerrou o ano a R$ 6,18, acumulando uma alta de quase 30% em 2024.

Com isso, o real tornou-se a moeda mais desvalorizada entre os países do G20 e a sexta com maior perda global.

O dólar comercial encerrou o ano a R$ 6,18 | Foto: Shutterstock

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Dólares fogem do Brasil

O fluxo cambial — a diferença entre dólares que entram e saem no Brasil — está prestes a registrar um dos piores resultados do século.

Segundo dados do Banco Central, o fluxo cambial total até o fim de dezembro (último dado disponível) foi negativo em quase US$ 16 bilhões.

Só em dezembro, mais de US$ 24 bilhões saíram do Brasil.

O resultado de 2024 só perde para os anos de 2019 — ano de alta de juros nos EUA — e 2020, primeiro ano de pandemia, quando as saídas líquidas atingiram US$ 45 bilhões e US$ 28 bilhões, respectivamente.

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Reservas internacionais caem para US$ 230 bi

A saída de dólares do Brasil está provocando uma forte desvalorização do real. Para tentar conter essa queda do câmbio, o Banco Central está injetando dólares no mercado retirando-os das reservas internacionais.

Por isso, o nível das reservas registrou uma queda de 8,46% em dezembro, a maior redução mensal da série histórica.

A maior redução mensal anterior havia sido de 5,32%, em março de 2020, no início da pandemia.

As reservas passaram de cerca de US$ 363 bilhões no fim de novembro para cerca de US$ 332 bilhões no final de dezembro, o menor nível desde fevereiro de 2023.

Entretanto, cerca de um terço das reservas brasileiras já está comprometido com operações de swap cambial do Banco Central. Portanto, o Brasil tem cerca de US$ 230 bilhões como reservas líquidas.

O Banco Central está injetando dólares no mercado retirando-os das reservas internacionais | Foto: Shutterstock

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Quem quer comprar a dívida pública?

As emissões de títulos realizadas pelo Tesouro Nacional em 2024 somaram R$ 1,35 trilhão. Esse número está abaixo da necessidade de financiamento para o ano prevista no Plano Anual de Financiamento (PAF): R$ 1,42 trilhão.

O colchão de liquidez no final do ano ficou por volta de de R$ 900 bilhões, inferior aos R$ 982 bilhões do fechamento de 2023.

No ano passado, os investidores não quiseram adquirir títulos prefixados (LTNs e NTN-Fs), com participação relativa de 23% nas emissões totais, ante 41% (2023) e 36% (2022). Os compradores preferiram papéis pós-fixados — as LFTs —, que chegaram a 65% do total em 2024. Nível bem acima dos 39% de 2023 e 40% de 2022.

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A Vale arregou

A Vale sucumbiu às pressões do governo. Aceitou pagar cerca de R$ 17 bilhões para os cofres públicos em troca da repactuação dos contratos de concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).

O Executivo estava pressionando a mineradora desde 27 de janeiro de 2024 — o dia seguinte ao da recusa dos acionistas da Vale em ter o ex-ministro Guido Mantega como CEO.

Lula não gostou, e mandou o ministro Renan Filho cobrar quase R$ 26 bilhões questionando uma renovação de ferrovias feita em 2020, durante o governo Bolsonaro.

A Vale informou que o aporte compreende os investimentos e obrigações previstas para a companhia nos contratos de concessão. Garante também a aplicação de soluções consensuais definitivas quanto à otimização de obrigações contratuais, incluindo obras e investimentos.

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Embraer sigilosa

A Embraer recebeu pedido firme para seis aeronaves de ataque leve e treinamento avançado A-29 Super Tucano.

O cliente para o qual os aviões serão entregues em 2026 não foi revelado.

Segundo a companhia, as aeronaves serão equipadas com capacidade aprimorada para realizar missões como interdição aérea, apoio aéreo tático, patrulha marítima, ataque marítimo e outras operações de defesa territorial.

Além dos Super Tucano, a Embraer vendeu duas aeronaves multimissão C-390 Millennium, e um abrangente pacote de treinamento e suporte e de peças de reposição. Nesse caso, o cliente também não foi revelado.

A-29 Super Tucano, da Embraer | Foto: Reprodução/Redes Sociais

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Brasil elétrico

O Brasil alcançou um novo recorde anual de expansão da geração de energia elétrica.

Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foram gerados 10.321 megawatts (MW) em 2024.

No ano passado, foram 283 novas usinas implantadas, das quais 139 solares fotovoltaicas (5.354,17 MW), 115 eólicas (4.045,40 MW), 20 termelétricas (869,70 MW), sete pequenas centrais hidrelétricas (47,50 MW) e duas centrais geradoras hidrelétricas (4,60 MW).

O consumo no Brasil também não para de subir: o aumento foi de 5,9% no acumulado dos primeiros 11 meses do ano passado em relação a 2023, totalizando 560.302 GWh.

O Brasil alcançou um novo recorde anual de expansão da geração de energia elétrica | Foto: Shutterstock

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O fiasco do Fies

Entre janeiro e novembro de 2024, apenas 19,15% das 112,1 mil vagas abertas no Fies foram preenchidas.

Segundo dados que constam no site do FNDE, autarquia do Ministério da Educação (MEC) que administra o programa de financiamento estudantil do governo federal, apenas 21,8 mil contratos foram fechados no período. Em 2023, esse montante tinha sido de 48 mil.

Mesmo assim, o MEC anunciou um aumento no número de vagas para o Fies para 2025. Disponibilizou R$ 774 milhões para 112.168 novas vagas ao longo dos dois semestres.

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Medicina das arábias

O fundo soberano de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), Mubadala Capital, comprou mais uma faculdade brasileira com vagas de medicina.

Por meio da subsidiária Clariens, que concentra seus negócios no setor, o Mubadala adquiriu o Centro Universitário Imepac em Araguari, município na região de Uberlândia (MG). A entidade tem 219 vagas anuais autorizadas no bacharelado em medicina.

Em outubro, o Mubadala tinha adquirido outra faculdade de medicina em Minas Gerais, a Inapós, localizada em Pouso Alegre, que oferece 150 vagas para o curso de medicina.

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O Dia de Tanure

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) autorizou a compra da rede de supermercados Dia pelo fundo de investimentos Arila, ligado ao investidor baiano Nelson Tanure.

Entre os possíveis planos de Tanure está uma fusão entre o Dia com o Grupo Pão de Açúcar (GPA), para criar um novo polo do varejo nacional.

Tanure estaria em conversas preliminares para a compra das ações do Casino na companhia. Casino e GPA negaram as discussões.

O Cade autorizou a compra da rede de supermercados Dia pelo fundo de investimentos Arila | Foto: Reprodução

Leia também “Governo Lula acabou até com o rali de final de ano”

1 comentário
  1. RENATO JOSÉ MARQUES
    RENATO JOSÉ MARQUES

    Acho que o Tanure também está atuando na área de saúde, pois está chegando a Petrópolis, no Hospital Santa Teresa, que é um hospital filantrópico. Pode?

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