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Ilustração: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Edição 251

Fortes ventos de mudança

A América resolveu voltar a ser líder do mundo livre, e isso inevitavelmente tem consequências

Rodrigo Constantino
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A guinada de Mark Zuckerberg foi a notícia mais relevante desta semana. O dono da Meta, que controla redes sociais importantes como o Facebook, o Instagram e o WhatsApp, não só admitiu que suas plataformas foram forçadas a praticar censura pelo governo Biden, como afirmou que países sul-americanos possuem “tribunais secretos”, numa clara alfinetada ao STF brasileiro. Zuckerberg, até então grande aliado dos democratas, entrou de cabeça no “time Trump”, seguindo os passos de Elon Musk.

A reação da esquerda brasileira comprova como foi uma mudança impactante. Zuckerberg já é bolsonarista golpista na Austrália! Os petistas ficaram em polvorosa, e comunistas que pregam a censura passaram a falar no risco para a democracia que essa nova postura do bilionário representa. A Folha de S.Paulo calculou até quanto custava o relógio utilizado por Zuckerberg, sem que “o leitor” conseguisse compreender o que uma coisa tem a ver com a outra.

Zuckerberg passa por transformações pessoais importantes também. Passou a fazer luta, mudou o estilo das roupas, deixou o cabelo crescer, parece menos robótico e mais descolado. Se isso tudo foi de caso pensado para trabalhar uma nova imagem do CEO da Meta não sabemos. Tampouco é possível dizer se ele aderiu ao discurso trumpista por receio de retaliação dos tempos de colaboracionista democrata. O que importa é o ato em si.

Mark Zuckerberg passou por mudanças pessoais e de imagem, incluindo novas atividades, estilo e discurso, gerando especulações sobre sua estratégia e motivação | Foto: Reuters/Manuel Orbegozo/File Photo

E essa nova postura de Zuckerberg, que por si só já é significativa, não é um caso isolado. Podemos pensar na renúncia de Justin Trudeau no Canadá, que certamente tem ligação com o novo Zeitgeist criado pela vitória de Trump, que vem até falando em transformar o país vizinho em um estado americano, além de ameaçar com tarifas os produtos canadenses se o país não resolver a crise das fronteiras. Há também mudanças no Oriente Médio, como a queda do regime de Assad, e na Europa, com o avanço conservador em países importantes.

Além disso, várias empresas estão abandonando a agenda woke, demitindo equipes de diversidade, igualdade e inclusão (DEI, na sigla em inglês) e cortando fundos de pautas climáticas. É impossível ignorar as movimentações das placas tectônicas na geopolítica e na guerra cultural. Tudo isso, vale lembrar, antes mesmo de Trump assumir!

Não sabemos até onde essas mudanças irão, mas podemos arriscar um palpite de que os cem primeiros dias do governo Trump serão frenéticos. O magnata não voltou para brincar, isso está claro. Elon Musk, que se tornou um dos maiores apoiadores de Trump, tem repetido que sua vitória salvará a civilização, nada menos do que isso. De fato, há muito em jogo, e para quem estava atento aos rumos do “progressismo” globalista, não parece exagero afirmar isso. Quanto mais tempo o mundo ocidental aguentaria de Trudeau, Biden, Macron e companhia dando todas as cartas, com figuras como George Soros por trás?

Donald Trump sobe ao palco, depois dos primeiros resultados da eleição presidencial dos EUA de 2024, no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida – 6/11/2024 | Foto: Callaghan O’Hare/Reuters
As mudanças no governo Trump prometem ser intensas, com Musk apoiando a vitória como essencial para salvar a civilização, diante do progresso globalista | Foto: Callaghan O’Hare/Reuters

Há, portanto, razão para otimismo. Acabou a palhaçada. Trump trará de volta os adultos no comando, a meritocracia, o império das leis, a liberdade de expressão. Não será fácil nem sem luta. O sistema vai reagir novamente, o deep state vai tentar boicotá-lo uma vez mais, mas desta vez ele está bem mais preparado para a batalha, com uma cavalaria de primeira e com o inegável respaldo do voto popular, do Congresso e do Colégio Eleitoral.

A América cansou e quer mudança de verdade. E esse sopro de liberdade já está produzindo fortes ventos de mudança no mundo todo. Afinal, quando a América resolve voltar a ser líder do mundo livre, isso inevitavelmente tem consequências. Resta saber se o Brasil lulista vai mesmo ficar no caminho das mudanças, como um aliado do eixo do mal, um vassalo da China, um aliado dos comunistas antiamericanos. Se a escolha for mesmo essa, esses ventos de mudança vão chacoalhar a estrutura do nosso regime. Será que Lula resiste?

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