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Ilustração: Shutterstock
Edição 253

As maravilhas do século 21

Algumas grandes conquistas científicas dos últimos 25 anos — e o que esperar dos próximos 25

Dagomir Marquezi
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Num planeta distante das brigas ideológicas, milagres estão acontecendo. Milagres científicos, tecnológicos, em avanços multiplicados pela parceria com a inteligência artificial. E quando falamos em “ciência” não se trata apenas de homens de avental falando numa linguagem incompreensível. Boa parte das suas descobertas poderão criar as soluções para nossa saúde em pouco tempo.

A revista Science Focus fez uma lista de grandes descobertas e pesquisas da ciência nestes primeiros 25 anos do século 21. E levantou algumas possibilidades para os próximos 25.

Os primeiros 25 anos

  1. Engenharia de tecidos

Pense no mais básico: você tem uma cárie. O dentista prepara uma resina artificial e preenche o buraco. Agora imagine que um pedacinho do dente cariado seja retirado e cultivado de forma a preencher a cárie. A engenharia de tecidos está sendo usada para criar orelhas, traqueias e ossos que são implantados no paciente que tiveram uma perda ou acidente. Não há perigo de rejeição, pois o tecido vem do próprio paciente. O mesmo processo (ainda em fase experimental) está sendo usado para criar rins, cartilagens e até corações.

  1. Materiais autorreparáveis

Pense na engenharia de tecidos usada para objetos. Um celular que reproduza sozinho as peças danificadas. Rachou a tela do monitor? Deixe o celular na tomada e no dia seguinte a tela está perfeita. Esse princípio já está sendo usado para ajustar falhas em pinturas, reparar o desgaste do concreto em pontes e no asfalto.

  1. A ciência dos sonhos

O ato de sonhar foi tratado por muito tempo como algo incontrolável, uma “manifestação do inconsciente” a ser analisada pelos discípulos de Sigmund Freud. No século 21 esse conceito está mudando. Estudos mostram que sonhos podem ser usados como um estímulo para a criatividade e para a solução de problemas que não conseguimos resolver quando conscientes. Hoje já se fala em “engenharia do sonho”, quando tentamos direcionar nosso cérebro para o que vamos sonhar, até com o uso de cheiros, sons e sugestões para que esses sonhos sejam manipulados.

Ilustração: Shutterstock
  1. James Webb Space Telescope

O conhecimento do universo deu um salto com o lançamento, no Natal de 2021, do JWST. Flutuando a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, o telescópio descobriu nada menos que 100 mil galáxias que estavam invisíveis. Essa nova conquista ao mesmo tempo mostra a grandeza da civilização humana e aumenta a sensação de que somos um microscópico pontinho girando ao redor do Sol num universo que se revela cada vez maior.

  1. Exoplanetas

Com a ajuda do telescópio James Webb já foram detectados mais de 5 mil planetas que podem conter algum tipo de vida. São planetas de tamanho médio, girando ao redor de uma estrela, próximos o suficiente para receberem luz e calor, e distantes o suficiente para não serem torrados. Fora isso, os humanos do século 21 são os primeiros a acompanhar pelas redes sociais transmissões de som e imagem da superfície de Marte, além de cenas em close no chão de satélites e cometas. Aos que estão atentos, esse é um poderoso transformador de consciências.

  1. Individualização de células

Você sabe quantas células existem no seu corpo? Mais de 40 trilhões. Cada célula tem sua função. Algumas se multiplicam fora de controle e viram tumores. Até agora, a ciência dividiu esses 40 trilhões de células em cerca de 200 tipos. Quando fazemos uma biópsia, olhamos para um pacote de células sem dar atenção ao fato de que cada uma delas possui características próprias. O estudo de células individuais, por exemplo, ajudou a entender por que cada vítima da covid-19 reagia de forma diferente ao vírus. Para aprofundar esse estudo, mais de três mil cientistas ao redor do mundo estão produzindo um mapa completo do corpo humano, célula por célula. O que deverá levar a grandes avanços na luta contra muitas doenças, especialmente o câncer.

  1. Foguete reutilizável

Com o recente envolvimento de Elon Musk com a política, a gente até esquece o tamanho de sua genialidade. E o símbolo disso é seu “foguete que pousa de ré”, algo que parecia impossível de imaginar fora dos filmes de ficção científica. O gigantesco Saturno V, que levou os primeiros astronautas até a Lua, custava US$ 5 mil por quilo transportado. O SpaceX de Musk mudou o jogo em 2015 com o Falcon 9, o primeiro reutilizável, e o custo caiu para US$ 2 mil por quilo. Com o monstruoso Starship, cada quilo pode ser transportado por apenas US$ 200. A exploração do espaço abriu uma avenida com essa redução de custos.

Fogete Falcon 9, da SpaceX | Foto: Divulgação/SpaceX

Os próximos 25 anos

  1. Nanomédicos

Quando ficamos doentes, geralmente tomamos uma pílula que é processada pelo aparelho digestivo, entra na corrente sanguínea e só então atinge o órgão necessitado. A nanotecnologia vai colocar o remédio diretamente na parte afetada, sem causar problemas, por exemplo, no fígado. Um paciente com Alzheimer vai receber o medicamento na área precisa por meio de nanopartículas. Essa possibilidade vai ser muito importante no tratamento do câncer: a quimioterapia vai atingir exatamente o tumor, e não provocar danos pelo resto do corpo do paciente.

  1. Exploração do espaço

Filmes sobre a exploração de riquezas naturais do espaço (como Alien) geralmente terminam com monstros horríveis matando astronautas. Mas parece que nas próximas décadas essa exploração vai acontecer inevitavelmente. Segundo a matéria da Science Focus, existem dez vezes mais hélio-3 (usado em reatores em fusão) na Lua do que na Terra. Asteroides são fontes dos chamados metais raros, usados na indústria eletrônica. E a energia solar, ainda pouco vantajosa para ser explorada em painéis na superfície da Terra, é abundante e poderosa fora da atmosfera. A China já planeja ter uma estação solar espacial até 2050.

Ilustração de um asteroide ao lado do Planeta Terra | Ilustração: Shutterstock
  1. Computação espacial

Não tem a ver com o espaço, mas com essa desconfortável e perigosa condição de vivermos de cabeça baixa, olhando para a tela do celular enquanto caminhamos ou dirigimos. Para entender a computação espacial, pense no capacete do Homem de Ferro, que fornece as informações do voo, da velocidade e as mensagens do auxiliar Happy enquanto Tony Stark destrói os inimigos. Já existem capacetes com informações no visor para games, mas são caros e pesam 650 gramas. Logo teremos óculos normais onde mensagens e informações aparecem enquanto mantemos a vida normal. De cabeça erguida.

  1. Gêmeos digitais

É uma simulação digital de um objeto, idêntica ao original. O objetivo é experimentar na cópia antes de arriscar no original. Esse princípio é usado por enquanto em usinas nucleares. Mas nas próximas décadas o mesmo princípio poderá ser usado na medicina. Digamos que você tenha uma doença que precisa de um tratamento arriscado. Então são criados seus “gêmeos digitais” para que o médico possa experimentar vários tipos de tratamento sem arriscar a vida do paciente.

  1. Invisibilidade

É difícil explicar (ou mesmo entender) seu funcionamento, mas os chamados metamateriais já estão sendo usados em escalas muito pequenas. Mas os chamados metamateriais usam o princípio da física quântica para fazer com que minúsculos objetos “desapareçam” ao provocar a curvatura da luz. Com o tempo, essa capacidade de esconder objetos (e pessoas) tende a aumentar.

  1. Limpeza espacial

O espaço ao redor da Terra está congestionado por satélites e poluído por 25 mil detritos que viajam a 36 mil quilômetros por hora. Como estamos cada vez mais dependentes de satélites, imagine se uma rede de comunicações ou meteorologia for atingida por esse lixo espacial. Planos para as próximas décadas incluem veículos de recolhimento, redes e lasers para vaporizar o entulho.

  1. Fusão nuclear

A energia nuclear que usamos hoje é obtida por meio da fissão, ou divisão, dos átomos. A fusão é mais barata, limpa e segura. E as usinas podem ser menores do que os monstros de concreto que conhecemos hoje. A fusão nuclear é mais uma esperança de energia sustentável para os que viverem em 2050.

Ilustração de um reator de fusão nuclear | Ilustração: Shutterstock

dagomirmarquezi.com
@dagomirmarquezi

Leia também “Epidemia de insônia”

2 comentários
  1. MARCIO MARQUES PRADO
    MARCIO MARQUES PRADO

    A vida é um espetáculo!!!

    1. Dagomir Marquezi

      Concordo!

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