A defasagem do preço dos combustíveis praticado pela Petrobras está se tornando um fardo cada vez mais pesado no balanço da estatal petrolífera. Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem da gasolina chegou a 14%, e a do diesel, a 28%.
Segundo cálculos de operadores do setor, a diferença entre os preços internacionais e aqueles praticados internamente pela Petrobras já custou cerca de R$ 2 bilhões para a empresa desde a implementação da nova política de preços.
Por isso, o mercado está olhando com muita atenção para a próxima reunião do Conselho de Administração da Petrobras na próxima quarta-feira, 29. O Conselho poderá decidir um reajuste nos preços tão expressivo que se configuraria como um “tarifaço” em plena regra.
***
Inflação na veia
A última vez que a Petrobras anunciou um reajuste expressivo foi em agosto de 2023, quando a gasolina aumentou mais de 16%, e o diesel, quase 26%.
Para o governo, repassar integralmente o reajuste para os preços na bomba traria um problema de popularidade não apenas com os motoristas, mas com toda a população brasileira. A inflação que uma medida como essa provocaria seria distribuída para todos os setores econômicos.
Um setor particularmente afetado seria o dos alimentos, uma vez que a maior parte da logística brasileira de transporte é rodoviária. Especialmente a alimentícia.
***
A Petrobras é independente?
Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a Petrobras tem completa independência para decidir sobre os preços. Dentro daquele critério de optar pelo que é melhor para “a saúde econômica e financeira da empresa”.
Segundo o ministro, o governo pode “direcionar” iniciativas na companhia por meio de sua influência no conselho de administração. Mas a questão do preço seria decidida na diretoria. Silveira, todavia, omitiu a informação de que a diretoria responde ao conselho da petrolífera. E que, portanto, não é independente.
Segundo o ministro, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, “é extremamente responsável, sabe o que precisa fazer”.
***
‘Ninguém fala do Brasil’
Poucos anos atrás, o Brasil era um dos “queridinhos” dos investidores internacionais, graças ao seu tamanho, sua capacidade de consumo e seu crescimento econômico.
Hoje, se tornou desinteressante. Tanto que no Fórum Econômico Mundial de Davos “ninguém fala do Brasil”.
“Não estamos no radar de ninguém”, disse o cofundador e presidente do Nubank, David Vélez.
Para o executivo, muitos investidores saíram do Brasil e perderam a confiança no país. E quando isso acontece “é difícil recobrar a confiança”.
***
Nubank no topo
O Nubank ultrapassou o Itaú em número de clientes no final de 2024, e se tornou o terceiro maior banco do Brasil.
Segundo dados do Banco Central, no final do quarto trimestre de 2024 o Nubank alcançou 100,77 milhões de clientes, superando dessa forma os 98,5 milhões do Itaú.
Com isso, o banco digital é superado apenas pela Caixa Econômica Federal, com 154 milhões de clientes, e pelo Bradesco, que tem 109 milhões.
***
Tempos complicados para os bancos
O ano de 2025 será complicado para os bancos brasileiros por causa das condições macroeconômicas mais complexas.
O banco americano Citi fez uma revisão negativa dos lucros das instituições financeiras brasileiras. A pior situação será a do Bradesco, que terá uma redução de 9% na previsão de lucro para 2025.
Por outro lado, a expectativa para o Banco do Brasil é de uma alta de 5% no lucro anual, que deveria chegar a R$ 40,7 bilhões.
***
Os dois riscos-Trump para o Brasil
Segundo o Bradesco, o novo governo Trump traz dois riscos comerciais para o Brasil.
O primeiro é tarifário. Se o Executivo americano impuser uma tarifa de 10% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil, o impacto na balança comercial deverá ser de US$ 2 bilhões. Provocando uma queda do real de cerca 4%.
Caso as tarifas cheguem a 25%, o efeito negativo poderá alcançar US$ 5,5 bilhões.
Atualmente, a maioria dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos não sofre nenhum tipo de tarifa.
Mas o segundo risco poderia ser ainda mais impactante. Se os Estados Unidos e a China alcançarem um novo acordo comercial, os chineses passarão a comprar mais produtos americanos, principalmente commodities agrícolas.
***
Faturamento crescente
O faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras cresceu 4,5% em 2024.
Segundo dados do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs, o faturamento cresceu em ritmo mais acelerado que o produto interno bruto (PIB) do Brasil, que deveria terminar o ano por volta de 3,5%.
Para 2025, as previsões da Omie são menos otimistas, indicando um crescimento de 2,4% no faturamento das PMEs. Um sinal de desaceleração da economia.
***
JBS rastreia búfalos
A JBS anunciou que vai doar 3 milhões de tags para o rastreamento de rebanhos no Pará.
O objetivo do programa, denominado Acelerador JBS, é rastrear todo o rebanho de bovinos e búfalos do Estado até o final de 2026.
Dos 3 milhões de tags, 2 milhões serão destinados a pequenos produtores. Além disso, a JBS oferecerá serviços para apoiar fornecedores indiretos na adoção da tecnologia, incluindo visitas às fazendas e aplicação feita por operadores treinados e credenciados.
***
Reclamações para o BC
O Banco Central (BC) divulgou a tradicional lista das instituições financeiras que receberam mais reclamações no quarto trimestre de 2024.
A campeã de insatisfação foi o PagBank-PagSeguro, com 79,26 pontos. Seguido pelo Banco Inter, com 74,96 pontos. O terceiro lugar ficou com o C6 Bank, com 67,18 pontos, em quarto ficou o 99Pay, com 46,15 pontos, e o quinto foi o Itaú, com 41,27 pontos.
A classificação é feita a partir de um indicador calculado pelo BC com base nas reclamações que o público faz nos canais de atendimento da autarquia. As 15 maiores instituições em número de clientes são avaliadas.
***
A disputa dos remédios
O governo Lula está tentando desesperadamente reduzir a inflação dos alimentos, que vem corroendo a popularidade do Executivo.
O Planalto espera que um conjunto de sugestões consiga reduzir os custos dos varejistas, que, por sua vez, repassariam esse alívio para os preços.
Entre os pontos na mesa, o governo poderia impor uma redução das taxas cobradas das lojas pelos cartões de vale-alimentação, flexibilizar as leis trabalhistas e permitir a venda de medicamentos sem receita nas redes de supermercados.
Este último ponto provocou uma séria polêmica entre a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que soltaram duas notas em rápida sucessão para respectivamente contestar e defender a medida.
Leia também “Guerra das refinarias”