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Melania e Donald Trump participam de reunião sobre os danos causados pelos incêndios florestais, em visita ao bairro de Pacific Palisades, em Los Angeles, na Califórnia (24/1/2025) | Foto: Reuters/Leah Millis
Edição 254

As chamas do ecoterrorismo

À medida que os incêndios continuaram fora de controle, ficou cada vez mais claro que a resposta dos governantes da Califórnia foi inadequada, amadora e ineficiente

Ana Paula Henkel
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As primeiras semanas de 2025 foram históricas para a cidade de Los Angeles. Os famosos incêndios na Califórnia tomaram uma proporção catastrófica e queimaram milhares de hectares florestais e urbanos, dizimando bairros inteiros na grande LA.

O que a turba do ecoterrorismo grita? O de sempre: “Climate change!”. Há anos, o besteirol arranhado da tal “mudança climática” varre para debaixo do tapete o honesto debate sobre a preservação ambiental. Ao mesmo tempo, devora bilhões de dólares dos pagadores de impostos pelo mundo. 

Na edição de Oeste da semana passada, escrevi sobre as precisas ordens executivas do novo presidente americano Donald Trump e como suas promessas de campanha saíram do papel em menos de 24 horas depois de ele voltar à Casa Branca.

Uma dessas ordens foi a saída imediata dos Estados Unidos do Acordo Climático de Paris. Trump já havia saído do tratado draconiano e nada científico durante seu primeiro mandato. No entanto, a administração de Joe Biden revogou a saída americana e voltou a despejar bilhões de dólares em ONGs alinhadas com a agenda da extrema esquerda mundial. Trump também já afirmou em várias ocasiões que sua administração acabará com o Green New Deal, um calhamaço de páginas inúteis com a mais pura asneira ambientalista anticientífica.

Ilustração: Romashko Yuliia/Shutterstock

Na última sexta-feira, 24 de janeiro, Trump e a primeira-dama Melania vieram até Los Angeles para visitar as áreas devastadas pelos incêndios que duraram quase três semanas. A Califórnia enfrenta um dos desastres mais caros de todos os tempos, e talvez um dos mais complexos da história americana.

Imediatamente após sua aterrissagem em Los Angeles, Trump foi incisivo: “Os bombeiros não conseguiram combater o incêndio por causa de hidrantes secos, reservatórios vazios e infraestrutura hídrica inadequada”. Depois de sobrevoar as áreas afetadas e constatar a devastação apocalíptica, Trump se reuniu em uma coletiva de imprensa com a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, políticos, bombeiros, policiais e representantes civis. O presidente não mediu palavras e culpou os democratas, incluindo os presentes, pela crise, ao não limparem a vegetação ressecada, não fornecerem água adequadamente para a área — permitindo que os hidrantes secassem — e terem criado uma situação que fez muitas seguradoras contra incêndio abandonarem a região nos anos anteriores.

Mas o que aconteceu com o estado mais rico dos Estados Unidos, o quinto PIB do mundo? Mesmo com os impostos mais altos do país, a administração democrata cortou o financiamento para combate a incêndios, e tanto o governador Gavin Newsom quanto a prefeita Karen Bass desviaram bilhões de dólares da prevenção e do combate a incêndios para imigrantes ilegais, moradores de rua e questões nada científicas sobre o meio ambiente.

A velha imprensa de pompom americana insistiu em pregar que Newsom e Bass fizeram o melhor que puderam para combater os incêndios catastróficos que devastaram a cidade. Mas, à medida que os incêndios continuaram fora de controle por semanas, ficou cada vez mais claro que a resposta dos governantes da Califórnia foi inadequada, amadora e ineficiente.

Bombeiros combatem o incêndio Palisades, em Los Angeles, na Califórnia (8/1/2025) | Foto: Divulgação/Governo da Califórnia

Nos dias 2 e 3 de janeiro, cinco dias antes do início dos incêndios, o Serviço Nacional de Meteorologia alertou sobre “risco extremo de incêndio” por causa dos fortes ventos de Santa Ana e das condições de extrema aridez. Mesmo assim, a prefeita Karen Bass viajou para a posse do presidente de Gana e deixou Los Angeles à mercê da sorte.

As imagens, que poderiam ter sido tiradas de um filme de guerra e que ficarão marcadas na memória dos californianos, é a epítome da tempestade perfeita da pura incompetência governamental. A meritocracia e a tecnicidade saíram de cena para a entrada da nefasta agenda identitária e da falsa diversidade do atual Partido Democrata. O cenário estava perfeito para a tragédia anunciada:

  • O Departamento de Água e Energia de Los Angeles simplesmente não cuidou do segundo maior reservatório de água da cidade (Santa Inez), que fica bem perto do incêndio de Pacific Palisades, e não notificou ao Corpo de Bombeiros do condado ou da cidade que ele estava vazio havia pelo menos um ano.
  • Desde 2019, a Califórnia investiu US$ 27 bilhões em moradores de rua, ou cerca de US$ 4,5 bilhões por ano. Esse valor não inclui gastos com bombeiros, polícia ou serviços médicos de emergência para moradores de rua. O orçamento não inclui os US$ 40 bilhões que o estado gastou em moradias populares, mas que não são ocupadas porque a população de rua drogada prefere ficar sob viadutos, em bairros abandonados pelo poder público e até em cartões-postais como Venice e Santa Mônica. Os sem-teto causam mais da metade de todos os incêndios em Los Angeles.
  • De acordo com uma análise de custos recente da Federação para a Reforma da Imigração Americana (Federation for American Immigration Reform — FAIR), a Califórnia gasta mais de US$ 30 bilhões por ano para fornecer benefícios e serviços a imigrantes que vieram para os EUA ilegalmente.
  • A Califórnia gastará mais de US$ 48 bilhões em programas climáticos nos próximos sete anos, ou cerca de US$ 7 bilhões anualmente por meio de ONGs e programas do governo estadual.
  • No último ano, houve um significativo corte de US$ 17,5 milhões no orçamento do Departamento de Bombeiros de Los Angeles. A cidade vem cortando os recursos da instituição há anos. Mais de cem caminhões estavam parados na manutenção “por falta de mecânicos”.

  • Desde 2022, uma das prioridades do Departamento de Bombeiros de Los Angeles sob a nova direção de Kristin Crowley, a primeira mulher chefe LGBT de Los Angeles, foi a criação do Departamento de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), supostamente “focado em garantir um local de trabalho seguro, diverso e inclusivo para todos”. No mesmo ano, Crowley enviou cinco caminhões de equipamentos de combate a incêndio “excedentes” para a Ucrânia.
  • No novo plano estratégico do Departamento de Bombeiros de Los Angeles de Crowley, a palavra “sem-teto” aparece 11 vezes, a palavra “diversidade” aparece 16 vezes, a palavra “água” aparece apenas duas vezes, e a palavra “hidrante” não aparece em momento algum. 
  • Há dez anos, em 2014, os eleitores da Califórnia aprovaram a Proposition 1, que estabeleceria um gasto de US$ 7,5 bilhões para a construção de dois novos reservatórios. Até hoje, nenhum foi concluído. 
  • Em 2024, o governador Gavin Newsom removeu quatro represas no Rio Klamath para salvar certos peixes, resultando em menos água para o sul do estado. A remoção das barragens foi a maior da história dos EUA. A ação ocorreu depois que líderes indígenas reclamaram que não conseguiam mais pescar certos peixes. 
  • Projetos de captação e manejo de águas que vêm do degelo das montanhas (que resolveria grande parte da escassez de água dos agricultores do Vale de São Joaquim e do sul do estado) também foram suspensos para não afetar a população do Delta Smelt — um peixe do tamanho do mindinho da mão humana e que é usado apenas como isca.
  • Seguradoras: já há alguns anos, as companhias estão deixando a Califórnia em razão das intermináveis regulações, da má manutenção nas áreas com risco de incêndios florestais (muitas sofrem com as absurdas intervenções dos ecoterroristas) e, principalmente, da pesada interferência governamental nos preços das apólices e no mercado livre.

A Califórnia tem hoje dois inimigos tão visíveis e nocivos quanto as chamas e a fumaça dos últimos incêndios: a regulamentação ambiental exagerada e um governo de joelhos à agenda ambientalista radical, destrutiva e gananciosa.

Foto: Ivan Marc/Shutterstock

Ao considerarmos o custo dos incêndios aqui em Los Angeles, devemos notar os paralelos com os incêndios em nossa cultura. O mesmo pode estar ocorrendo em lugares que parecem muito distantes de nossas casas e famílias. Eles são representados em reuniões de conselho municipal e reuniões de conselho tutelar a que a maioria das pessoas nunca se preocupa em comparecer. Eles são representados em audiências legislativas que impactam nossa vida, mas que “são tão chatas de participar”. 

As chamas desses incêndios estão em salas de aula, no tempo gasto com inutilidades nas redes sociais, nas assembleias de ensino médio e em salas universitárias. Elas estão nos discursos que nunca ouviremos a menos que reservemos um tempo para perguntar aos nossos filhos o que eles estão aprendendo. Em todos esses lugares, e em milhares mais, incêndios constantes ameaçam queimar instituições e nossa cultura. Instituições como casamento, família, Igreja e imprensa livre estão todas ameaçadas pelas chamas. Algumas já foram queimadas em algum grau, outras estão sob cinzas.

Os incêndios em nossas instituições educacionais ou governamentais, de nossas cidades e até do governo federal, foram provocados por incendiários culturais. Outros são o resultado do cômodo silêncio. Mas o fato é que, depois de queimarem por um tempo, não importa realmente quem começou o fogo; importa apenas se você está lutando ou atiçando as chamas.

E, como incêndios no deserto, muitas vezes não os notamos até que estejam queimando por um tempo. Chamas e ideias têm vida própria. Uma vez soltas, elas queimam tudo o que estiver em seu caminho.

A próxima vez que você ouvir “política não importa”, mostre uma foto atual de Pacific Palisades aqui em Los Angeles. É exatamente ali que toda destruição se inicia.

Imagem mostra os restos de casas queimadas pelo incêndio de Palisades, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia - 14/1/2025 | Foto: David Ryder/Reuters
Imagem mostra os restos de casas queimadas pelo incêndio de Palisades, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia – 14/1/2025 | Foto: David Ryder/Reuters
Imagem mostra os restos de casas queimadas pelo incêndio de Palisades, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia - 14/1/2025 | Foto: David Ryder/Reuters
Imagem mostra os restos de casas queimadas pelo incêndio de Palisades, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia – 14/1/2025 | Foto: David Ryder/Reuters
Imagem mostra os restos de casas queimadas pelo incêndio de Palisades, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia - 14/1/2025 | Foto: David Ryder/Reuters
Imagem mostra os restos de casas queimadas pelo incêndio de Palisades, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia – 14/1/2025 | Foto: David Ryder/Reuters
Imagem mostra os restos de casas queimadas pelo incêndio de Palisades, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia - 14/1/2025 | Foto: David Ryder/Reuters
Imagem mostra os restos de casas queimadas pelo incêndio de Palisades, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, Califórnia – 14/1/2025 | Foto: David Ryder/Reuters

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