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Segunda Guerra Mundial: soldados do Exército Vermelho Soviético cruzam uma área de defesas fortificadas com arame farpado durante o Cerco de Leningrado, de 1941 a 1943 | Foto: Library of Congress, Washington
Edição 254

Imagem da Semana: o infame cerco a Leningrado

O cerco que durou de setembro de 1941 a janeiro de 1944 foi possivelmente um dos mais mortais da história do mundo

Daniela Giorno
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Foram 872 dias de terror, fome, doenças e frio para os soviéticos que viviam em Leningrado (atual São Petersburgo) entre 1941 e 1944. A segunda maior cidade da URSS era um lugar estratégico para a invasão do exército alemão sob ordens de Adolf Hitler. Esse episódio infame na história do mundo ficou conhecido como o cerco de Leningrado.

Leningrado tinha muitos ativos que interessavam a Hitler. A cidade berço da Revolução Russa era responsável por cerca de 10% da produção industrial soviética, com várias fábricas de armas e de construção naval. Contava também com uma posição estratégica militar, já que a cidade era base da enorme Frota do Báltico.

A invasão nazista à União Soviética começou em junho de 1941, e a aproximação de Leningrado aconteceu pelos lados oeste e sul no início de setembro, enquanto seus aliados finlandeses se aproximavam pelo norte pelo istmo da Carélia. No início de novembro, a cidade soviética estava quase completamente cercada, com todas as suas ferrovias vitais e outras linhas de suprimento para o interior cortadas.

Soldados soviéticos na ofensiva contra tropas alemãs, durante a Batalha de Stalingrado, em fevereiro de 1943 | Foto: Zelma/RIA Novosti archive/Creative Commons
Informação aos cidadãos na parede da Avenida Nevski, em Leningrado, em 1943, que diz: “Cidadãos! Durante o bombardeio, este lado da rua é o mais perigoso!” | Foto: Serguei Shymanski/Russianphoto

A intenção de Hitler não era ocupar a cidade, e sim aniquilá-la. A lenta tortura do cerco começou quando os nazistas cortaram a última estrada para Leningrado, em 8 de setembro. O efeito foi devastador. Os suprimentos foram bloqueados — exceto pela “Estrada da Vida”, localizada no nordeste da cidade. Uma rota de transporte não confiável através do congelado Lago Ladoga. 

Os soviéticos passaram pelo inferno. Os bombardeios intensos arrasaram a cidade. Ao todo, foram mais de 1 milhão de vítimas civis, mais outro milhão de militares que tiveram a vida ceifada, e meio milhão de alemães mortos. A escassez de alimentos era crônica. A população foi privada de acesso a água, eletricidade, aquecimento e comida. Mortes por fome, doenças e frio eram constantes, e ocorreu até canibalismo ao longo dos anos do cerco. Pombos desapareceram das praças, assim como corvos e gaivotas; depois, ratazanas e animais de estimação. Todos viraram alimento. A rigidez do inverno russo ampliou o sofrimento dos habitantes, com temperaturas que alcançaram 30 graus negativos, com a impossibilidade de usar aquecedores.

A população de Leningrado até 1941 era de cerca de 3 milhões de pessoas. Apenas 3% da população morreu pelos bombardeios alemães, enquanto 97% das vítimas do cerco morreram de fome.

Duas mulheres coletam os restos de um cavalo morto para alimentação, durante o cerco de Leningrado, em 1941 | Foto: Universal History Archive/Shutterstock
Segunda Guerra Mundial: durante o cerco de Leningrado, mulheres pegam água de canos quebrados | Foto: Sovfoto/Universal Images Group/Shutterstock

Os soviéticos conseguiram quebrar o cerco em 18 de janeiro de 1943, abrindo um estreito corredor terrestre, mas o sucesso definitivo da operação veio apenas em 27 de janeiro de 1944, quando repeliram totalmente os alemães em sua viagem para o oeste.

O governo soviético concedeu a Ordem de Lenin a Leningrado, em 1945, e o título de Cidade Herói da União Soviética, em 1965, prestando assim homenagem à resistência bem-sucedida da cidade a um dos cercos mais extenuantes da história. Um monumento em respeito às vítimas e ao heroísmo diante do cerco foi inaugurado em 1975.

Monumento Heroicos Defensores de Leningrado, na Praça da Vitória, em homenagem aos feitos dos cidadãos nos trágicos dias do cerco de 1941 a 1944, em São Petersburgo, na Rússia | Foto: Anton Golovan/Shutterstock
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Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.

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7 comentários
  1. Herbert Gomes Barca
    Herbert Gomes Barca

    parabéns pela matéria ! a história não pode ser apagada como muitos querem pra esconder as atrocidades contra o povo !

  2. Moacir ribeiro de Andrade
    Moacir ribeiro de Andrade

    Como é bom ter esse tipo de conhecimento histórico e trágico.
    Parabéns
    Grato

  3. Moacir ribeiro de Andrade
    Moacir ribeiro de Andrade

    Como é bom ter esse tipo de conhecimento histórico e trágico.
    Parabéns
    Grato

  4. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Pungente, doloroso, dramático.
    Parabéns pela excelência da sua coluna.

  5. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Parabéns Giorno retratar a segunda guerra é fundamental para compreensão do mundo de hoje

  6. Renato Ramos De Carvalho
    Renato Ramos De Carvalho

    Muito interessante o artigo. Infelizmente o link do vídeo nos conduz a um canal comunista do YouTube, motivo pelo qual alerto a editoria dessa revista que tem uma grande maioria de assinantes conservadores, cristãos, liberais e democratas.

  7. Renato Perim
    Renato Perim

    Que história impressionante e horripilante ao mesmo tempo. Eu não conhecia. Parabéns pela matéria, Daniela.

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