Começou no congelante 21 de novembro de 2013, na praça central Maidan Nezalezhnosti, em Kiev, na Ucrânia, o que viria a se tornar “o maior protesto pró-europeu da história”. O presidente Viktor F. Yanukovych subitamente recuou de um acordo comercial que abriria caminho para a adesão do país à União Europeia. Em vez disso, ele escolheu justamente o oposto: fortalecer as relações com a Rússia, parceira econômica de longa data da Ucrânia, desde os tempos da União Soviética comunista — e isso não foi bem recebido pelos cidadãos.
O que começou como uma manifestação pacífica na Praça Maidan — posteriormente conhecida como EuroMaidan — terminou com espancamentos e gás lacrimogêneo. O conflito foi intenso e brutal. A polícia decidiu usar munição real em vez de balas de borracha e incendiar um prédio inteiro, conhecido como sede do movimento.

A EuroMaidan, então, tomou outra proporção. Os ucranianos passaram a exigir a renúncia do governo, o combate à corrupção e uma maior integração europeia. A jornalista Lecia Bushak, da Newsweek Magazine, escreveu em seu artigo publicado em 2014:
“A EuroMaidan cresceu e se tornou algo muito maior do que apenas uma resposta raivosa ao fracassado acordo da UE. Agora, tratava-se de expulsar Yanukovych e seu governo corrupto; guiar a Ucrânia para longe de seu relacionamento de 200 anos, profundamente entrelaçado e doloroso com a Rússia; e defender os direitos humanos básicos de protestar, falar e pensar livremente e agir pacificamente sem a ameaça de punição.”

Foi um espetáculo amplamente transmitido. Milhares de pessoas arriscaram a vida reunidas em uma praça da cidade para lutar pela liberdade do seu país. Recusaram-se a sair, a despeito da violência cruel do Estado e do mau tempo. A praça foi transformada em um acampamento-base e, de lá, repetidamente, os civis tentaram marchar em direção ao Parlamento e à Residência Presidencial, mas todas as vezes foram interceptados.
Em 18 de fevereiro de 2014, os protestos transformaram-se numa revolução com confrontos generalizados na praça. Manifestantes — a maioria na faixa dos 20 anos — foram espancados e vários foram mortos. Muitos foram presos ou dados como desaparecidos. Em 22 de fevereiro, Yanukovych foi deposto. Ele fugiu do país e obteve asilo político na Rússia do presidente Vladimir Putin.
A luta do país pela liberdade e pela dignidade humana foi angustiante. Não por acaso, os protestos também ficaram conhecidos como Revolução da Dignidade ou Revolução de EuroMaidan. Crianças, pais, maridos e amigos foram assassinados durante os protestos. Ucranianos morreram em uma luta contra seu próprio governo e, considerando o quanto eles trabalharam para ganhar sua liberdade, é fácil entender por que estão ansiosos para defendê-la contra o atual invasor.

A revolução abriu espaço para uma nova geração de líderes anticorrupção e pró-democracia. O documentário Winter on Fire, dirigido e produzido por Evgeny Afineevsky, captura o idealismo e a resiliência dos ucranianos que se reuniram na Praça Maidan para protestar contra o afastamento de Yanukovych da União Europeia. As imagens foram filmadas durante manifestações reais de cidadãos ucranianos entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014. É um filme visceral e impactante, que retrata o terror, a raiva, o desespero e a determinação de todos aqueles que resistiram bravamente durante 92 dias em busca de liberdade, transparência, democracia e dias melhores para as próximas gerações.

Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
Leia também “O infame cerco a Leningrado”
Pois é, mas será que essa “revolução” não desencadeou a ocupação russa? Não estou condenando a reação do povo ucraniano, mas o confronto direto com os aliados do então governo foi uma boa estratégia? Colocar um artista woke no governo ucraniano para bater direto com Putin foi uma boa solução?
Bravo povo ucraniano.
Wagner Destro é Canhoto
O Destro no nome é só pra enganar trouxa, Erasmo.
Essa Daniela Giorno é indispensável na revista Oeste, seu simbolismo é essencial na manutenção do assinante. Que matéria! Toda semelhança com o Brasil é uma realidade, onde a união europeia é os EUA e a Rússia é o foro de São Paulo
Desculpe, Daniela, mas estranhei muito esse seu discursinho meloso sobre a “resistência” do povo ucraniano ao governo “corrupto”, em 2014. Não cola. Não para quem acompanha o noticiário das redes sociais. Veja, por exemplo, o que diz o perfil “Shadow of Hezra” no X:
“RFK Jr revelou que a USAID era na verdade uma fachada da CIA que, secretamente, canalizou US$ 5 bilhões, em 2014, para incitar tumultos na Ucrânia.
Segundo ele, esses tumultos apoiados pela CIA desencadearam um golpe de estado que derrubou o governo neutro e democraticamente eleito da Ucrânia.
Apenas um mês antes do golpe, uma ligação vazada entre Victoria Nuland e o embaixador dos EUA na Ucrânia revelou que ela já havia escolhido a dedo o novo gabinete do país.
‘Então eles estavam escolhendo o novo governo um mês antes do antigo governo ser derrubado.'”
Post publicado em 02/02/25 e se refere a um corte da entrevista dada por JFK Jr ao jornalista Tucker Carlson.