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Edição 256

Carta ao Leitor — Edição 256

A decadência da segurança pública no Brasil e os gastos previstos para a COP30 estão entre os destaques desta edição

Revista Oeste
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Em qualquer pesquisa sobre os maiores problemas do país, a segurança pública figura entre as principais preocupações dos brasileiros. Não é para menos: todos os anos, cerca de 40 mil pessoas são assassinadas no Brasil e outras 40 mil desaparecem. Além disso, há centenas de milhares de casos de estupros e assaltos, e o índice de elucidação desses crimes ainda é baixo: estima-se que apenas 8% dos homicídios e 2% dos assaltos sejam esclarecidos.

Paralelamente, pesquisadores advertem que o único caminho efetivo para o combate à violência é a redução dos benefícios obtidos pelo criminoso e o aumento do custo do crime por meio do endurecimento da legislação. “Um recente trabalho científico do professor Pery Shikida com criminosos presos no Estado de São Paulo revelou que a renda média obtida com as atividades criminosas era de aproximadamente R$ 46 mil por mês”, contou Roberto Motta, num artigo publicado na edição 240 de Oeste.

Mais: os próprios criminosos afirmam que penas mais severas (sem possibilidade de redução), prisão perpétua e pena de morte poderiam desestimular a violência. Mas o Brasil segue o caminho oposto, mostra a reportagem de capa desta edição, assinada por Silvio Navarro.

É catastrófica para o cidadão de bem a receita que mistura desencarceramento em massa, demonização da polícia e romantização do bandido. E as leis têm favorecido cada vez mais os delinquentes. Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal proibiu operações aéreas ou sem aviso prévio em favelas do Rio de Janeiro, terrenos demarcados pelo narcotráfico. O veto continua em vigor. Como se não bastasse, em agosto de 2023, o mesmo STF resolveu impedir que Estados e municípios removam compulsoriamente dos espaços públicos “pessoas em situação de rua”.

Esse é o maior obstáculo que Egidio Ferrari, prefeito de Blumenau, terá de enfrentar para concretizar uma promessa reiterada na campanha eleitoral: tirar das ruas todos os 521 homens e mulheres que insistem em permanecer em lugares que pertencem a todos os habitantes. Segundo a reportagem de Uiliam Grizafis, a prefeitura oferece a todos abrigo e uma oportunidade de trabalho ou internação no caso dos dependentes químicos.

É possível que o prefeito logo esteja diante de uma escolha de Sofia: ou cumpre o que ordenam os ministros do Supremo ou obedece ao artigo 1º da Constituição, que determina a Estados e municípios que garantam a “dignidade da pessoa humana”.

Enquanto metem o bedelho em atribuições de outros Poderes, os superjuízes, mostra o artigo de Augusto Nunes, continuam a anistiar corruptos irrecuperáveis. É o caso de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio e atual influencer. Os ministros também mantêm os olhos voltados para o que está prestes a acontecer em Belém.

Fabio Boueri informa que “o governo federal, em parceria com o governo do Pará, anunciou um investimento inicial de mais de R$ 220 milhões para a construção da ‘Vila de Líderes’ na capital do Pará, cidade-sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas”. Ainda não se ouviu um pio dos ministros sobre o suspeitíssimo processo de licitação para as obras do complexo. O vitorioso foi o Consórcio Vila Líder, cuja proposta foi quase R$ 45 milhões mais cara que a apresentada pela Metalúrgica Big Farm, terceira colocada.

O governo promete investir na COP R$ 5 bilhões. O contraste entre gastos com eventos de grande porte e a indigente realidade social de Belém é chocante: 60% da população vive em favelas, e apenas 15% dos domicílios têm acesso à coleta de esgoto. Apenas 3,5% do volume coletado é tratado. 

Esse quadro torna mais atual do que nunca a paródia de Guilherme Fiuza baseada num antigo sucesso de Caetano Veloso: “Caminhando contra o vento, sem lei e sem regimento, atrás do meu pagamento eu vou. Eu tomo uma Coca-Cola, ela pensa em dez por cento, a Selic eu não aumento. Amor, não vou. Porque não! Porque não!”

Boa leitura.

Branca Nunes,

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 256 | Foto: Shutterstock
8 comentários
  1. Wesley Lima da Motta
    Wesley Lima da Motta

    Boa tarde a todos da Revista Oeste. É de uma imbecilidade determinadas decisões neste país que chega ao insano! Parabéns pelo texto, Bianca !

  2. João José Augusto Mendes
    João José Augusto Mendes

    Só para lembrar, Paulo Maluf condenado a pagar uma fábula devido a roubo de dinheiro público com 18 imóveis penhorados, foi agraciado com o indulto natalino do Bolsonaro, com avaliação se enquadrava ou não no benefício, por ninguém mais que o comunista Fachin, que sabiamente concluiu que o larápio se enquadrava plenamente no perdão presidencial, diferentemente do Daniel Silveira, perseguido até hoje pelo Simão Bacamarte.

  3. José Carlos Soares Bebiano
    José Carlos Soares Bebiano

    Nossa corte suprema são favoráveis aos bandidos e traficantes, infelizmente.

  4. Rubens de Faria
    Rubens de Faria

    Quando eu era criança, ouvia dizer que o Brasil era o país do futuro! Só não previram que o futuro seria tão sombrio…

  5. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Sou a favor de pena de morte no Brasil. Tem certas situações que o delinquente não tem mais jeito, só eliminando mesmo.
    E, a partir daí, com a diminuição da população carcerária, poder se fazer uma verdadeira ressocialização.

  6. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    O Brasil das inutilidades, mudanças climáticas, não existe. Os governos estadual e federal são governos ladrões e esse STF não fica atrás. Então toda essa invenção é dar murro em ponta de faca

  7. IVAN SEVERO DA SILVA
    IVAN SEVERO DA SILVA

    🚨🌈💩 Aparelho excretor não reproduz, Levi Fidelis.
    Extrema esquerda ama bandidos

  8. Célio Antônio Carvalho
    Célio Antônio Carvalho

    É, de mal a pior esse Brasil. São números inadmissíveis. Como assim 40.000 assassinatos por ano? Ou a polícia não trabalha, protege o cidadão comum, ou tem algo estranho aí!
    Como gastar essa dinheirama na COP-30 numa cidade, num estado que não oferecem o básico ao seu cidadão?
    Para que servem esses governos? Onde estão as necessidades reais? A Floresta Amazônica está lá intacta, o clima está sob controle. Afinal, fenômenos climáticos sempre existiram e contiuarão a existir. Então, de novo, há algo estranho aí.
    Quais devem ser as situações tratadas mundialmente?: o clima ou as mazelas da capital? Imaginem vocês no interior? Nas cidades periféricas da grande Belém?
    Nós temos questões muito mais urgentes do que essa COP-30 que todos sabemos no que vai dar: NADA!
    Acorda Brasil! Temos perdido um tempo precioso que não será recuperado jamais!

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