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Ilustração: Shutterstock
Edição 256

Reabrem-se as torneiras do BNDES

E mais: a despedida do Carrefour da B3, as novas transações da Petrobras e a ofensiva de Lula sobre o Ibama

Carlo Cauti
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltou a financiar programas do governo federal. Desde o começo de 2023, o banco público de fomento já liberou R$ 190 bilhões em mais de 140 mil operações de crédito para a Nova Indústria Brasil.

Ou seja, em dois anos, o BNDES já aprovou 73% dos R$ 259 bilhões previstos para todo o mandato.

Embraer entre as maiores beneficiadas

Uma das empresas que mais têm recebido recursos do BNDES é a Embraer.

A fabricante de aviões e o banco público assinaram um acordo de financiamento para a produção de 16 aeronaves E-175 vendidas para a empresa americana Republic Airways, no valor de R$ 2,1 bilhões.

Além disso, o governo federal aprovou o financiamento do plano estratégico de inovação de R$ 331 milhões, destinados para o desenvolvimento de eVTOLs, os “carros voadores”, e para dar mais competitividade às aeronaves brasileiras no mercado internacional.

O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, anunciou que a empresa planeja investir R$ 20 bilhões no Brasil, além do que já previa, até 2030.

Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, e Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer, durante cerimônia de anúncio de financiamento do BNDES às exportações da Embraer, no Hangar F-300 da fábrica da Embraer, em São José dos Campos, SP (19/7/2024) |
Foto: Ricardo Stuckert/PR

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Fazendo caixa, pagando dívidas

O grupo Cosan pretende vender alguns de seus ativos com o objetivo de fazer caixa e reduzir seu elevado endividamento.

A empresa colocou à venda a Raízen Power, comercializadora de energia renovável, e está tentando aumentar o capital para a Raízen e para a Rumo.

Em janeiro, a Cosan vendeu a sua participação de 4% na Vale por R$ 9 bilhões.

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De saída do Brasil

O Carrefour Brasil informou que vai fechar o capital na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), ou seja, recomprar todas as suas ações e sair da B3.

A decisão da empresa foi justificada pelo objetivo de “permitir uma gestão mais ágil e um foco maior na execução das operações”.

A divisão brasileira do Carrefour se tornou estratégica para a matriz francesa, especialmente após as aquisições dos grupos Makro e BIG.

Fachada da entrada do hipermercado Carrefour, em São Paulo (8/2/2021) | Foto: Shutterstock

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Adiós, Brasil

Quem também está saindo do Brasil é a estatal petrolífera argentina YPF.

A empresa vendeu sua operação brasileira para a Usiquímica.

Mesmo assim, a estatal continuará recebendo royalties pelo licenciamento da marca e apoiando a Usiquímica no desenvolvimento de produtos.

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A siderúrgica brasileira que poderia se dar bem com as tarifas de Trump

As novas tarifas decretadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre aço e alumínio poderiam criar sérias dificuldades para siderúrgicas do mundo todo.

Entretanto, uma empresa brasileira poderia se beneficiar dessa situação: a Gerdau.

Segundo um relatório do BTG Pactual, a siderúrgica gaúcha poderia evitar as novas tarifas graças à sua operação em território americano, que poderia atender à demanda local sem depender das exportações.

Gerdau, a maior empresa brasileira produtora de aço | Foto: Shutterstock

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Waiver do combustível

As grandes distribuidoras de combustíveis brasileiras estariam cogitando pedir à Agência Nacional do Petróleo (ANP) uma dispensa temporária (“waiver”, em inglês) do cumprimento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel B vendido a varejistas.

De acordo com fontes do setor, a petição à ANP seria feita pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).

O documento está pronto e aguarda aprovação final das presidências das empresas associadas.

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Caminho das Índias

A Petrobras assinou dois acordos com estatais de energia da Índia, para projetos conjuntos de exploração e produção (E&P).

Além disso, a Petrobras assinou outro contrato de venda de petróleo para a estatal indiana Bharat Petroleum Corporation Limited (BPCL), com a previsão de entregar até 6 milhões de barris por ano a partir de 2025.

A estratégia visa a aumentar a base de clientes da petrolífera brasileira. No ano passado, a Índia foi o destino de 4% das exportações de petróleo da Petrobras.

Posto de gasolina moderno da Bharat Petroleum, em Nova Délhi, em Délhi, na Índia (4/2/2024) | Foto: Shutterstock

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Aguentamos, confia

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou que a estatal consegue aguentar preços estruturalmente mais baixos do petróleo se os Estados Unidos aumentarem a produção.

O presidente americano, Donald Trump, prometeu durante a campanha eleitoral que iria aumentar a produção.

Para Magda, o plano estratégico da Petrobras assume que o preço do barril pode cair a até US$ 65.

Segundo a presidente, a demanda da China por petróleo vai continuar, mesmo com a desaceleração da economia do Brasil em decorrência das tarifas impostas pelos EUA, e a dinâmica de oferta do petróleo não deve ser afetada pelas políticas americanas.

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Ibama em pé de guerra com Lula

O presidente Lula lançou uma ofensiva retórica para tentar destravar as atividades na Margem Equatorial. E o alvo parece ser o Ibama, principalmente seu presidente, Rodrigo Agostinho.

A bronca dada pelo presidente da República durante entrevista a uma rádio do Amapá foi interpretada no meio político como um sinal de que haverá mudanças na cúpula do instituto.

Agostinho poderá ser substituído pelo atual chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, que por sua vez deverá perder o cargo para Gleisi Hoffmann.

Paradoxalmente, ao se colocar em rota de colisão com o corpo técnico do Ibama, Agostinho foi um dos maiores aliados do governo na questão da Margem Equatorial.

Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, durante o lançamento do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil 2023, em Brasília (28/5/2024) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Desengavetando os estudos

Em maio de 2023, o Ibama tinha vetado o pedido da Petrobras para realizar uma perfuração de teste no mar, a 179 quilômetros da costa do Amapá.

O pedido poderia ter sido arquivado para sempre, não fosse a atuação de Agostinho. Contrariando um corpo técnico claramente hostil ao projeto, o presidente do Ibama conseguiu manter de pé a análise das prospecções.

Todavia, os servidores de carreira do Ibama estariam fazendo “corpo mole” e deixando a questão decantar, sem pressa de chegarem a uma conclusão. Tanto que o próprio Agostinho chegou a dizer que “não tem prazo para definir esse assunto”.

A pressão sobre Lula exercida pelo novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, senador do Amapá, poderia modificar essa situação. E provocar a demissão de Agostinho.

Leia também “A pressão de Alcolumbre para destravar a exploração de petróleo na Margem Equatorial”

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