Na madrugada de 17 de fevereiro de 1944, um alarme aéreo soou na Ilha Parry, no Atol de Enewetak (que na época se chamava Eniwetok), nas Ilhas Marshall, localizadas na região central do Oceano Pacífico. Fuzileiros navais americanos deram início à invasão e colocaram em prática a operação de três fases conhecida pelo codinome Catchpole. Projéteis caíram do céu e destruíram a pequena ilha, enquanto soldados japoneses buscavam abrigo. Após uma pausa durante a noite, o ataque recomeçou pela manhã, e a resistência inimiga foi eliminada no fim do dia.
Enewetak é o atol mais remoto das Ilhas Marshall, formado por 40 pequenas ilhotas. O plano americano era tomar as três principais: Parry e Enewetak ao sul, e Engebi ao norte. A resistência japonesa mais pesada estava em Enewetak.
O objetivo principal era capturar o campo de aviação localizado em Engebi. A luta pelo Atol de Enewetak durou apenas uma semana. Foi declarado seguro pelos americanos em 22 de fevereiro. Além do aeródromo, a tomada da ilha forneceu um porto para apoiar os ataques às Ilhas Marianas, ao norte.
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Os alemães estabeleceram sua colônia nas Ilhas Marshall em 1885. No entanto, em 1914 elas foram tomadas pelas forças da Marinha Imperial Japonesa e confiadas ao Japão pela Liga das Nações após a Primeira Guerra Mundial.
Antes da eclosão da Guerra do Pacífico, o governo japonês ignorou as ilhas e não estabeleceu nenhuma instalação militar no Atol de Enewetak. Foi somente em dezembro de 1942 que cerca de 800 trabalhadores, que haviam chegado à ilha no mês anterior, começaram a construir um campo de aviação na Ilha de Engebi. O aeroporto serviu de ponto de passagem e abastecimento para aviões nas rotas das Ilhas Carolinas e entre as outras ilhas da região. Uma brigada de infantaria japonesa foi enviada para defender apressadamente o atol. Mas, sem tempo útil para terminar as fortificações planejadas, Enewetak caiu frente à invasão dos fuzileiros navais americanos em fevereiro de 1944.
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George Strock, fotógrafo da Life, foi um dos primeiros homens a desembarcar na praia durante o ataque inicial e capturou raras e impactantes imagens, como a de um soldado japonês queimado vivo por um lança-chamas enquanto emergia de um buraco para lançar uma granada de mão.
As baixas americanas foram 348 mortos e 866 feridos para as Forças Aliadas. A guarnição japonesa registrou 3.380 mortos e 105 capturados.
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As ilhas foram transformadas em bases navais americanas e em campos de testes para armas atômicas. Entre 1946 e 1958, os Estados Unidos fizeram 67 lançamentos de bombas nucleares nas Ilhas Marshall. Quando os testes terminaram, em 1958, foi necessário o deslocamento forçado dos marshalleses para outros atóis. Muitos já estavam doentes, envenenados com o plutônio radioativo. Em 1980, depois que o solo superficial contaminado foi removido, Enewetak foi declarado fora de perigo, e seu povo teve a oportunidade de retornar. Porém, as primeiras safras cultivadas foram consideradas contaminadas e, assim como no Atol de Bikini, os habitantes tiveram que ser removidos novamente. Enewetak é hoje o maior depósito de lixo nuclear do mundo.
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Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
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