O governo Lula entrou na modalidade pânico por causa da alta dos preços dos alimentos. Essa alta está detonando sua popularidade, especialmente entre as camadas mais baixas da população. Em reunião no Palácio do Planalto, o presidente e vários ministros discutiram nesta semana uma série de medidas para tentar conter a alta dos preços.
Entre elas, limitação das exportações de produtos agropecuários, imposição de cotas e cobrança de impostos sobre parte da produção direcionada ao exterior. Um pacote denominado pelo governo de “comércio administrado”.
A mesma modalidade foi implementada na Argentina durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner com as chamadas “retenciones”. O que provocou um colapso na participação dos produtos agrícolas argentinos nos mercados internacionais.
O governo brasileiro só recuou depois de o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ameaçar deixar o Executivo caso a proposta se concretizasse.
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Se não taxa, desorganiza
Na busca desesperada por algo que possa amenizar os preços dos alimentos, o governo começou a estudar a redução de impostos de importação de produtos agropecuários. Principalmente as tarifas de importação de milho e do etanol oriundo de fora do Mercosul.
Todavia, essa proposta também divide o governo. Não apenas pioraria o rombo nas contas públicas como desorganizaria o setor, com produtores rurais que poderiam não sobreviver à concorrência estrangeira com a conjuntura econômica interna do Brasil.
Entre os ministérios que defendem a desoneração estão a Casa Civil e o Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Contra são as pastas do Desenvolvimento e da Agricultura.
Hoje o milho vindo de fora do Mercosul paga uma Tarifa Externa Comum (TEC) de 8%, enquanto sobre o etanol incidem 18%. Os produtos importados de países do Mercosul são isentos de impostos alfandegários.
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ANS quer planos de saúde ‘light’
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está estudando mudanças profundas no setor de planos de saúde, com a possível criação de um novo modelo de plano que não prevê cobertura para urgências e internações.
A proposta foi apresentada em uma audiência pública e iria contra a Lei dos Planos de Saúde, que já prevê planos ambulatoriais, mas sem a exclusão de serviços como atendimento de pronto-socorro.
A mudança foi defendida publicamente pelo empresário José Seripieri Júnior, dono da operadora Amil. Seripieri, fundador da Qualicorp, é muito próximo ao presidente Lula e tem um grande trâmite na ANS. O empresário estaria articulando a indicação de Wadih Damous, atual titular da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), para presidir a ANS.
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Banco do Brasil cada vez mais agro
O Banco do Brasil atingiu em fevereiro a marca histórica de R$ 400 bilhões na carteira de crédito de agronegócios e agricultura familiar. O que corresponde a cerca de 30% de toda a carteira de crédito do banco.
É um valor recorde que teve um crescimento de 12% em relação ao mesmo período de 2024.
Os recursos são distribuídos em diversas modalidades de crédito, como custeio pecuário e agrícola (aquisição de sementes, adubos e outros insumos), investimentos em máquinas e equipamentos, obras, armazenagem, irrigação, energias renováveis, recuperação de solos e pastagens, biodiversidade e inovações no campo, além de linhas para comercialização, industrialização e capital de giro.
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BPC fora de controle
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), o salário mínimo concedido para idosos que nunca contribuíram com o INSS e para deficientes, registrou uma alta recorde de 14,8% em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Alcançou a marca de R$ 10 bilhões em despesas.
O Tesouro Nacional está monitorando o aumento expressivo dos desembolsos, que estão afetando o Orçamento federal de forma cada vez mais pesada.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou fraudes de pelo menos R$ 5 bilhões ao ano na concessão do BPC, entre pessoas que não teriam requisitos legais ou econômicos e até mesmo já falecidas.
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Ibope francês
O Ipec — Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, herdeiro do extinto Ibope Inteligência, foi adquirido pelo grupo francês Ipsos, um dos líderes mundiais em pesquisa de mercado. O valor da transação não foi revelado.
O Ipec, fundado em 2021 por executivos do Ibope Inteligência, é um dos principais players em pesquisa de opinião pública e política no Brasil.
Suas pesquisas de opinião e análises políticas, por meio de estudos qualitativos e quantitativos, tanto on-line quanto off-line, são referência no mercado.
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Menos atividade para micro e pequenas empresas
A atividade econômica das micro e pequenas empresas diminuiu cerca de 2% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2024.
Os dados foram divulgados pelo último Índice SumUp do Microempreendedor.
Em relação a dezembro do ano passado, a queda em janeiro foi superior a 22%. Segundo o SumUp, esse número reflete a sazonalidade das compras de fim de ano.
São Paulo foi o Estado que mais sofreu contração da atividade, chegando a 91 pontos, ante uma média nacional de 97.
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Blue3 cresce e contrata
A Blue3 Investimentos, uma das principais assessorias de investimentos do Brasil, anunciou um plano de expansão para 2025. O que aumentaria sua força de trabalho em 40% com a contratação de 200 novos especialistas do mercado e a formação de outros 60 assessores.
A empresa, que tem cerca de R$ 30 bilhões sob custódia, quer somar R$ 10 bilhões ao patrimônio gerenciado e aumentar em 50% seu faturamento anual, chegando a R$ 300 milhões.
Segundo o CEO da Blue3, Wagner Vieira, haveria um aumento no número de filiais da empresa, que atualmente conta com 15 unidades em diversas localidades no Brasil.
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Supremo solar
O Supremo Tribunal Federal (STF) será alimentado em breve com energia solar.
A Companhia Energética de Brasília (CEB) assinou um acordo com a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e com a Corte para a construção de uma usina fotovoltaica em Brasília que fornecerá eletricidade para o STF.
A infraestrutura terá capacidade de 3,5 megawatts-pico (MWp) e produção anual de 6,8 gigawatts-hora (GWh). O custo do investimento será de R$ 15,3 milhões.
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Potássio brasileiro liberado
A Brazil Potash está mais próxima de poder iniciar as atividades de extração de potássio na região amazônica.
A empresa recebeu a liberação para começar as atividades de resgate de fauna e de supressão vegetal na área de lavra do Projeto Potássio Autazes.
O investimento no projeto é de cerca de US$ 10 milhões. Promete reduzir a dependência do Brasil das importações de fertilizante à base de potássio.
Quem está por trás dessa iniciativa é Stan Bharti, empresário indiano-canadense que já explorou minas na África, na Mongólia e no Canadá, e se tornou um dos maiores operadores de ativos naturais do mundo.
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Indústria de máquinas a todo vapor
As vendas de máquinas e equipamentos cresceu 19,5% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Os investimentos em máquinas no Brasil, tanto nacionais quanto importadas, registraram um crescimento de quase 38% em janeiro sobre igual mês do ano passado, chegando a R$ 33 bilhões.
As compras de máquinas produzidas no Brasil somaram cerca de R$ 16 bilhões, um aumento de mais de 32%, mas representaram menos da metade do consumo total. Todavia, as exportações caíram aproximadamente 22%, alcançando pouco mais de US$ 818 milhões.
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Reuters reduz o otimismo com o Ibovespa
Uma pesquisa realizada pela Reuters apontou que o Ibovespa deverá se valorizar menos do que o previsto até o final de 2025.
O levantamento aponta que o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) deverá terminar o ano em 138 mil pontos, uma alta de cerca de 10% em relação ao patamar atual, de cerca de 125 mil pontos.
Entretanto, na última pesquisa, realizada em novembro passado com 13 estrategistas do mercado de ações, a previsão indicava um Ibovespa em 145 mil pontos até o final do ano.
A alta de juros, inflação, desequilíbrio fiscal e conjuntura política estão gerando preocupação entre os analistas.
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Totvs desiste da Linx
A Totvs informou que desistiu do processo de aquisição da empresa de software Linx, controlada pela Stone.
Em comunicado de apenas duas linhas, a empresa não explicou as razões da desistência. O preço poderia ter sido o principal entrave.
A Stone estaria pedindo o mesmo valor pelo qual comprou a Linx em 2020, ou seja, quase R$ 7 bilhões. Alto demais.
Leia também “Banco do Brasil se prepara para o pior”
No texto sobre o potássio tem uma menção a “supressão vegetal”. Por que não escrever desmatamento? Porque fica mais bonito?