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Usina de Itaipu, Paraguai/Brasil | Foto: Shutterstock
Edição 261

Carta ao Leitor — Edição 261

A corrupção em Itaipu e a falta de mão de obra qualificada no Brasil estão entre os destaques desta edição

Revista Oeste
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Um astronauta que tivesse ido ao espaço em 2016 e voltado agora teria certeza de que o tempo não passou. Para os brasileiros que permaneceram com os pés no chão, a sensação é de déjà-vu: economia no rumo do abismo, inflação em alta, assistencialismo sem freios, gastos públicos nas nuvens e corrupção crescente. O governo Lula está cada vez mais Lula.

Uma das fábricas de dinheiro sob o controle do partido é a Itaipu Binacional, a segunda maior hidrelétrica do mundo — superada apenas pela chinesa Três Gargantas. Como mostra Silvio Navarro na reportagem de capa desta edição, a usina deveria ter duas metades e dois donos: Paraguai e Brasil. Agora as coisas mudaram: metade é do Paraguai, metade é do PT.

Na série de convênios mais que suspeitos firmados pela estatal, alguns surpreendem pela desfaçatez explícita. O Programa Bio Favela — Cufa e Itaipu pela Vida na Favela, por exemplo, recebeu R$ 24 milhões para oferecer aulas e material esportivo a crianças. Entre os gastos, há desperdícios especialmente impressionantes. Um deles: foram adquiridas três bolas profissionais para cada jovem atendido — e com valores acima do mercado.

Itaipu serve de abrigo para uma ala fiel ao partido. Militantes ocupam cargos com salários médios de R$ 20 mil. Nesse grupo já figurou Janja da Silva, contratada da empresa durante 16 anos, até assumir publicamente o relacionamento amoroso com Lula — e deixar o cargo.

Enquanto a companheirada permanece empoleirada no serviço público, o setor produtivo agoniza com a falta de mão de obra qualificada. No fim de 2023, segundo o repórter Anderson Scardoelli, havia quase 200 mil empregos no agronegócio à espera de um trabalhador. Só no Estado de São Paulo, seguem abertas outras 30 mil vagas no setor de supermercados. Na construção civil, quase 40% dos empregadores encontram dificuldade em contratar.

Um dos motivos para essa carência é o excesso de benefícios sociais. Em 2004, 6 milhões de núcleos familiares recebiam o Bolsa Família. Hoje, são 21 milhões. Paralelamente, os valores passaram de R$ 48 para R$ 670 por mês. Se dois brasileiros viverem juntos, mas não forem formalmente casados, a renda mensal pode chegar a R$ 1,2 mil — valor próximo ao do salário mínimo, hoje pouco acima de R$ 1,5 mil.

Diante desse cenário, é compreensível a resposta do Grok, a inteligência artificial da empresa xAI, de Elon Musk, à pergunta de Dagomir Marquezi: “Qual foi o governo mais corrupto da história do Brasil?”. Diferentemente do ChatGPT, o Grok “raciocina” durante um tempo bem maior e vai relatando ao usuário os caminhos que o levaram a determinada conclusão. Depois de um minuto e sete segundos de pesquisa em 60 fontes diferentes, veio o resultado:

O governo mais corrupto na história do Brasil é provavelmente o de Dilma Rousseff ou, mais amplamente, os governos do PT sob Lula e Rousseff. Lula foi condenado por corrupção e cumpriu pena, enquanto Rousseff não foi condenada, mas seu governo foi associado à corrupção generalizada. Isso sugere que o governo de Lula pode ser visto como mais corrupto devido ao seu envolvimento pessoal, enquanto o de Rousseff é corrupto por ações de sua administração.”

Para descobrir como estava o clima em Auckland, na Nova Zelândia, o Grok levou mais tempo: um minuto e 18 segundos.

Boa leitura.

Branca Nunes,

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 261 | Foto: Shutterstock
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