— O ovo tá caro.
— Tá. Mas isso não vai ficar assim, não.
— Não?
— Já identificamos a origem do problema.
— Qual é a origem do problema?
— As galinhas.
— O que elas fizeram?
— Ainda estamos investigando. Parece que estão botando menos ovos.
— Será?
— Com certeza. E é deliberado.
— Como assim? As galinhas estão botando menos ovos de propósito?
— Tudo indica que sim. Uma espécie de operação tartaruga.
— Galinha se fingindo de tartaruga?
— Mais ou menos isso.

— Qual seria a intenção delas?
— Atentar contra a democracia.
— Será? Nunca vi galinha golpista.
— Mas tem. Tem golpista por todo lado.
— Todo mundo é golpista?
— Menos nós, que chegamos ao poder pela providência divina.
— Parabéns.
— Obrigado.
— E quais serão as providências para defender o Estado de Direito contra a conspiração das galinhas?
— Começaremos com uma queixa-crime contra as tartarugas.
— Não eram as galinhas?
— Sim, mas precisamos começar investigando as mentoras intelectuais da operação tartaruga. Quem ensinou as galinhas a botar ovos mais devagar?
— Perfeito. E depois?
— Estamos negociando uma delação premiada com o galo.
— Qual é a expectativa?
— Se apertar, ele cacareja.
— Bem pensado. Vocês estão achando então que a escalada inflacionária foi toda tramada no galinheiro.
— Exato. Como forma de gerar insatisfação na população e facilitar a virada de mesa.
— Interessante. Mas se virar a mesa os ovos se quebram.
— Entendeu o plano fascista? Aí o amarelo das gemas se espalha e provoca aquele efeito patriótico terrível, que nossa inteligência chama de Síndrome da CBF.
— CBF?
— É. Todo mundo com camisa da seleção formando aquele tsunami amarelado que a gente detesta.

— Não seria mais fácil proibir o amarelo em todo o território nacional?
— Não queremos nos indispor com nenhuma das cores. Estamos inclusive anunciando uma isenção tributária para o milho, que também é amarelo.
— Mas isso não vai causar perda de arrecadação?
— Não. Vamos sobretaxar as galinhas, que são as vilãs do processo.
— Isentar o milho, sobretaxar a galinha… Assim o preço do ovo não cai.
— Se não cair, a gente espalha que ovo faz mal.
— Genial. Será que cola?
— Com a imprensa amiga espalhando aquelas manchetes iguaizinhas, cola.
— Tá tudo dominado, então.
— Se melhorar, estraga.
— Viva a democracia!
— Abaixo a ditadura das galinhas!
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É, “Tá tudo dominado…” mesmo e tudo indica que o gramcismo (aparentemente) venceu.
SENSACIONAL! Mas, pelo que parece, as galinhas já estão presas!!!! KKKKKKKKKKKKK