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Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Edição 261

Os gringos estão voltando à B3

E mais: o populismo habitacional, o impulso do agro, a privatização premiada da Sabesp e a briga das aéreas

Carlo Cauti
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Os investidores estrangeiros estão de volta à Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. Desde o começo do ano, os aportes de gringos no mercado de capitais brasileiro estão beirando os R$ 14 bilhões.

Uma tendência contrária ao que foi registrado em 2024, quando mais de R$ 32 bilhões tinham sido retirados.

Com a volta dos estrangeiros, o Ibovespa, principal índice da B3, já subiu cerca de 10% desde janeiro.

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E o governo quer taxá-los

O governo brasileiro parece não querer perder a ocasião para tungar parte dos recursos dos gringos. A proposta de reforma do Imposto de Renda apresentada pelo Ministério da Fazenda prevê um aumento da taxação sobre os investidores estrangeiros.

O projeto de lei enviado ao Congresso Nacional prevê uma retenção na fonte de 10% dos dividendos obtidos por estrangeiros e remetidos ao exterior.

Obviamente, isso provocará uma redução desse tipo de investimento. E as previsões do próprio ministério apontam para uma redução do fluxo de remessas de dividendos de empresas para o exterior em caso de aprovação da reforma.

O Ibovespa, principal índice da B3, já subiu cerca de 10% desde janeiro | Foto: Shutterstock

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Otimismo com o Brasil em alta

Os gringos estão mais confiantes quanto ao desempenho econômico do Brasil.

Segundo uma pesquisa do Bank of America (BofA), o porcentual de gestoras que esperam que o país possa ter uma performance superior aos vizinhos da América Latina, como o México, cresceu em março e ultrapassou os 60%. No mês passado eram 45%.

O levantamento foi realizado com 33 casas da região, que possuem cerca de US$ 70 bilhões em ativos sob gestão.

Segundo os dados, diminuiu o porcentual de casas que esperam revisões baixistas para os lucros das empresas em 2025, saindo de 38% para 21%.

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Populismo habitacional

O governo Lula está tentando turbinar o Minha Casa, Minha Vida.

Em ofício enviado ao Congresso, o Executivo remanejou o Orçamento, destinando R$ 15 bilhões do Fundo Social ao programa habitacional.

Os recursos vão ampliar a Faixa 3 do programa, voltado para a classe média, que inclui famílias com renda entre R$ 4.400,01 e R$ 8.000 ao mês.

Já na semana passada, o Executivo havia feito um acréscimo de pouco mais de R$ 20 bilhões ao Fundo Social para ações de financiamentos de investimentos em infraestrutura social.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida, no Residencial Viver Outeiro, em Belém, PA (13/2/2025) | Foto: Ricardo Stuckert/PR

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O agro se confirma como o motor do Brasil

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), do Banco Central, considerado a prévia do produto interno bruto (PIB), registrou uma alta bem acima do esperado no mês de janeiro.

O indicador subiu 0,9% no primeiro mês do ano, surpreendendo os analistas que aguardavam uma alta de apenas 0,22%.

O grande incentivo veio do agronegócio, que está impulsionando a economia brasileira graças a uma safra recorde. Serviços, varejo restrito e indústria ficaram negativos ou zerados no primeiro mês do ano.

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Financiamento do cacau

Pequenos produtores de cacau dos Estados da Bahia e do Pará vão receber financiamentos para suas atividades.

O Instituto Arapyaú, a plataforma de investimentos Violet, o grupo Taboa e o investidor de impacto MOV Investments criaram o fundo Kawa, que ofertará crédito para esses agricultores, tradicionalmente menos beneficiados pelo mercado financeiro.

O anúncio foi feito durante a Fundação Mundial do Cacau, em São Paulo.

Os recursos, cerca de R$ 30 milhões, serão distribuídos para 1,2 mil pequenos produtores rurais. A maior parte da produção de cacau do Brasil é proveniente dessa categoria.

Pequenos produtores de cacau dos Estados da Bahia e do Pará vão receber financiamentos para suas atividades | Foto: Shutterstock

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Enxurrada de royalties

O Brasil vai ganhar mais dinheiro com a extração petrolífera.

Segundo cálculos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a arrecadação com royalties da indústria de petróleo e gás aumentará 9,7% de 2025 a 2029.

Para 2029, a ANP prevê uma arrecadação de cerca de R$ 74,6 bilhões em royalties, ante os cerca de R$ 68 bilhões deste ano.

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A guerra dos pets

A chamada “guerra dos pets”, a disputa pelo predomínio no bilionário mercado dos produtos para animais domésticos, está prestes a se intensificar.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu início à fase de confronto direto entre concorrentes no caso da fusão entre Petz e Cobasi. E a Petlove está tentando ser admitida como “terceira interessada”.

A Petlove apresentou uma série de dados para corroborar a tese de que a fusão será danosa para a concorrência e levará ao monopólio em algumas cidades. Para Petz e Cobasi, a rival estaria tentando tumultuar a operação e teria um “objetivo escuso”.

Petlove apresentou uma série de dados para corroborar a tese de que a fusão será danosa para a concorrência | Foto: Divulgação

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Churrasco brasileiro conquista o mundo

A rede de churrascarias Fogo de Chão está se preparando para abrir novos restaurantes.

Para isso, o fundo Bain Capital, que controla a operação desde 2023, está prestes a listar a empresa na Bolsa de Nova York, a fim de obter o capital necessário para realizar os investimentos.

Atualmente, a Fogo de Chão tem nove unidades no Brasil e 70 nos Estados Unidos, com um faturamento de US$ 700 milhões em 2025. O objetivo para este ano é alcançar US$ 1 bilhão em vendas.

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Privatização premiada

A Sabesp foi premiada como a melhor privatização da América Latina em 2024.

O prêmio Latin America Equity Issue of the Year, concedido pela International Financing Review (IFR), reconhece a privatização da empresa de saneamento paulistana como a operação mais bem-sucedida da região no ano passado.

No começo de 2025, a privatização também foi destaque no LatinFinance Deal of the Year Awards, realizado em Nova York.

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Briga aérea

As companhias aéreas Gol, Latam e Azul estão investigando sua parceria com a Despegar, holding dona da marca Decolar.

A ação contra a empresa de venda de passagens e pacotes teria começado depois de as aéreas terem tomado conhecimento de uma fraude na comercialização de bilhetes por meio da chamada tarifa operador.

A Despegar passou a incorporar essa tarifa com desconto a pacotes de vendas de passagens aéreas, o que é irregular. Ao mesmo tempo, o consumidor final pagava o preço cheio do bilhete, e a companhia absorvia o desconto.

Uma operação que teria inflado os resultados financeiros da Decolar. E deixado furiosas as aéreas.

Despegar passou a incorporar tarifa com desconto a pacotes de vendas de passagens aéreas, o que é irregular | Foto: Reprodução/Redes Sociais

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2 comentários
  1. Luciano Espinheira Fonseca Junior
    Luciano Espinheira Fonseca Junior

    Creio que, devido à notícias “maravilhosas” (até tu Cauti!!!) Elon Musk transferirá a sede das suas empresas para esse, que é, disparado, o País mais “estável e promissor “ do mundo. A propósito, a transferência de trinta milhões de reais (quantia irrisória) para pequenos produtores de cacau, da Bahia e do Pará, servirá para que? Só para o “grupo globo” foram doados cerca de trezentos milhões de reais!!!

  2. Luciano Espinheira Fonseca Junior
    Luciano Espinheira Fonseca Junior

    Pelo que está escrito, estamos vivendo no melhor País do mundo, onde tudo dá certo. Inacreditável!!!

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