Pular para o conteúdo
APENAS R$ 39,90/mês
publicidade
Nova versão da clássica história da Branca de Neve | Foto: Reprodução/Divulgação
Edição 262

A inveja é uma droga

Lula quer de qualquer forma colocar a pecha de “presidiário” em seu principal oponente, para nivelar por baixo a coisa, para equipará-los

Rodrigo Constantino
-

Não vou falar do “julgamento” de Bolsonaro e demais réus no STF nesta semana. Sei que é o assunto mais importante de todos, que comprova a total destruição de nossa Justiça, mas tenho certeza de que outros colegas abordarão com maestria o tema. Em vez disso, vou falar da inveja. E tomo como base o novo filme da Disney, Branca de Neve. Um total fracasso de bilheteria! E nem poderia ser diferente.

Não precisamos entrar aqui na agenda woke da produção, nem falar da atriz principal matando a história de amor para transformá-la em militância feminista, na própria escolha de uma “Branca” morena, na troca do passarinho por um corvo ou na substituição de anões por imagens de computador. Tudo isso ajuda no fracasso, claro, mas nem era preciso ir tão longe. O problema está logo na largada.

A rainha má morre de inveja de Branca de Neve. Eis o ponto central da história contada pelos irmãos Grimm e popularizada pelo clássico da Disney. A rainha consultava seu espelho e perguntava quem era a mais bela do mundo, ao que ele sempre respondia: “Senhora Rainha, vós sois a mais bela”. Quando Branca de Neve fez 17 anos, e um dia a madrasta narcisista perguntou “quem é a mais bela de todas?”, o espelho respondeu: “Você é bela, rainha, isso é verdade, mas Branca de Neve possui mais beleza”. O resto é conhecido, e a maçã envenenada foi fruto dessa inveja.

Ora, como pode alguém em sã consciência olhar para as duas atrizes escaladas para os principais papéis e fingir não notar o absurdo da coisa? Gal Gadot, a “Mulher Maravilha”, ficou com a personagem da madrasta invejosa, enquanto Rachel Zegler foi selecionada para fazer a Branca de Neve. A beleza tem alguma coisa de subjetiva, há quem goste de traços mais exóticos, por exemplo, mas para 99% do público parece simplesmente ridículo imaginar que Gal Gadot poderia ter inveja da beleza de Rachel Zegler. O troço nasceu morto, eis a questão.

O humorista Paulo Souza fez um bom resumo da situação: Gal Gadot sentir inveja da beleza de Rachel Zegler é como Michelle Bolsonaro sentir inveja de Janja, Julia Zanatta sentir inveja da “feminilidade” de Erika Hilton, Nikolas Ferreira ter inveja da honestidade de André Janones, Trump ter inveja da “democracia” de Lula, Lacombe ter inveja do “jornalismo” de Daniela Lima, Olavo de Carvalho sentir inveja da “sabedoria” de Felipe Neto ou o Japão ter inveja da urna eletrônica brasileira. Ou seja, eles querem que a gente finja não ver o que está bem na nossa cara.

A inveja é um sentimento com profundas consequências para o progresso da humanidade e, caso não seja devidamente domesticada, pode limitar bastante nossos avanços. O filósofo austríaco Helmut Schoeck escreveu um brilhante livro sobre o tema, chamado Envy: A Theory of Social Behaviour. Seu trabalho deveria ser lido por todos, principalmente por aqueles que defendem uma utopia na qual seria possível construir uma sociedade igualitária, desprovida da inveja. O autor deixa claro, com sólidos argumentos e vasta experiência empírica, que não só é impossível a construção de tal sociedade como o motivador de seus defensores é muitas vezes a própria inveja. Está claro que os responsáveis pelo novo filme da Disney, no fundo, invejam a beleza de Gal Gadot, inexistente em Rachel Zegler!

No livro, o autor vai buscar os indícios de inveja — e os mecanismos desenvolvidos para evitá-la — nas sociedades mais primitivas de que se tem conhecimento. A crença na magia negra, por exemplo, teria pouca diferença da fé socialista de que o pobre é pobre por ser explorado pelo patrão, ou a crença das nações subdesenvolvidas de que assim estão por culpa das nações mais ricas. O uso de algum bode expiatório, seja a magia negra, o desejo dos deuses, seja o capitalismo explorador, serve para consolar aqueles invejosos que não suportam o sucesso alheio explicado por mérito ou por uma superioridade qualquer em relação a si próprios.

Se o vizinho teve uma colheita melhor, não pode ser pela sua maior eficiência e produtividade, pois isso seria um atestado de superioridade que o invejoso não está disposto a dar. Diferentemente daquele que observa e admira o sucesso alheio, o invejoso vai buscar refúgio nas “explicações” fantasiosas, como o uso da magia pelo vizinho, a pura sorte, o destino traçado pelos deuses etc.

Se todos possuem, em diferentes graus, o sentimento de inveja, a busca de proteção contra o invejoso — o “mau-olhado” — sempre esteve presente nas diferentes culturas também. Quanto mais uma sociedade conseguiu controlar os invejosos e dar mais espaço e liberdade para os inovadores, para os melhores, mais progresso atingiu. O socialismo igualitário é a ideologia da inveja, um culto da mediocridade, uma revolta contra tudo aquilo que é Bom, Belo e Verdadeiro. O autor sintetiza: “O desejo utópico por uma sociedade igualitária não pode ter surgido por qualquer outro motivo que não a incapacidade de lidar com a própria inveja”. 

Eu disse que não falaria do “julgamento” de Bolsonaro, mas me precipitei. O tema aqui é a inveja, mas não se trata da mesma coisa? Agora podemos compreender melhor a postura de Lula em relação a Jair Bolsonaro. Lula nunca arrastará, de forma espontânea, multidões por onde passa, e sabe que foi preso por crimes reais que cometeu, com “provas sobradas”, por juízes imparciais. Lula morre de inveja de Bolsonaro, eis a verdade. E o presidente quer de qualquer forma colocar a pecha de “presidiário” em seu principal oponente, para nivelar por baixo a coisa, para equipará-los.

Para isso, conta com seus comunistas supremos, que não se consideram suspeitos de julgar aquele que demonizam. E por isso atropelam todas as prerrogativas da defesa num julgamento claramente político. Bolsonaro precisa pagar por ter sido um presidente diferente, sem escândalo de corrupção. Lula deve estar no banheiro neste momento, perguntando: “Diga, espelho meu, existe alguém mais popular do que eu?”. E o espelho, com sua sinceridade ímpar, retruca: “Não existe ninguém mais invejoso do que o senhor, meu presidente!”.

Ex-presidente Jair Bolsonaro durante declaração a imprensa após virar Réu no STF | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Leia também “Ainda estou aqui”

10 comentários
  1. Diana Nogueira De Carvalho Rodrigues
    Diana Nogueira De Carvalho Rodrigues

    Perfeito,Consta !

  2. Vicente De Paulo Pereira Carneiro
    Vicente De Paulo Pereira Carneiro

    Muito bom. Genial sua percepção.

  3. Robson Oliveira Aires
    Robson Oliveira Aires

    Sensacional. Parabéns Constantino.

  4. Edi Lino de Jesus
    Edi Lino de Jesus

    É verdade! A inveja é coisa triste para o invejoso Lula não esquece um segundo da uma vida que Bolsonaro é e sempre será melhor e muito acima dele,em honra e honestidade. Presidente Amado e inesquecível!
    Parabéns Consta, forte abraço pra vc Deus te proteja!

  5. José Pedro Scatena
    José Pedro Scatena

    Consta, precisa muita coragem e um estômago de aço pra psicanalisar o Lule, que, como todo comunista que se preze, ou despreze, quer nivelar tudo por baixo.
    Já o Espelho Mágico, que respondeu que a feiosinha era mais bonita que a Gal Gadot, tinha que ser andado para o conserto, se a Rainha Gostosa tivesse um mínimo de discernimento. E é exatamente o que se passa conosco. A Urna MAGICA eletrônica que elegeu o lule está tão fora de sincro quanto esse Espelho Mágico. E
    o nosso povo TEM discernimento.

  6. Teresa Guzzo
    Teresa Guzzo

    Artigo excelente de Rodrigo Constantino, tocou em um tópico fundamental dos sentimentos humanos,a inveja.Em muitos casos ela se torna patológica como no caso de Lula,acha que é só subir no palanque que sempre derrotará o oponente Não será sempre assim não ,veremos em 2026,se tivermos eleições limpas.Lula pode olhar para vários espelhos que ouvirá a voz da verdade:ladrão, corrupto, mentiroso e vigarista,além de tudo é feio e asqueroso. Meus.sentimentos a quem destruiu a maravilhosa e.profuna história da Branca de Neve escrita pelos irmãos Grimm, só poderia mesmo ser um fracasso de bilheteria.

  7. Gustavo Guimarães Lamonato
    Gustavo Guimarães Lamonato

    Perfeito. Parabéns

  8. Suzana Maria De Andrade Araujo
    Suzana Maria De Andrade Araujo

    Perfeito, não mudaria nem uma vírgula ou ponto. Consta, vc foi na veia!

  9. Ana Cláudia Chaves da Silva
    Ana Cláudia Chaves da Silva

    Excelente texto. Lula tem inveja de absolutamente tudo do Bolsonaro: da honestidade, da coragem, da mulher linda e discreta, da multidão que ele arrasta onde quer que passe, do fato de ser o melhor Presidente que o Brasil já teve.
    Lula é um traste.

  10. Felipe Polido Fernandes
    Felipe Polido Fernandes

    Na mosca, Consta!

Anterior:
Imprensa tradicional descobre o PT
Próximo:
O crime no poder
Newsletter

Seja o primeiro a saber sobre notícias, acontecimentos e eventos semanais no seu e-mail.