Nas 26 edições já publicadas antes desta 27ª, a Revista Oeste apontou quanto o Estado opera em direções equivocadas, de modo a manter o alto nível de disfuncionalidade do país, transferir renda do pagador de impostos para a casta privilegiada de altos funcionários públicos, estabelecer regulações que travam o empreendedorismo e preservar a desigualdade social, na medida em que destina a maior parte dos recursos da educação para as universidades e deixa na penúria o ensino fundamental. Não faltam razões, portanto, para discutir a reestruturação do Estado — pauta que, felizmente, tem mobilizado o governo e importantes segmentos da sociedade. Se não tem faltado espaço para críticas, é justo que sejam apresentados avanços — quando eles ocorrem. E o que se vê na infraestrutura é notável. O editor-executivo Silvio Navarro foi conversar com o discreto ministro Tarcísio Gomes de Freitas.
Engenheiro civil e capitão do Exército da reserva, Freitas trabalha sem alarde e é o principal responsável por um conjunto de obras que tem o potencial de destravar a infraestrutura no país. Hidrovias conectadas a ferrovias, integração de autoestradas à malha ferroviária, ampliação de portos, concessão de aeroportos para ganho de eficiência. Tudo isso está progredindo rapidamente, diversas obras já foram concluídas, planos consistentes têm sido implementados. Não há dúvidas de que o crescimento sustentável do Brasil depende da infraestrutura e o ministério responsável tem feito a sua parte. Por tratar-se de uma questão por demais estratégica, Freitas pensa em constituir uma política de Estado e não apenas um plano de governo. Há obras a ser executadas até 2028, por administrações vindouras. Numa República na qual o juízo impere, em vez de vaidades e interesses eleitoreiros episódicos, é assim mesmo que a coisa pública tem de ser conduzida: com o olhar no longo prazo.
Para evitar que um pesadelo assombre as perspectivas da nação mais adiante, no entanto, é necessário que no curto prazo certas providências fiscais não sejam esquecidas. O economista Ubiratan Jorge Iorio lembra que medidas emergenciais de estímulo à oferta e à demanda têm de ser exclusivamente o que são: emergenciais. E só. Temporárias. Escreve Iorio: “O problema é que as ideias de ficção econômica costumam ressurgir sempre que se configura algum contratempo relevante, fazendo voltar à tona argumentos surrados, como o de que é melhor combater crises de grande porte com a transferência para o governo da tarefa de criar demanda, na crença de que a oferta responderá a esse crescimento”. Isso jamais acontece. É o mercado que gera prosperidade, crescimento. O Estado não detém essa capacidade. Por essa razão, as reformas estruturais têm de seguir no radar da sociedade.
Defender essas ideias, no entanto, está cada vez mais complicado. O cânone progressista dá o tom do debate público e o pensamento liberal-conservador encontra barreiras para disseminar-se. Plataformas de cursos on-line, redes sociais, agências de checagem de fatos e até serviços de pagamentos digitais têm criado entraves para indivíduos e grupos associados ao conservadorismo. A editora Branca Nunes e o repórter Anderson Scardoelli traçam o panorama do cerco à direita. A própria Revista Oeste tem sido alvo das investidas.
A intolerância do ativismo progressista foi ao extremo no Reino Unido com a convocação por parte de uma dupla de astros pop para a queima do novo livro de J. K. Rowling. A autora tem sido alvo de agressões graves, insultos sexistas sistemáticos, enviam-lhe pornografia explícita. E por qual razão? Rowling acredita na existência de algo chamado sexo biológico — aparentemente, um pecado segundo o credo progressista — e o personagem principal do seu próximo romance, ainda não lançado, é um assassino que se veste de mulher. A autora seria, portanto, “transfóbica”. Brendan O’Neill, da Spiked, conta essa história.
Também no Reino Unido, ativistas do movimento Black Lives Matter exigiram a mudança de nome da Torre David Hume, na Universidade de Edimburgo, na Escócia. O diapasão Antifa considera fora do tom politicamente correto uma nota de rodapé sobre raça escrita pelo filósofo iluminista escocês do século 18. É irrelevante o fato de que Hume tenha se posicionado firmemente contra a escravidão muito antes de o movimento abolicionista conquistar expressividade. O Comitê de Igualdade e Diversidade da instituição rebatizou temporariamente o prédio, agora chamado “40 George Square”. O cientista político Bruno Garschagen trata do caso e vai além. Garschagen discorre sobre como o pensamento conservador vem perdendo a guerra cultural em curso.
O mesmo sentimento que alimenta a recusa à História, como no episódio da Torre David Hume, ou o descrédito à biologia — no banzé contra J. K. Rowling — está presente na aversão à matemática. Estatísticas só valem para defender o “fique em casa”. Contas com evidências de que a pandemia está arrefecendo e nunca chegou perto de matar o número de pessoas que os prognósticos apontavam são, necessariamente, mencionadas por “fascistas” e “negacionistas” de extrema direita. Diz J. R. Guzzo: “Dizer que os números são o que são tornou-se num ato tido como imoral, politicamente perverso e contrário ao interesse da humanidade pelas forças que decidem sobre o bem e o mal nas sociedades de hoje”.
A discussão ganha nuances alucinógenas quando não há hesitação em condenar o presidente norte-americano, Donald Trump, por ter dito o óbvio na Assembleia-Geral da ONU. A China precisa, sim, ser responsabilizada pelo desastre global que causou. É essa a pauta do artigo do escritor Guilherme Fiuza nesta edição.
Pois é, o mundo não está nada fácil. A Revista Oeste quer ajudar a lançar luz sobre alguns dos temas complexos.
Boa leitura.
Os Editores.
Depois de 26 edições achei o modo certo de ler a Oeste. Meu monitor de 22 polegadas. Coloco o zoom no Chrome em 175% e a coisa muda. Parabéns por mais uma edição.
Acompanhando sempre mas, como bom mineiro, com um pé atrás. Tá na hora de colocar esses “progressistas” na latrina deles: ultraesquerdistas, socialistas caviar ou comunistas radicais. Parece piada chamar essa gente de progressista ou (r)evolucionária.
Excelente trabalho Revista Oeste!!
Dias atrás, comentando um texto aqui nesta revista, eu disse ao autor que o país dele, Inglaterra, assim como o nosso, vem sendo muito permissivo com as idiossincrasias humanas. Taí a prova.
Show! Vamos agora às reportagens. Melhor revista Brasileira de todos os tempos…
Concordo plenamente.
Também concordo. Quando se ouve a palavra “ progressista “ imagina-se progresso e não TOTAL ATRASO GLOBAL, como vemos constantemente.
Com a Revista Oeste, sei que a cada edição ficarei muito melhor informado em assuntos relevantes. Há anos vimos ouvindo que “informação é tudo”, mas na verdade o que se vê por aí é uma forte “desinformação” com viés esquerdista. E esses ainda se auto intitulam “progressistas”… acho um crime não colocar aspas nessa palavra ao se referir aos esquerdistas