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Edição 30

Carta ao Leitor — Edição 30

Um país rumo ao desastre, a anomalia institucional, o combate ao pensamento conservador e a esperança no capitalismo

Redação Oeste
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Quando um país escolhe deliberadamente a ruína, é muito difícil mudar a rota do desastre. A Argentina avança a passos seguros para a autodestruição. O governo de Alberto Fernández intervém no setor produtivo e afugenta investidores e grandes empresas. É crescente o número de empresários que deixam o país. O desemprego é o maior dos últimos 16 anos. Grevistas barraram a exportação de grãos. Pecuaristas não terão dinheiro para repor as matrizes dos rebanhos. Parte da elite de Buenos Aires está de mudança para Punta del Este, no Uruguai. A economia está devastada e é notável o avanço do populismo, traço histórico na cultura política dos nossos hermanos. Nesta 30ª edição da Revista OESTE, a Redação convidou o respeitado economista argentino Martín Tetaz para apresentar um panorama das desditas por que passa a população do país vizinho. O artigo de Tetaz não deixa de ser, também, uma lição para os brasileiros. Convém relembrar sempre os fracassos que resultam das escolhas da esquerda e da mão pesada do Estado.

Embora o Brasil tenha decidido seguir numa direção bem diferente no que diz respeito à economia, nossas instituições não são propriamente exemplares quando observamos outros aspectos da ordem pública. “Não é que elas estejam funcionando mal, ou passando por alguma anomalia — ao contrário, elas são organizadas de maneira a tornar inevitáveis resultados como o que vimos nesta semana. É um sistema”, escreve J. R. Guzzo, ao analisar a decisão do ministro Marco Aurélio Mello que acabou produzindo a libertação do traficante André do Rap. O artigo de Guzzo expõe as forças que atuam para instituir um aparato jurídico que causa perplexidade ao cidadão de bem, pagador de impostos.

Outro tema que provoca assombro é o nível de “engessamento” dos gastos públicos. O Brasil tem o orçamento mais travado do mundo: 96% da arrecadação entra nos cofres já comprometida. Na prática, o governo só governa o destino de 4% do dinheiro. É, no mínimo, irracional, como mostra o economista Ubiratan Jorge Iorio. Diz o professor Iorio: “Com este orçamento, o máximo que uma equipe econômica liberal pode conseguir é a aprovação de meros ajustes fiscais de curto prazo. Reformas estruturais profundas? Esquece”.

Como o pensamento liberal está sob fogo cerrado, reduzem-se as possibilidades de que venhamos a testemunhar mudanças verdadeiramente transformadoras. Nesta semana, o combate a ideias liberais ficou evidente quando o Twitter derrubou a conta da secretária de Imprensa da Casa Branca. O que fez ela? Apenas havia compartilhado o link de uma notícia do New York Post segundo a qual há provas de que Joe Biden realmente agiu em favor dos negócios pouco republicanos do filho Hunter. A analista política Ana Paula Henkel conta em detalhes toda a história — que, obviamente, não ganha espaço na imprensa brasileira. É flagrante a forma como a mídia tradicional e as plataformas de redes sociais vêm atuando para proteger o Partido Democrata.

Na Europa, o clima é semelhante. Tanto que ninguém contesta a política de lockdown de Emmanuel Macron. A medida é “progressista”? Então, é praticamente automática a concordância. São inúteis os dados — não projeções, mas dados de verdade — que indicam a ineficiência das quarentenas. O escritor Guilherme Fiuza pergunta: “Onde está o laudo que comprova a relação direta do confinamento indiscriminado da população entre 21 e 6 horas com a redução do potencial de contágio — e, sobretudo, com a preservação dos vulneráveis à covid-19?”. Mas ninguém quer questionar o charmoso e progressista monsieur Macron. Domage.

Do outro lado do Canal da Mancha, os mesmos eflúvios seguem embriagando os néscios. O cancelamento cultural atinge agora ninguém menos que George Bernard Shaw (1856-1950). Alunos da Royal Academy of Dramatic Art, em Londres, querem remover o nome do dramaturgo do teatro que a escola abriga. “O interessante é que Shaw foi nome influente da esquerda britânica”, pondera o cientista político Bruno Garschagen. “Ele foi homenageado por seu trabalho no teatro, não por suas posições políticas. E, embora defensor de ideias execráveis, não pode ser apagado da História.”

Uma das belezas do pensamento conservador é a tolerância, como a demonstrada por Garschagen. Às vezes, abusam um pouco da nossa paciência… Lula e Dilma dizendo que Bolsonaro precisa cuidar dos miseráveis é uma grande piada. O colunista Augusto Nunes avisa ao PT que a internet não esquece, não esconde e não perdoa.

O recado de Dagomir Marquezi para essa turma que gosta de atirar pedras no capitalismo é direto: “O sistema não é uma ideologia de laboratório, como o comunismo. É uma força viva, dinâmica, que há milênios se aperfeiçoa na satisfação das necessidades humanas”.

Enfim, há esperança. O capitalismo pode nos salvar.

Boa leitura.

Os Editores.


Em razão do ataque hacker que o site sofreu, os comentários foram apagados. Lamentamos o inconveniente. Nossa equipe técnica está trabalhando intensamente para que episódios como esse não se repitam.

3 comentários
  1. Claudio Haddad
    Claudio Haddad

    QUE PRAZER DEGUSTAR A REVISTA OESTE…..PARABENS A TODOS ENVOLVIDOS

  2. Júlio Rodrigues Neto
    Júlio Rodrigues Neto

    Mais vale um Capitalismo moribundo, do que um autoritarismo saudável.

    1. Antonio Carlos da Silva
      Antonio Carlos da Silva

      Por favor NÃO ABANDONEM a VERDADE.

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