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Edição 41

Os pais-helicóptero e seus filhos assustados

No empenho de se tornarem curadores da experiência de vida das crianças, os pais têm educado filhos que se tornarão adultos ansiosos e sem capacidade de resolver problemas

Nancy McDermott
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Em alguns trechos selecionados de meu novo livro, The Problem with Parenting: How Raising Children Is Changing across America, trato do problema dos “pais-helicóptero”. Discuto também como podemos oferecer às crianças o espaço e a liberdade de que precisam para crescer.

Os pais-helicóptero também evoluíram e se tornaram um arquétipo que tem menos a ver com a relação de pais com filhos e mais com seu comportamento abominável com outras pessoas. Essa figura arquetípica é mandona, autoritária, mimada e abastada.

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Pais-helicóptero e superproteção

Os pais-helicóptero costumam ser caracterizados pela superproteção extrema. Eles exageram a avaliação dos riscos, subestimam as capacidades dos filhos e os impedem de adquirir a experiência de que precisam para agir como adultos. Exemplos incluem pais que controlam excessivamente as brincadeiras dos filhos; pais que se recusam a deixar os filhos andar de bicicleta para além da entrada de casa, por medo de um sequestro; pais que não confiam aos filhos a execução de tarefas e monitoram seus movimentos usando GPS. Seus filhos são crianças inteligentes que, sem experiência em solucionar problemas de maneira independente, procuram autoridades para resolver as questões mais elementares da vida prática.

A segunda leitura, de certa forma mais comum, dos pais-helicóptero é a de que são figuras autoritárias, voltadas para realizações. De um lado, forçam os filhos a se destacar. De outro, pressionam pessoas e instituições a se adaptar às exigências dos filhos. Amy Chua, autora do livro Battle Hymn of the Tiger Mother, costuma ser considerada a clássica mãe-helicóptero por causa de suas incansáveis ações para pressionar as filhas a atingir a excelência.

Essa abordagem intervencionista, às vezes chamada de “concerted cultivation”, ou “desenvolvimento orquestrado”, é, ao mesmo tempo, vilanizada e admirada. Ela parece garantir que as crianças correspondam a seu potencial individual em áreas como estudo, esporte, música. Mas talvez tudo isso tenha mais a ver com as ambições dos pais do que com as aspirações dos filhos. A criação intervencionista parece estar associada à segurança econômica e ao sucesso, mas também a altos níveis de ansiedade, depressão, uso abusivo de substâncias e colapsos psicológicos.

Pais-helicóptero como anti-heróis

Hoje, os “pais-helicóptero” se tornaram mais do que um estilo de criação ou uma descrição do comportamento de alguns pais. A expressão se tornou sinônimo de falha moral — mesmo quando é elogiada, como num editorial do The New York Times de 2019 intitulado “The bad news about helicopter parenting: it works” (A má notícia sobre pais-helicóptero: funciona). Pais-helicóptero se tornaram os anti-heróis do mundo de pais e mães. São “mandões e autoritários com professores”, são “insuportáveis” e “estragam tudo”. Seus filhos são “incompetentes, ansiosos, narcisistas e mimados”; são “egoístas e mal-acostumados”; e têm “sentimentos demais”. Tudo isso foi mencionado no texto.

Às vezes pais-helicóptero são na verdade criminosos

A operação do FBI de 2019 chamada Varsity Blues — o escândalo das admissões universitárias que resultou na prisão de 33 pessoas — acentuou o ressentimento da classe média em relação aos mais abastados. Pais ricos tinham cometido fraude e pago centenas de milhares de dólares em suborno para garantir que seus filhos conseguissem vaga  em instituições de ensino superior prestigiosas. As manchetes diziam “Eles mereceram!”; “Investigação Varsity Blues revela verdades horríveis sobre a desigualdade norte-americana”; e “A outra atrocidade no escândalo das admissões de universidade: maus pais”. A maioria dos pais citados na matéria expressou seu repúdio, ainda que pelo menos uma mãe entrevistada pelo Today Show, da NBC, tenha dito o que outros sem dúvida estavam pensando: “Eles tinham o dinheiro e a oportunidade de ajudar os filhos. Que pai não faria o mesmo?”. Mas suborno e fraude são relativamente pequenos se comparados com alguns incidentes.

Em 2007, em um incidente que a escritora Judith Warner descreveu como “Quando pais-helicóptero se tornam fatais”, uma garota de 13 anos em Dardenne Prairie, no Missouri, cometeu suicídio depois que um namorado on-line, Josh, a rejeitou. Descobriu-se que “Josh” era uma mãe de 47 anos em busca de vingança depois que a garota magoou sua filha. Em outro incidente, uma mãe da Califórnia, furiosa porque seu filho de 6 anos teve de esperar um pouco do lado de fora da porta lateral trancada da escola depois das aulas de tênis, conspirou com o marido para plantar drogas ilegais no carro da professora de tênis — que também era mãe de outra criança da escola.

Sempre houve pais que chegaram a níveis extremos para garantir vantagens para seus filhos, mas a promessa de mobilidade social e meritocracia parecia contrabalancear os impulsos egoístas dos indivíduos. Mas isso acabou. “Pais-helicóptero” como um grupo parecem incorporar o suposto egoísmo que está consumindo o coração do sonho americano.

Crianças free-range

 Num domingo de abril de 2008, Lenore Skenazy, uma jornalista do New York Sun, deixou o filho Izzy no departamento de bolsas da Bloomingdale’s em Manhattan, Nova York. Depois de meses de insistência, o garoto, de quase 10 anos, tinha finalmente convencido os pais a deixá-lo em algum lugar da cidade para que encontrasse o caminho de volta para casa. Skenazy entregou a ele um mapa do metrô, um cartão do metrô, 20 dólares, moedas para o orelhão e se despediu dizendo: “Tchau. Divirta-se!”. Em seguida, ela deu meia-volta e saiu da loja. Quarenta e cinco minutos depois, o garoto chegou em casa, cheio de orgulho e independência.

Podia ter acabado aí, mas Skenazy decidiu escrever sobre a reação de parentes e amigos em sua coluna. “Metade das pessoas a quem contei esse episódio agora quer me denunciar por maus-tratos”, ela escreveu. “Como se manter as crianças trancafiadas, com um capacete, um celular, uma babá e monitoramento fosse a maneira certa de criar filhos. Não é. É debilitante — para nós e para eles.” No dia seguinte ao da publicação do artigo, seu telefone tocou. Produtores do Today Show, da NBC, queriam saber se ela e Izzy gostariam de aparecer no programa para se explicar.

O programa parecia uma armação. Os produtores do Today Show também tinham chamado a dra. Ruth Peters, especialista em educação, para atuar como a voz da razão e contrapor-se à criação insegura de Skenazy. Peters adotou um tom de incredulidade para expressar sua profunda preocupação e explicou m-u-i-t-o devagar e de maneira muito cuidadosa que havia formas muito mais seguras e “apropriadas” de proporcionar a mesma experiência a Izzy. Ele poderia, sugeriu a especialista, ter ido com um grupo de amigos, ou a mãe poderia tê-lo seguido a distância para garantir sua segurança. A apresentadora, Ann Curry, assentia criteriosamente. A essa altura, Skenazy podia ter jogado o jogo e feito seu papel de mãe bem-intencionada porém ingênua. Mas não foi o que ela fez. Ela se defendeu. “A mesma experiência é andar de metrô, e isso é seguro”, ela insistiu. “É seguro andar de metrô!”

Em questão de horas Skenazy foi parar no centro de um frenesi internacional. A mídia a chamou de “a pior mãe dos Estados Unidos”. Jornalistas da Inglaterra à China queriam falar com ela. Os Estados Unidos se dividiram entre os que a defendiam e os que achavam que ela deveria ser presa. Estranhos de todas as partes do país e do mundo escreveram para acusá-la de negligência. Ainda mais pessoas enviaram mensagens para manifestar seu apoio. “Foi meio divertido, mas também um pouco assustador, porque todo mundo estava opinando sobre minhas habilidades como mãe”, Skenazy me contou em 2008.

A luta para criar um movimento

Um dos elementos mais importantes do sucesso inicial das crianças free-range foi o blog Free-Range Kids. Ele era único porque, ao contrário da maioria dos outros críticos dos pais-helicóptero, Skenazy não culpou os pais por superproteger os filhos. Ela tentou ajudá-los. O blog se tornou um espaço em que aspirantes à criação free-range poderiam compartilhar suas histórias de sucesso e frustrações, ou relatar o que estava acontecendo em seus cantos do mundo. Às vezes o apoio moral de um post gentil num blog ou o encorajamento de outros leitores faziam toda a diferença. Também ajudou a trazer a sabedoria das massas para opinar nas dificuldades práticas de resistir às tendências. Por exemplo, o que os pais deveriam fazer sobre os “maus samaritanos” que têm prazer em encurralar seus filhos querendo saber onde estão os pais? O cartão da Criança Free-Range foi uma ideia. Os cartões, que podem ser baixados no blog, trazem a assinatura dos pais, um número de telefone e os dizeres:

“Eu NÃO estou perdido(a). Sou uma criança free-range! Eu aprendi a atravessar a rua em segurança. Sei que não devo acompanhar estranhos, mas posso falar com eles. Gosto de sair e explorar o mundo. Se você é um adulto, provavelmente fazia as mesmas coisas quando era criança; então, por favor, não se preocupe. Os adultos na minha vida sabem onde estou, mas, se quiser falar com eles, é só ligar”.

Se o cartão não é uma solução completa, ele deixou claro que as crianças estavam prontas e eram capazes de pegar um ônibus ou ir ao parque com a plena ciência e a bênção dos adultos em sua vida.

A segunda coisa que atuou em favor de Skenazy foi sua notoriedade. Ser “a pior mãe dos Estados Unidos” abriu uma quantidade surpreendente de portas. Permitiu que ela lançasse e divulgasse iniciativas como “Leve seus filhos para o parque e deixe-os lá”. Ela tornou-se apresentadora do programa World’s Worst Mom (“A Pior Mãe do Mundo”), um reality show do canal Discovery Life no qual ajudava pais excessivamente superprotetores (como a mãe que insistia em fazer seu filho de 12 anos usar o banheiro feminino com ela).

Uma questão moral

Em setembro de 2016, Breanna McGrath, de 20 anos, deixou seu bebê no carro por três minutos do lado de fora da Gas Express em New Bedford, Massachusetts, enquanto ia fazer uma compra. Bryan Amaral, o homem que estacionou ao lado dela, fez o que as pessoas fazem cada vez mais: filmou o carro, o bebê e a placa, e repreendeu McGrath assim que ela voltou. Em seguida, ele postou o vídeo no Facebook, que obteve 2,5 milhões de visualizações. A polícia e o serviço social foram alertados, e de repente McGrath estava diante de acusações de conduta imprudente e da possibilidade de perder a guarda de seu bebê. Quando descobriu o que aconteceu com McGrath, Amaral ficou chocado. Ele insistiu que nunca tivera a intenção de levar as coisas tão longe quanto chegaram. Em vez disso, esperava que “alguém próximo dela visse e conversasse com ela”. Àquela altura, era tarde demais.

Incidentes como esse se tornaram muito comuns. Em 2011, a escritora Kim Brooks foi denunciada à polícia anonimamente por deixar o filho jogando video game por cinco minutos no carro durante suas férias na Virgínia. Em 2014, Debra Harrell, de Augusta, na Carolina do Sul, foi presa depois de permitir que sua filha brincasse no parque enquanto terminava seu turno no McDonald’s. Em 2015, em Washington, Alexander e Danielle Meitiv foram acusados de negligência porque um vizinho os denunciou por permitir que os filhos voltassem do parque sozinhos.

Em cada uma dessas situações, um estranho tomou para si a tarefa de penalizar os pais. Mas por quê? As crianças não estavam em perigo iminente. Na maioria dos casos, não havia nem violação da lei — deixar crianças esperando no carro não é ilegal na maioria dos Estados norte-americanos. O motivo mais provável para estranhos sacarem o celular para filmar o pai confuso ou chamar a polícia é porque sentem que estão fazendo algo moralmente correto.

Por que os pais superprotegem

Toda criação diz respeito, no fim das contas, à socialização das crianças. A relação exata entre os atores envolvidos varia dependendo da natureza da sociedade. Em algumas sociedades, membros da família desempenham um papel exacerbado. Em outras, criar os filhos requer literalmente um vilarejo inteiro de pessoas que vejam a socialização das crianças como tarefa comunitária e geracional. Uma das conquistas culturais mais importantes da era moderna foi a evolução da instituição da família para algo capaz de equilibrar o desenvolvimento do indivíduo com as necessidades da sociedade. A família burguesa produziu indivíduos que são sofisticados o suficiente, graças ao período prolongado e protegido de educação chamado infância, e flexíveis o suficiente, por virtude do espaço para reflexão e contemplação que oferece, para enfrentar os desafios da era moderna. Ela desempenhou esse papel simplesmente existindo e fez seu trabalho de forma sutil mas poderosa.

A família burguesa era composta de uma rede extraordinariamente complexa de relações: a relação entre os pais; a relação entre cada pai e cada filho; a relação das crianças com cada irmão e com os irmãos como um grupo; a relação de cada pai com os filhos como um grupo; e a relação entre os membros de um sexo com os do outro. A família funcionava como um microcosmo da sociedade, refletindo suas normas e valores de forma única e profunda. Ela era flexível o suficiente para equilibrar as diferentes necessidades dos diferentes membros da família e robusta o suficiente para acomodar um alto grau de conflito e emoção sem ameaçar a integridade geral da instituição.

A família funcionava como a base a partir da qual as crianças podiam explorar o mundo mais amplo. A vida familiar era o código por meio do qual elas davam sentido às experiências. Os pais podiam ajudar os filhos explícita ou implicitamente dependendo da situação, mas o mesmo podia ser dito de outros membros da família, como os irmãos mais velhos. Mas o modelo de família burguesa entrou em declínio nos anos 1970.

As famílias depois da década de 1970 não só parecem um tanto diferentes das famílias do passado. Elas também se comportam de maneira diferente. Além das famílias tradicionais, há famílias com pai ou mãe solteiro, segundas famílias, famílias misturadas. Elas se tornaram fruto de compromissos formais, compromissos privados ou, às vezes, nenhum compromisso. Existem famílias baseadas na emoção e dedicadas ao cultivo do eu. Na época e ainda hoje, esses tipos de família passaram a ser vistos como mais autênticos e, portanto, superiores à família burguesa. O casal no cerne dá o tom para a família como um todo. Quando os parceiros estão felizes, presume-se que os outros membros da família acabariam sendo mais felizes também. Na prática, a revolução do divórcio chacoalhou as estruturas da família. Ele se tornou tão comum em 1970 (cerca de metade dos casamentos na época acabava em divórcio) que prejudicou a instituição em si. Os pais esperavam que as relações entre pais e filhos fossem emocionalmente fortes o bastante para resistir ao divórcio e a um possível novo casamento, de modo que não fosse traumática a integração a uma nova família.

O relacionamento singularmente permanente entre pais e filhos passou a ser visto como uma espécie de bastião contra tempos difíceis. E a criação dos filhos começou, timidamente, a se concentrar no preparo das crianças para as realidades da vida adulta. Foi dessa forma que os pais começaram a se insinuar no processo de socialização de uma forma nova e não útil.

Assim como muitos pais passaram a basear seu compromisso para com o parceiro na própria realização emocional, da mesma forma empenharam-se na luta para garantir que os filhos estejam emocionalmente realizados em suas relações na família e além dela. Os pais querem que os filhos sejam livres para desenvolver “seu eu autêntico”, sem ser pressionados a se conformar pelas definições de sucesso de outras pessoas, e a salvo dos efeitos perniciosos das emoções negativas associadas à rejeição. Almejam para os filhos experiências essencialmente positivas e edificantes. Foi assim que se posicionaram como curadores da experiência de vida dos filhos.

O comportamento superprotetor dos pais é movido pela necessidade de desempenhar esse papel de mediação. Isso acontece porque existe muito pouco que seja certo na criação dos filhos e na vida para além da atenção dos pais, de seu controle e seu comprometimento emocional. É por isso que os gritos para que pais-helicóptero “deem espaço” podem nunca ter sucesso. E esse também é um dos desafios mais sérios para o movimento das crianças free-range.


Nancy McDermott é escritora e vive em Nova York. Seu novo livro, The Problem with Parenting: How Raising Children Is Changing across America foi publicado pela Praeger.

 

9 comentários
  1. Jenisvaldo Oliveira Rocha
    Jenisvaldo Oliveira Rocha

    Em relação à mãe que deixou o bebê no carro e foi fazer compras, a guarda é um tanto questionável. O pai cuidadoso no mínimo ameaaçaria tomar a guarda e faria uma reprimenda judicial ou através do Ministério Público.

  2. Debora Balsemao Oss
    Debora Balsemao Oss

    Muito bom ler este texto. O que fica, pela minha experiência, é que o balanço entre ser cuidado e ter responsabilidades dentro do contexto familiar ainda pode ser uma alternativa para criar cidadãos comprometidos consigo, com seu entorno e com a sociedade, em geral, seja ela qual for. As experiências que temos condições de proporcionar aos nossos filhos e a possibilidade que eles sempre terão de poder contar conosco, podem sinalizar um bom caminho, também.

  3. Ivelize Thaís Ferreira de Oliveira Campos
    Ivelize Thaís Ferreira de Oliveira Campos

    Que leitura maravilhosa.
    Lembrei-me da época de adolescência em que lia “Newsweek” e Seleções – velhos tempos – bons tempos.
    Não tive pais helicópteros, ainda bem, mas, atuando na área da educação, posso afirmar que o número desse “tipo” de pais aumenta gradativamente, infelizmente.
    No entanto, o que me faz questionar é a necessidade que as pessoas têm de fazer aquilo que é “moralmente correto”, mesmo que para isso tenham que destruir uma vida ou uma reputação e, por diversas vezes, nem sequer conhecem o contexto pelo qual tal situação se passa.
    Parece até que, em escrutínio, essas pessoas são extremamente asquerosas, mas, em público, precisam ser o “suprassumo da justiça e da retidão”.
    Acredito que cada um, dentro de suas possibilidades, e dentro de sua própria casa, possa decidir aquilo que é bom ou não para a criação de seus filhos – observando -se sempre os critérios legais e éticos, claro – e, aqueles que “acharem errado”, que produzam os seus próprios filhos e os criem como bem entender, mas deixem as condutas “moralmente corretas” de lado e sejam íntegros em seus próprios lares, inclusive, naqueles momentos em que ninguém possa vê-los, essa sim, verdadeira conduta “moralmente correta”.

  4. Alberto Santa Cruz Coimbra
    Alberto Santa Cruz Coimbra

    Gostei muito do texto. Uma coisa interessante me chamou a atenção: Temos “crianças free-range”, “pais helicópteros”, “pior mãe”, e me pergunto: A partir de quando houve a necessidade imperativa de rotulagem de pessoas em etiquetas (“labels”) de maneira a caracterizá-las como pertencentes a tal ou qual tribo? Por que motivo há essa necessidade? Trata-se de apropriação do academicismo excessivo, que usa tais expressões em trabalhos e relatórios para compreensão das atividades acadêmicas. E, hoje, temos a imprensa leiga (sim, mais leiga do que nunca) a se comportar como arauto da “ciência”, e a transportar dados de um (às vezes nem isso, ficam pelo pre-print) trabalho como se tais dados fossem a afirmação da verdade. E vemos modelos matemáticos refutados pelos próprios criadores sendo considerados por instituições outrora respeitáveis. O “labeling” é uma deturpação e uma necessidade de agrupar pessoas em modelos de reprovação ou aprovação. E vamos assim, nos odiando e amando sem sequer nos conhecer uns aos outros. Triste época tecnológica.

  5. Alexandre Chamma
    Alexandre Chamma

    Se fizermos uma analogia entre a “proteção” que damos aos nossos filhos ( classe média e média alta ) e os filhos criados por país com uma renda bem menor, posso afirmar que os mesmos estão anos luz na frente dos nossos filhos no que tange a sair, rodar a cidade, voltar para casa, ficarem mais espertos em relação ao outro. Estão psicologicamente mais preparados para as adversidades que à vida impõe do que nossos filhos. Um garoto ou garota de 10 anos se comparado a perspicácia é um e adulto frente aos nossos. Claro que se tivessem uma boa educação e ou uma família com mais estrutura deslanchariam com muito mais expertise que os filhos criados em condomínio e sendo vigiados 24h por dia. Infelizmente à violência, a falta de amor de um ser humano em relação ao outro está chegando aos limites da barbárie e isso faz com que enxerguemos um inimigo em cada esquina e com isso não deixamos nossos filhos terem a capacidade de se relacionar e resolver seus problemas quando os mesmos aparecem.

    1. Juliana Pisetta
      Juliana Pisetta

      Hoje em dia tem “país-helicóptero” em todas as camadas sociais mas dentro das suas possibilidades. Os mais pobres fazem das tripas coração para dar o celular, o tênis de marca que os filhos pedem, e não ensinam eles a trabalhar. Os pais ricos blindam os filhos de tudo que é forma e acaba nisso que estamos vendo hoje: geração mimada, ansiosa e medrosa.

    2. Augusto Caparica
      Augusto Caparica

      PERFEITO. ASSINO EMBAIXO

  6. PAULO GOUVEA
    PAULO GOUVEA

    Pais superprotetores geram filhos supermedrosos, sem frustrações e sem experiências. Frutos eternamente imaturos e podres de mimados.

    1. Claudia Aguiar de Siqueira
      Claudia Aguiar de Siqueira

      Brilhante. Pena que quem precisa dessas ponderações nunca o lerá. Se o fizer, não passará ao segundo parágrafo.

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