Se há uma divisão mais binária que pode ser feita no mundo hoje, do ponto de vista ideológico, ela seria entre globalistas e nacionalistas. Como toda divisão maniqueísta, esta peca pelo simplismo e não dá conta da real complexidade da vida em sociedade. Mas não resta muita dúvida de que há um embate cada vez maior entre aqueles que defendem uma espécie de governo mundial tocado por tecnocratas de cima para baixo e aqueles que defendem a soberania nacional de cada país.
Para o avanço da causa globalista, faz-se necessário ter pautas globais, naturalmente. E é por isso que a pandemia caiu como uma luva para os projetos globalistas: um problema mundial demandaria uma solução global, controlada pelas entidades supranacionais, tais como ONU e OMS. Não por acaso, o criador do Fórum Econômico Mundial em Davos escreveu um livro sobre o “Great Reset” e o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau endossou sua mensagem. E também não é coincidência que esses globalistas misturem a pandemia ao “aquecimento global”, outra questão que seria mundial e justificaria ações impostas pela tecnocracia poderosa, a despeito da vontade popular de cada nação.
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Desnecessário dizer que Donald Trump era o maior ícone da postura nacionalista. Agora de saída, e com seus adversários fazendo de tudo para que seja uma saída humilhante e definitiva, os globalistas se mostram mais assanhados, cientes de que terão no comando dos Estados Unidos um aliado. Joe Biden foi vice-presidente de Obama, referência globalista, que repetia que a América era tão excepcional quanto qualquer outro país e que desejava mudá-la profundamente. Obama certamente não era um patriota apaixonado por seu país, e não por acaso se considerava um “cidadão do mundo”.
Biden chega ao poder por um partido ainda mais radicalizado e esquerdista, que despreza o legado norte-americano, considerado um rastro de opressão. A base militante democrata, liderada por figuras como Alexandria Ocasio-Cortez, endossa planos mirabolantes como o Green New Deal, uma mistura de stalinismo e infantilismo, que pretende modificar toda a matriz energética do país em uma década. É globalismo na veia, e turbinado. E os nomes que Biden tem apontado para seus ministérios demonstram o compromisso com tal visão de mundo, a começar pelos responsáveis pela política climática.
O presidente eleito anunciou os membros-chave de sua equipe ambiental, dizendo que seu governo priorizaria uma resposta unificada às mudanças climáticas. “Gente, estamos em crise”, disse Biden em um recente evento em Delaware. “Literalmente, não temos tempo a perder. Assim como precisamos ser uma nação unificada para responder à covid-19, precisamos de uma resposta nacional unificada às mudanças climáticas.” Os indicados, disse ele, “liderarão o ambicioso plano de meu governo para lidar com uma ameaça existencial de nosso tempo: a mudança climática”.
Os produtores rurais na França dependem de subsídios estatais para sobreviver
E é nesse contexto que o nome de outro líder nacionalista importante foi mencionado. Biden já tinha feito ameaças diretas ao Brasil durante a campanha, afirmando que enfrentaríamos até sanções se não adotássemos a política climática “desejável”, ou seja, imposta pelos globalistas. Nossa esquerda ignorou esse arroubo de “imperialismo estadunidense” pois veio da esquerda e contra a direita. O Brasil pode ser tratado como uma republiqueta perigosa, como um regime nefasto, do tipo Irã, que está tudo bem se for para atacar Bolsonaro. E o “czar” do clima do futuro governo Biden voltou a repetir a mensagem, dessa vez com mais virulência ainda: os “Bolsonaros” do mundo precisam entender que os Estados Unidos de Biden não vão tolerar desrespeito ao combate contra o “aquecimento global”. Ou deixamos Biden ditar nossas políticas, ou vamos pagar um alto preço.
Mas Biden não está sozinho na arena globalista e enfrenta concorrência pelos holofotes. Emmanuel Macron, presidente francês, resolveu atacar o Brasil esta semana uma vez mais, ele que já tinha usado os incêndios na Amazônia para bancar o protetor do mundo contra um governo irresponsável, ignorando que várias outras florestas queimavam mundo afora. Macron disse que a Europa não pode mais depender da soja brasileira, supostamente extraída do desmatamento. É preciso apostar na soja europeia para proteger o clima global.
Faltou, claro, apresentar um só dado para embasar tal acusação. Globalistas não costumam viver de fatos, apenas de narrativas. Adotam a visão estética de mundo, e por isso a ONU é seu maior símbolo, uma entidade incapaz de entregar resultados concretos, mas ótima para discursos inflamados. A campanha de difamação contra o Brasil tem se intensificado, e a esquerda brasileira, traidora da Pátria, aceita fazer o papel de agente globalista de olho no desgaste do presidente Bolsonaro.
Macron tem basicamente dois interesses nesse tipo de discurso: colocar-se como líder globalista e proteger o agronegócio francês, pouco competitivo perante o brasileiro. Os produtores rurais na França dependem de subsídios estatais para sobreviver, e fazem um lobby intenso para preservar privilégios. Com essa fala, Macron mata dois coelhos numa só cajadada: banca o bonzinho salvador do planeta e agrada a sua base de eleitores. Mas essa sinalização de falsas virtudes tem um alto custo.
Embora a França seja responsável por apenas uma quantidade insignificante das emissões globais de gases de efeito estufa, a fim de anunciar sua liderança moral no combate ao aquecimento global, o governo do presidente Macron aumentou no passado recente os impostos sobre carros e caminhões movidos a diesel. Os custos desse exercício de sinalização de virtude caíram desproporcionalmente sobre os cidadãos da classe trabalhadora e do campo, dependentes de seus automóveis e caminhões. O resultado foi a revolta dos “coletes-amarelos”, num grau de violência preocupante.
Não dá para agradar a todos. Ao apostar na rota globalista, essa turma desperta cada vez mais insatisfação ou mesmo revolta no povo. Ao desprezarem as fronteiras nacionais, os globalistas geram como reação fenômenos como Trump, Bolsonaro ou até Le Pen. É a Terceira Lei de Newton: toda ação produz uma reação. Os globalistas estão mais assanhados com a pandemia e agora com Biden no poder. Vão dobrar a aposta. Mas não podem achar que o outro lado ficará calado ou passivo. Nem mesmo com as redes sociais tentando impor tal silêncio. Haverá resposta.
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Constantino se mostra um dos melhores analistas de Política que temos!
Excelente texto.
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Concordo plenamente. Obrigada Rodrigo!
Constantino, magnifico texto, sempre com grande conhecimento do mundo politico e social global, mas principalmente dos recentes fatos ocorridos nos EUA e que se planeja pratica-los em nosso pais, não somente pela esquerda brasileira que isolada pouco representa na vida politica brasileira, a não ser mostrar sua inutilidade para apoiar reformas que nos façam sair desta crise fiscal e sanitária. Pior entretanto são os decadentes tucanos (já fui) e assemelhados outrora centro-direita, que contrariando o que sempre defenderam no passado, tudo fazem para desconstruir o governo Bolsonaro no intuito de voltar ao poder utilizando-se da pratica do quanto pior melhor. Acham-se poderosos, dominam a imprensa tradicional, especialmente “o Estadão”, e propagam ao mundo a desinformação utilizando-se de suas inúteis celebridades ex ministros, embaixadores, economistas, ambientalistas e políticos inúteis para incendiar e destilar ódio ao governo. Ressuscitaram FHC, que mais uma vez esquece o que escreveu recentemente em seus “diários da presidência”, e não se envergonha ao pedir a renúncia de Bolsonaro e de se aliar a Ciro, Boulos, Lula e até Jean Willys em manifestos. Como idoso ex tucano, e creio muitos outros, revolta-nos tamanha decadência de um partido que entendia ser coerente e honesto. Penso que seu destino é também virar um puxadinho do PT.
A esquerda vive de narrativas. Quando não as encontra, cria, manipula ,divulga, e doutrina com uma eficiencia invejavel. Pobre de nossa juventude, mal educada, mal conduzida e mal informada. Pior, essa juventude governará Brasil daqui alguns anos..
Excelente coluna!
Constantino está coberto de razão, nós temos que enfrentar esses progressistas e globalistas imediatamente.
Globalista, Nacionalista, o que for, qual o medo que os conservadores tem da mudança. Energia limpa não é só uma medida ecológica, é uma medida inteligente contra a fatídica futura escassez de combustíveis fósseis. Não é questão de estar do lado do povo ou não, não é certo desmatar, não existe mundo onde isso seja bom. Devia vir do nosso próprio governo a rigidez com quem desmata, o Brasil tinha tudo para ser exemplo. Todos os países já desmataram as suas florestas sim, são ricos desenvolvidos não por isso, mas o Brasil convenhamos não precisa de mais espaço para gado, precisa de tecnologia. Precisa de projeto a longo prazo, mas a gente continua pensando de 4 em 4 anos.
Não temos desmatamentos no Brasil como foi tentado emplacar por esses pseudos líderes mundiais, é fato, e para tanto basta acessarem os que já fartamente publicou os satélites da Nasa…
O texto de Constantino mostra bem a premissa falsa de vagabundo Macron objetivando não denunciar algo aqui no nosso país, e sim criar uma narrativa de que nossa produção advém de agressões ao meio ambiente.
Quanto a SER CONSERVADOR, basta você olhar para os produtores do agronegócio e como eles se recusaram a recuar dos seus afazeres em razão da histeria criada pelo partido comunista chinês.
O cerne da questão é que com os vagabundos globalistas a frente ditando nossas vidas, logo logo não vidas teremos mais…
Em tempo: Trump e Bolsonaro não não somente reações aos globalistas, e sim a todo e qualquer sistema de perversão de direitos e garantias, bem como a propriedade privada. Eles foram eleitos não como contraponto, e sim como a forma que enxergamos o mundo.
Em tempo II: as fraudes atestam que Trump não perdeu, e sim que Biden roubou.
Clareza de raciocínio. Isto que busco na Oeste.
Tanta discurseira mundo afora, mas parece que ninguém mais quer falar em prosperidade. E sem prosperidade não haverá futuro, com ou sem causa globalista. Fizeram de tudo para o mundo dar marcha a ré durante esta pandemia, enquanto ignoram vaidosamente que o comunismo matou 100 vezes mais. A história da riqueza do homem foi escrita durante séculos com canetas de muito suor e sangue, mas agora sonham em escrevê-la com apenas uma meia dúzia de refrões, repetidos à exaustão. Não vai colar.
Rodrigo, concordo com o seu ponto de vista, porém acho que a profecia não se realizará pelos seguintes motivos: o Governo Biden, começa com um discurso esquerdista mas deverá ser muito mais à direita. Por N motivos, principalmente pelos desafios econômicos , financeiros e sociais que os EUA e o mundo enfrentarão nos próximos anos. Além disto, devemos observar uma briga pela liderança da Ângela Merkel. Os postulantes à este cargo são medíocres e a pirotecnia deve começar em breve. Neste cenário, não vejo muito avanço da união dos globalistas e se a efetividade das vacinas forem aquém das expectativas as tensões sócias irão subir. A ver,
Constantino
Sempre assertivo e robusto em suas análises e ajuda na leitura da conjuntura
Parabéns Consta! Mais um artigo preciso.
Claro sou assinante desta revista exatamente devido seus colunistas.
Dois.
Parabéns Constantino, amo sua coluna!
Pô cara!!!
Me fez concluir que estamos certíssimos ao colocar nossas macadames a pavimentar nossas convicções, de resgate de nossa essência e convicção, de que somente com trabalho e determinação resgataremos nossa pátria da bandidagem instalada.
Sou NACIONALISTA e não anarquista, por indignação.
Parabéns Constantino, a única coisa que a esquerda tem é o discurso, este muito longe da realidade.
Grande Consta!!!
Em todos os artigos ele fala o que a gente gostaria de falar.
Parabéns pelo comentário, me tornei assinante por causa do seu programa no 3×1.
Depois q vc saiu da jovem pan parei de assistir 3×1.
Agora vc enriqueceu ainda mais o pingo nos is.
Perfeito. Nessa guerra globalista, Bolsonaro está agora praticamente sozinho como “resistência”. Ele é diuturnamente atacado pela esquerda tupiniquim e passará a ser atacado pela esquerda global com mais força.
Soma-se a isto o processo de “colonização das consciências” que alça essas narrativas à posição de verdades absolutas. Tempos sombrios, meus caros.