Fomos surpreendidos esta semana com a notícia de que insumos para a produção de vacinas estavam retidos na China. Especulou-se sobre os motivos, alguns falaram em problemas políticos com o governo Bolsonaro, outros em interesses comerciais, já que outros países poderiam pagar mais para “furar a fila” e obter antes de nós esses insumos.
Em uma entrevista, perguntei ao assessor internacional da Presidência, Filipe G. Martins, justamente sobre a situação com a China, e ele respondeu que era uma polêmica fabricada, que a China está encontrando dificuldades internas para atender a toda a demanda. O embaixador brasileiro no país esteve reunido com o chanceler e escutou dele que não havia nenhum obstáculo político segurando o envio do material.
Não se sabe onde está a verdade, mas o fato é que o Brasil parece ter acordado para o risco de depender de um regime como o chinês. E isso é positivo. Afinal, a China, dominada há décadas pelo Partido Comunista Chinês, representa hoje a maior ameaça ao mundo livre ocidental, e cada vez mais gente se dá conta disso, especialmente após a pandemia que se originou em Wuhan.
Como membros do governo Bolsonaro, como o chanceler Ernesto Araújo, e também um filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, costumam adotar um discurso duro contra as pretensões chinesas, a oposição encontrou no episódio mais um pretexto para desgastar o governo. Não teríamos nossas vacinas por culpa da desnecessária beligerância dos bolsonaristas, que se recusam a adotar uma linha mais pragmática e amena com nosso maior parceiro comercial.
Querem, além de atacar Bolsonaro, uma linha de subserviência perante o regime chinês. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, resolveu bancar o salvador da pátria e, já de saída do cargo, achou adequado marcar uma reunião virtual com o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming. Maia, então, “tranquilizou” o país ao dizer que o embaixador garantiu não haver nenhum obstáculo político, mas sim técnico, na demora para o envio dos insumos. Agora podemos dormir tranquilos!
Maia atua como uma espécie de despachante da ditadura chinesa. Quando o mesmo embaixador enviou cartas a deputados brasileiros “pedindo” que não reconhecessem o resultado das eleições em Taiwan, Maia nada disse sobre esse absurdo. Quando o embaixador trocou farpas com Eduardo Bolsonaro, Maia achou adequado sair em defesa do embaixador, não do deputado mais votado em 2018, que tem todo o direito de criticar o regime chinês.
Pragmatismo não significa subserviência ao regime chinês ou falta de clareza moral
O empresário e ex-secretário de Desestatização Salim Mattar desabafou: “Democracia jabuticaba brasileira. Onde já se viu presidente da Câmara negociar insumos para a saúde? Muito triste isso!”. Podemos apenas imaginar se fosse o contrário, se o Poder Executivo estivesse se intrometendo numa função que cabe ao Legislativo. Qual seria a reação da imprensa, ou do próprio Maia? Mas Maia não liga para esses “detalhes”, pois ele é o grande estadista iluminado lutando contra o obscurantismo tosco de Bolsonaro — ou ao menos nisso ele finge acreditar quando tenta enganar os demais.
A China é nosso maior parceiro comercial, fato. É preciso adotar uma boa dose de pragmatismo, sem dúvida. Nosso agronegócio depende disso, certamente. Mas isso não pode significar subserviência ao regime chinês ou falta de clareza moral sobre os riscos que ele representa. E vários países ocidentais já perceberam isso, subindo o tom contra a China e pensando em estratégias para reduzir a dependência. A postura mais agressiva do regime desde que Xi Jinping chegou ao poder tem produzido uma reação geral, ampliada após a covid-19.
É o que mostra a chinesa naturalizada americana Helen Raleigh, no livro Backlash: How China’s Aggression Has Backfired. Raleigh é uma financista que nasceu na China e obteve cidadania norte-americana. Ela escreve para veículos conservadores e é autora do livro Confucio Never Said, um esforço para tirar da sonolência os norte-americanos que passaram a flertar com o socialismo. No livro, ela conta a história de sua família, torcendo para que as dificuldades vividas na China e a sobrevivência precária sob o regime socialista, reveladas na obra, convençam os norte-americanos de que devem abandonar qualquer tentativa de importar essa ideologia maligna para seu país.
No livro novo, Raleigh traz à tona o intuito imperialista da China. Desde que Xi Jinping assumiu o PCC, o regime tem intensificado a opressão doméstica e também reforçado com muito mais virulência sua agenda de influência externa, o que envolve intimidação, chantagem ou ameaça, quando não é possível simplesmente comprar apoio. A atuação do embaixador chinês antes de assumir seu cargo no Brasil atesta bem isso: ele adotou métodos nefastos durante sua permanência na Argentina. E assim tem sido em quase todas as embaixadas mundo afora.
A relação entre China e Estados Unidos vem se deteriorando bastante diante de nossos olhos, e Trump adotou uma linha mais dura contra o avanço chinês. Vivemos uma Guerra Fria 2.0, com a China no lugar dos soviéticos. O enriquecimento chinês por meio de um capitalismo de Estado agressivo não deve gerar confusão acerca de seu modelo político, que segue sendo o comunismo. Basta ver como bilionários que ousam questionar o regime são tratados no país para se ter ideia de que uma coisa é a conta bancária recheada, e outra, bem diferente, é ter liberdade de fato.
Para Raleigh, o PCC tem um plano abrangente para sua dominância global e o estabelecimento de uma nova ordem mundial. O Ocidente só acordou para essa ambição chinesa recentemente, e está adotando respostas inconsistentes e incoerentes. O primeiro passo para consertar os rumos é admitir a ameaça; o segundo é adotar uma postura de clareza moral, ou seja, ter em mente que praticar comércio com empresas chinesas é algo desejável, mas que há muito mais em jogo aqui, e que nossas liberdades e nossa própria democracia não estão à venda.
A China não brinca em serviço quando o assunto é o controle da hegemonia internacional. Com todos os seus defeitos, os Estados Unidos ainda representam a liderança do mundo livre, contra essa pretensão globalista encabeçada pelos chineses. Defender a soberania nacional se faz necessário. Enfrentar com inteligência o dragão chinês será o grande desafio nos próximos anos. E todo o cuidado é pouco, pois não vai faltar político e jornalista pregando que devemos abrir as pernas e fazer o que a China mandar, em nome do tal pragmatismo e dos interesses comerciais.
No que depender dessa turma, o Brasil será uma província chinesa. Os envolvidos no projeto podem até ficar ricos, mesmo bilionários. Mas cabe lembrar do destino de outros bilionários chineses: uma vez feito o pacto com o Diabo, ele é eterno. Quem paga uma vez ao chantagista nunca mais se livra dele.
Leia também:
“Duas mulheres. Ou dois sucos de laranja”, de Augusto Nunes, nesta edição
“Uma nova guerra fria”, artigo de Selma Santa Cruz
Em um Congresso com PT, PSOL, PDT, PSDB, PCdoB e outras dezenas de siglas do mesmo jaez, o PCC compra decisoes de seu interesse com mais facilidade do que o Lula comprava com o mensalao. Compra e elege politicos, magistrados, grandes grupos midiaticos, artistas de ocasiao, etc. Para a China nao falta dinheiro. Para os corruptos brasileiros sobra desfacatez.
Importante lembrar o que é a China nos dias atuais. Sempre escudada no bilhão de consumidores, torna-se um grande player no comercio mundial, impondo regras e comportamento distintos da OMC, que bovinamente acatou seu ingresso.
Os arabes foram pioneiros na negociação com o chineses ( a esfiha é um derivado do pastel) e reconhecem a dureza na negociação com eles, desde tempos pre- maometanos .Aquela velha estoria que ¨quando voce empata, já é uma vitoria¨.
Se quiser barrar as pretensões chinesas de hegemonia total, o Ocidente deverá ser mais unido nas convicções morais, e mais eficaz nas negociações, tornando o bilhão de consumidores no calcanhar de Aquiles do PCC
ótimo!!
Depois dessa análise bem clara sobre o problema da fictícia chantagem chinesa com o governo brasileiro, vê-se que a esquerdalha usa de todos os artifícios para criar o caos. E o “Kiko” sem moral do “retrocesso nacional” querendo ganhar pontos com a mídia, porque com povo não lhe dá crédito.
Excelente, brilhante texto. Esse rato em forma humana, Botafogo, merece arder no fogo do pior inferno se existir algum.
Brilhante coimentário, Consta ! Parabéns !
O pior é ouvir embaixadores que não prezam muito por escrúpulos, principalmente ao esconder o que atrapalha e realçar o que lhe ajuda,bradando que temos de ser pragmáticos e subservientes à China, à qual faltou enviar um pedido de desculpas expresso, em razão de manifestações públicas de um deputado federal que não tem poderes para falar em nome do governo brasileiro.
Mais grave ainda é esse tal embaixador seré aclamado pela grande mídia como celebridade, vociferando pelo impeachment de um presidente legitimamente eleito.
O último parágrafo é um alerta primoroso. Espero que os eventuais destinatários o leiam. E que nunca se esqueçam do Jack Ma – por falar nisso, onde andará essa criatura? Curtindo férias, incógnito, numa praia particular nas Maldivas é que não está.
Mt bom artigo, Consta!
EXCELENTE ARTIGO!
Constantino…GENIAL como sempre!
É isso ai Constantino. Imagine um embaixador brasileiro na China desafiando e criticando membros do PCC, e sendo ainda aplaudido por autoridades chinesas. É por essas e outras que precisamos do Centrão do Lira para que Bolsonaro termine seu governo conquistando mais alguma reforma, e para 2.022 do voto impresso, que o atual presidente da Câmara desdenha.
Peço ao Constantino que já vi entrevistando Bia Kicis e Roberto Jefferson e que se manifestaram a respeito da necessária implantação do voto impresso, que inicie uma jornada de artigos que demonstrem que o voto impresso é blindado e encaminhado automaticamente para urna lacrada. Não é levado para casa pelo eleitor para justificar seu voto a criminosos. Foi aprovado em Lei pelo Congresso Nacional, e recentemente declarado inconstitucional pelo STF, pelo falacioso motivo “violação do sigilo e liberdade do voto”. Dá para entender tamanha desinformação dos notáveis? Será que pensavam que seria levado para casa com o eleitor? Outras baboseiras que desqualificam o notável saber jurídico de seus membros, como, “as urnas eletrônicas nunca foram fraudadas”, “o voto impresso é um retrocesso”, “sua implantação é muito cara”, “o bilhete pode engasgar na impressora”, enfim próprios de quem nos julga idiotas e analfabetos. O voto impresso é a única forma de AUDITAR e se necessário RECONTAR as apurações das urnas eletrônicas. Melhor ainda, evitara conflitos porque atendera a todos os partidos que estiverem na disputa, reconhecendo pacificamente o vencedor. Afinal, quem teme o voto impresso? Querer transparência das urnas eletrônicas é golpe?
Constantino ajude-nos a divulgar e esclarecer que voto impresso não é a volta a cédula eleitoral sujeita a fraudes, como nos quer fazer entender, editorial de 16/01 “voto impresso, uma discussão descabida” do decadente Estadão, que infesta o noticiário com mais essa FAKE.
Tem que haver mútuo respeito. Quem se abaixa demais mostra a bunda.
Essa tática suja de arregimentar PERDEDORES, tem lá suas vantagens iniciais.
Mas sei lá se o PCC, especialista em jogo sujo, vai salvar, por exemplo, um grupo globolixo, para continuarem a serviço do caus!!!!.
Vai confiar num João Doria!!!
De qualquer forma, busquemos novos parceiros pois não temos tecnologia, nas tbm o que temos é básico, a comida.
Então, à PQP Maia, João Doria, traidores da pátria, que durante o Carnaval passado, já em plena pandemia, conspiraram em Paris junto com o STF, lá representado. É só confirmar com Anne Hidalgo, a comunista prefeita de Paris, poste do Nacional.. Tá tudo mapeado, e nossas boias foram colocadas no mar!!!
“QUEM PAGA AO CHANTAGISTA NUNCA MAIS SE LIVRA DELE”.
CONCEITO ANTIGO , MAS ATUALÍSSIMO NAS ATUAIS CIRCUNSTANCIAS.
PARABÉNS, CONSTANTINO , POR TRAZÊ-LO À REFLEXÃO .
Mais uma vez, Constantino nos brinda com um brilhante texto.
Falar duas vezes antes de pensar e, segundo as circunstâncias, reconhecer os erros ou voltar atrás, desdizendo tudo o que disse antes, em lugar de considera-los como justificativas, tem dado margem a revoltas e a edição de pretensos desmascaramentos. Falar pelos cotovelos e gerar provocações polêmicas, dependendo do ouvinte, principalmente daqueles que não estão afetos ao diálogo democrático, geram ameaças ditatoriais. Se fosse assim com um animal feroz, equivaleria a cutucar a fera com vara curta…
Artigo excelente. Para ser guardado na memória. Quem viver verá.
Diante da “inércia” da PGR (Procuradoria Geral da República) em instaurar procedimento investigatório criminal contra o presidente da Câmara, Rodrigo “cara de ratão do banhado” Maia, por crimes tipificados no Lei de Segurança Nacional, só resta, a partir de 1º de fevereiro, colocar esse “ratão” no ostracismo. É a melhor punição, isto serve para Lula, Zé (ladrão) Dirceu e et caterva.
Estamos entregando nossa cultura ocidental de mão beijada para um regime comunista.
No dia (próximo) em que eu não ler mais o nome do Maia num artigo ou notícia vou abrir um Black Label.