A falsidade da dicotomia direita x esquerda ou conservadores x progressistas ou congêneres não é só perda de tempo. Ela hoje atrapalha bastante a vida real. Por isso não é um capricho repudiar a mania geral de enfiar tudo nesses rótulos toscos. Eles estão servindo para alimentar autoritarismos e corrupção intelectual.
Na época do Plano Real essa neurose era mais branda — até porque o Muro de Berlim tinha caído apenas cinco anos antes e, com o fim da Guerra Fria, o mundo achava que estava livre também das mentes binárias. Pobre mundo. Mal sabia ele quanto a humanidade ama mentes binárias. As patrulhas da época — que eram brincadeira de criança perto das atuais — resolveram dizer que o Plano Real era de direita, neoliberal etc.
O problema foi que o Real melhorou todos os indicadores sociais, elevou a renda dos mais pobres. Problemão. Aí virou o quê? Um plano de esquerda? Progressista? A solidariedade não é, segundo as mentes binárias, monopólio ou pelo menos bandeira desse suposto segmento ideológico? Ainda por cima veio a privatização da telefonia — também rotulada como uma medida neoliberal, de direita etc. — e ampliou os ganhos para a população em geral, especialmente a de baixa renda. E agora?
Não mudou nada. Os hipócritas continuaram chamando aquilo de “privataria” e o Real de estelionato eleitoral, porque o truque você já entendeu qual é: manter-se numa trincheira imaginária para poder praguejar contra os “poderosos” em favor do “povo” ou coisa que o valha. Desmascarar hipócritas é “conservadorismo”? Com todo o respeito aos fanáticos por esse álbum de figurinhas, por que isso não poderia ser chamado de “desmascarar hipócritas”?
Porque aí você tira todo mundo das trincheiras imaginárias — inclusive as do outro lado. Nesse caso jamais poderia surgir um paraquedista como Wilson Witzel (o governador do RJ afastado pelo Covidão) se apresentando como um representante da direita contra a esquerdalha. Indumentária ideológica distingue picaretas? Não. Só protege.
A praga politicamente correta — moralismo cosmético que não ajuda ninguém — virou um ativo mercadológico. O que está acontecendo por exemplo com as grandes plataformas de rede social — que foram e continuam sendo uma inegável revolução democrática — é típico desse supermercado de virtudes. Não tem nada a ver com ideologia. Aliás, as formas de vida e de comportamento nas sociedades nunca estiveram tão parecidas e até harmonizadas — em parte devido às aproximações propiciadas pelas próprias tecnologias de comunicação. O mundo foi se conectando e resolveu brincar de segregar.
Mim progressista, tu conservador, ou vice-versa, como se diria na diplomacia do Tarzan.
O governo Trump, por exemplo, foi benéfico para todas as minorias, sem exceção — tanto em termos econômicos quanto de liberdade —, e isso precisa ser omitido para não estragar a caricatura do vilão reacionário, que alimenta os libertários de proveta. O banimento de Trump de redes sociais foi um troféu “pacifista”. Mas a violência de grupos que fazem demagogia racial é tolerada pelos que dizem combater a onda de ódio. E o que protege essa hipocrisia? O rótulo.
Mim progressista, portanto mim pacifista, empático etc. E o sujeito que só quer trabalhar e levar a vida sem parasitas no seu cangote cai na armadilha e reage: mim conservador do bem, tu progressista do mal etc.
Rasguem essa fantasia. As coisas mais importantes e urgentes que a humanidade precisa fazer hoje não dependem dessa dicotomia tola. Rompam o pacto de hipocrisia das mentes binárias. Elas conseguiram transformar a ideia de “salvar vidas” em video game retórico. Precisa mais o quê?
Mim não gostar de rótulos. Mim gostar de SER LIVRE.
Na época do plano real, esta “neurose era mais branda” porque desde aquela época vigora o marxismo cultural. O próprio FHC que se gaba de ser um o melhor estrategista gramscista de seu tempo.
Depois que 20 anos de ditadura militar tecnocrata e positivista e com todos os setores intelectuais, artísticos e jornalísticos implantando o pensamento da escola de Frankfurt, é óbvio que não havia dicotomia de esquerda x direita por um só motivo: NÃO HAVIA DIREITA.
Democracia, liberdade, ética e moral judaico-cristã, direito romano, filosofia grega, etc. geralmente são relacionados com o conservadorismo.
Já a luta de classes, revolução, teoria crítica (ou dialética negativa), subversão de valores judaico-cristãos, juristocracia, etc., geralmente são relacionados com a esquerda.
Agora, achar que este tipo de coisa não existe, não é correto e só beneficia a esquerda.
Tenho muito apreço pelo Guilherme Fiuza, mas especificamente nesta questão tenho séria discordância com ele.
Os ensinamentos de Corção estão mais vivos do que nunca.
Adoro ler e ouvir o Fiúza acho que há muita lógica nesse seu ponto de vista, contudo, não consigo ao analisar a história, concluir que todo o mal e engodo à sociedade seja fruto dessa dicotomia, sem haver aspectos éticos, comportamentais, educacionais e culturais mais prejudiciais dependendo da posição ideológica.
Mente Binária: Quem esta no poder e os que não estão.
Falta coragem Fiúza a boa e velha coragem ! Não temos líderes no mundo só covardes de passagem!
Uma proposta de rotulagem, pois rotular “é preciso”. Argumentadores e Negacionistas. Os primeiros, desejam e aceitam a opinião alheia porque enriquece. Os segundos, negam tudo, incluso a argumentação, pois só valem as “suas verdades” emburrecidas. Um abraço.
Independente de rótulos existe uma onda de pensamento que se diz virtuosa, age com vício e persegue o legítimo. Pode não gostar de rótulos, mas quanto a justiça falha a o desespero induz a violência. Não há nada mais revoltante do que a incapacidade de reagir diante do absurdo.
Exatamente
E não para por aí. Hoje se vc quiser o impeachment dos ministros corruptos do STF como o Sapão soltador de bandido e o Amigo do Amigo do Meu Pai é porque vc é amante da ditadura que quer fechar o STF, e tem que ser preso por ato antidemocrático e banido da vida pública.
Fiúza assume um tom paternalista no artigo : “o sujeito que só quer trabalhar e levar a vida sem parasitas no seu cangote cai na armadilha”. Não é bem assim … Afinal a cosmovisão conservadora existe ou não existe? Digamos – só por hipótese – que um governo de “esquerda” obtenha bons resultados econômicos e melhore os índices de desemprego, controle a inflação, promova crescimento … Isso, sob a ótica pragmatista do autor, seria condição suficiente para qualificá-lo como “bom”? E se esse mesmo governo submetesse os nossos jovens à pedagogia do Paulo Freire; instituísse o controle social da mídia; desarmasse a população; favorecesse a participação de transexuais em esportes femininos; fomentasse milícias armadas no campo e nas cidades; promovesse a linguagem “neutre” e um vasto etc, acolhendo integralmente a agenda dos sedizentes “progressistas”, tais posicionamentos, cujas consequências atingem profundamente a cultura e demais alicerces da sociedade, devem ser considerados mera perfumaria?
Ocorre, que toda a marginalia é fruto de uma coisa só, facilmente identificável, sem religião, sem pudor, sem valores, com marxismo paulofreiriano, fazendo de seres humanos cobaias de laboratórios, q foram destruidos pela turma do MST.
Agora que a Petrobras tbm está sendo desaparelhada, volta Weintraub e desaparelha as universidades!!!
Enqto hibernarmos, sonhando com as nossas pautas já elencadas nas ruas de todo o país desde 2.013, torcemos p q o governo em quem votamos, se militarize o suficiente, preservando a nação do establisment criminoso, responsável pela revolução comunista de 1.988.
Só a prestação de contas com o congresso Nacional, este quê se curvou ao STF, Maia Botafogo, poste de Renan Calheiros, Temer, Lula, Zé Dirceu e toda a corja, haveremos de apressar nossa corrida para o futuro:.
PEC DA BENGALA
PEC DA PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA
FIM DO FORO PRIVILEGIADO
VOTO IMPRESSO EM URNA ELETRÔNICA, como bkp do meu voto.
Daí você volta ao pensamento binário, a que o Fiuza se refere.
Não, André, não há essa hipótese. Um governo de “esquerda” jamais vai obter bons resultados econômicos. Os índices de desemprego serão os piores, a inflação vai sair dos trilhos, nossos jovens continuariam idiotizados por Paulo Freire, o controle social da mídia, regiamente paga com nosso dinheiro, acobertaria a pilhagem promovida pelos “cumpanheiro”, em todos os ministérios, em todos os órgãos do governo onde houvesse um orçamento público pra meter a mão, em todas as empresas estatais que se tornariam cabides-de-emprego, e por aí vai. Dá um cansaço…
Exatamente. Não precisa ir longe né História, nem na Geografia. Vide Cuba, Venezuela e Argentina.
Muito bom. Apropriadíssimo ao momento que vivemos.
Que mundo chato, cheio de pessoas insuportáveis com seus mimimis. Cadê o grande cometa que não chega? O mundo era mais saudável no tempo dos dinossauros.
Fiuza sempre acerta em cheio. Muito bom.
“Progressistas” de raizes fincadas no marxismo et caterva eliminaram mais de 200 milhões de pessoas somente no Século XX. Donde, venha a nós, o povareú, os conservadores de vidas.
Muito bem colocado. Parabéns.
E esse processo nocivo tem fim? Ou só tende a piorar?