No Brasil, o pesadelo intervencionista ressuscita sempre para nos assombrar, como um felino selvagem pronto para o ataque na savana africana. É exaustivo, a cada vez que o debate vem à tona, ter de repetir o óbvio: se o Estado não é capaz de cumprir suas funções prioritárias, como terá condições de atuar em áreas que, para seu escopo, são periféricas? Mas o pensamento heterodoxo sempre pode ser reeditado, pelas mais diversas razões: superstições estatizantes, irresponsabilidade, má-fé, rompante voluntarista e um sem-número de etcéteras. Independentemente das intenções, que podem ser até positivas, as consequências da mão pesada do governo são catastróficas. Além disso, uma medida adversa num setor obriga a uma segunda ingerência desastrosa numa outra área, e assim por diante. É uma das lições básicas do economista Ludwig von Mises (1881-1973): quando o Estado se mete num determinado território da economia, será obrigado a interferir num outro.
Decano da Escola Austríaca de Economia no Brasil, o professor Ubiratan Jorge Iorio lembra que o comando de Roberto Castello Branco à frente da Petrobras foi exemplar. “O profissionalismo que imperou durante a gestão iniciada em janeiro de 2019 levou a empresa a cortar custos operacionais, reduzir o endividamento e focar ativos de maior rentabilidade, produzindo benefícios como a redução do custo da dívida e a geração de caixa bastante elogiada pelos analistas de mercado”, escreve Iorio.
Em seus 68 anos, a Petrobras teve 39 CEOs. Ou seja: em média, cada executivo-chefe dura menos de dois anos na cadeira. Não há companhia que preze uma atuação estratégica com um histórico desses. Quando o presidente da República declara que estatais precisam preservar sua “visão social”, convém entender se isso significa licença para decisões populares não orientadas por planilhas financeiras ou se é mera retórica destinada a buscar aplausos da plateia fiel. “O governo do momento quer ter na mão a caneta que controla o preço do tanque de combustível? Quer salvar o povo?”, pergunta J. R. Guzzo. “Então que faça o serviço direito: ponha a gasolina a R$ 1 o litro logo de uma vez e deixe que a Petrobras se exploda.” Guzzo vai além e apresenta a questão fundamental: a natureza da própria existência da Petrobras — e, por conseguinte, de todas as outras estatais.
Caso particularmente estarrecedor é o da Empresa Brasil de Comunicação. A reportagem do editor-executivo Silvio Navarro expõe os números da “tv traço” — uma indicação da audiência inexistente. O custo é de R$ 560 milhões e há quase 2 mil servidores públicos pendurados na folha de pagamento.
Evidentemente, denunciar equívocos e decisões intempestivas não significa “torcer contra”. Chamar a atenção para a necessidade de que a agenda liberal seja mantida como prioritária é diferente de atuar como um “liberaloide” e ignorar passos importantes que já foram dados na direção correta. O escritor Guilherme Fiuza destaca que precisamos estar atentos à turma “que ficou em silêncio durante os dois anos de politicagem de Rodrigo Maia fabricando manchetes contra a equipe econômica”. São os tais liberais de cativeiro de cabelo penteado, boas credenciais e que gostam de deixar subentendido que estão cumprindo a missão de “fazer o bem”.
A mesma convicção da virtude interior é notável entre os ambientalistas que elaboraram um novo zoneamento para a região do Vale do Araguaia, em Mato Grosso. A regulamentação proposta é um assombro. Na prática, condena ao atraso agricultores e pecuaristas que já observam o Código Florestal e mantêm 35% de suas terras como reservas ambientais. Eles seriam obrigados a deixar de utilizar recursos tecnológicos nos seus negócios. Para os ongueiros, agricultura e piscicultura sustentáveis são exclusivamente aquelas que fazem uso apenas de técnicas rudimentares. Para quem planta chuchu e quiabo orgânicos na Serra da Mantiqueira, com meia dúzia de galinhas caipiras criadas soltas, pode até ser charmoso. Na vida real do produtor rural, que cumpre um papel indispensável na economia, é um completo desatino, como nos mostram a editora Branca Nunes e o repórter Edilson Salgueiro.
Certo de que cumpre uma missão social — quem sabe divina —, o ministro do STF Alexandre de Moraes faz o que bem entende, como aponta Augusto Nunes: “Ao decidir que há limites para o artigo da Constituição segundo o qual nada do que diz um congressista pode ser enquadrado como crime, concebeu a imunidade relativa. Deve ser prima da democracia relativa proclamada pelo general presidente Ernesto Geisel nos anos 1970.”
O Brasil Velho, como diz Guzzo, está cada vez mais forte.
Boa leitura.
Os Editores.
É preciso encontrar um meio termo nessa
Questão da Petrobras. Liberar totalmente
o preço ao sabor do mercado também não
dá .
Se a gasolina e o diesel subirem conforme preços internacionais, como será o preço do frete, o gás de cozinha, os alimentos e o transporte urbano ? Vai ter greve de caminhoneiros e o Brasil paralizado desabastece? Como será o custo de vida para a classe média e os pobres? O mercado hoje quer lucro , somente isso! O que faremos com o cidadão que paga com impostos a extração, produção, refinamento do petróleo e vai pagar o preço do mercado?
Dória, o exterminador do futuro.
Lockdown é a cloroquina do Dória.
Hoje mandei uma mensagem para a redação da Veja que não assino nem poderia, sobre coisas que eles estão publicando e a reproduzo aqui.
O novo grupo (pode haver sócios ocultos, talvez Lula e Dória) que comprou a revista arriscou na estratégia de custo mais baixo mas a escolha dos articulistas não ajuda. Vocês vão continuar com poucos assinantes embora possam se ombrear, por exemplo, com a Isto é pelo título de revista mais vendida do Brasil. Na Isto é alguém chama o Bolsonaro de homicida. Vocês também pedem sua morte. Se dissessem isso do Alexandre de Morais eles e vocês já estariam na cadeia, mas a gente sabe como são as coisas. Cada rato rói seu pedaço de queijo achando que a rataria unida jamais será vencida. A sub imprensa é o maior partido de oposição do Brasil.
O Noblat, que só escreve besteira, hoje pede a morte do Bolsonaro. Pensar não é o forte dele ou de vocês, nem da ministra Rosa Weber, mas vamos ver as premissas subjacentes ao caso. Notem que isto não é defesa do que Bolsonaro diz ou não. É um teste sobre o efeito do que ele diz no país.
1 O Brasil chegou a 250000 mortos porque Bolsonaro não crê no virus e não recomenda a máscara, ou é má fé ou retardamento mental. Chegou lá porque os governadores não tiveram competência para tomar providências que reduzissem o contágio.
2 Se Bolsonaro aceitasse a máscara teríamos muito menos mortos, idem, idem.
Depois, se Bolsonaro merece morrer, o que vocês dizem dos primeiros ministros do Reino Unido, da Espanha, da França, da Itália e da Suécia, isto na Europa, sem tratar do resto do mundo. O Brasil está em 26º lugar na taxa de mortes por milhão de habitantes, tem muita gente que mereceria morrer também. E não se iludam, eu não escrevo isto para vocês, escrevo para copiar e repassar aos meus conhecidos.
Prezados amigos leitores e amigos editores e jornalistas da OESTE, um aviso: A PETROBRÁS não foi privatizada. A PETROBRAS tem como maior acionista o BRASIL. Portanto não pode realizar suas políticas comerciais ao bel prazer de lucro por lucro. O aspecto social deve ser levado em conta.
Quando a PETROBRÁS deixar de ser estatal, aí sim, pode mudar sua visão.
A Petrobras é uma empresa de economia mista e não propriamente uma estatal. Dito isso, o governo é seu principal acionista e, como tal, pode indicar ao conselho o seu presidente. O verdadeiro debate fica mais uma vez apequenado, deixando-se de fora a questão primordial da continuidade do formato da empresa: mista ou privada.
Grande coisa elogiar o tal do Castelo Branco. Um gambá honesto faria igual ou melhor. Essa empresa vive no melhor dos mundos: precisando de dinheiro para pagar os diretores e funcionários? Aumenta o preço do combustível. Essa história de comodities não cola mais.Às favas com essa desgraça. Quem quiser a “minha parte” faça bom proveito.
Estamos em tempos que tudo é criticável. As estatais tiveram um papel importante na “revolução industrial” brasileira em determinado momento. Tudo muda e tudo se transforma com o tempo e a cada geração ou ciclo existem movimentos de expansão e contração da economia e até mesmo dos níveis culturais múltiplos e diversificados. Lá num determinado da história a influência para ocupação dos principais cargos aumentou geográfica e perigosamente. Se a transparência e o “senso social” tivesse funcionado não haveria o sucateamento das empresas. Chega-se a um ponto que é necessário rever conceitos de patriotismo num quadro de armadilhas de mercado, geopolítica e inesperadas pandemias. A concorrência ela também pode ser cruel se não for construído instrumentos de controle também em áreas estratégicas entregues ao setor privado. Veja o caso das vacinas, onde laboratórios tentam aumentar lucros com a desgraça alheia em todo o planeta. Oligopólios disfarçados, subsídios estatais a setores privados (como a agricultura na Europa e nos EUA) atormentam os liberais que não gostam de discutir em termos democráticos onde a população deveria ser consultada e ser bem informada sobre possíveis mudanças. Com a atual composição dos Três Poderes e mais a imprensa imperialista não há como acreditar que a melhor informação está infectada pelos interesses inconfessáveis de pessoas e grupos dominantes. A população necessita explicações sinceras e objetivas do que significa mudanças imparciais e construtivas, pelo menos por uns anos (décadas já seria bom).
Afinal, a revista oeste esta limitando os comentários ou o assinante? Fiz neste momento para este artigo e ontem longo comentário ao texto do Guzzo, que sumiram. Aguardo instruções.
Essa novela Petrobras tem que ser tratada com maior seriedade. Comparar a troca no comando da empresa como intervenção de Bolsonaro nos preços, ao estilo Dilma, é insanidade e provocação. O mercado financeiro que vive da especulação adora estes momentos, porque se locupleta com a volatilidade do preço das ações, que geram aquelas manchetes de péssima qualidade, como, “a Petrobras perde quase 100 bilhões com a intervenção de Bolsonaro”, sem todavia ressaltar que o patrimônio da empresa nada perdeu. Já o investidor que atenta para os fundamentos da empresa sabe que ela esta rigorosamente empenhada em focar na alta qualidade e produtividade de sua principal atividade que é centrar investimentos na produção de petróleo e gás do pré-sal, e que os atuais preços desse produto no mercado internacional, proporcionam resultados expressivos.
Logicamente há méritos do ainda presidente Castelo Branco, que foi indicado pelo governo Bolsonaro, como no passado recente, de Pedro Parente na gestão Temer. Se bem lembrarmos tivemos aumentos e diminuição de preços quase diariamente, o que se demonstrou inviável praticá-los nas bombas. Aumentos são repassados aos consumidores, porém diminuições ninguém sabe.
Entretanto, esses executivos tem que entender que administrar uma estatal de economia mista não é o mesmo que uma empresa privada, que visa especialmente competir e gerar resultados aos investidores, portanto entendo inadmissível Castelo Branco ter dito que “a greve dos caminhoneiros não é problema da Petrobras”, em momento tão grave, como a ameaça de greve pelos caminhoneiros, pouco se importando com os problemas que Bolsonaro, Guedes e Tarcísio enfrentam para evita-la, propondo redução de impostos federais, pedindo sem sucesso a governadores a redução do elevadíssimo ICMS, aferindo bombas que roubam combustíveis, avaliando margens dos distribuidores e revendedores, para que especialmente o diesel tenha um preço mais estável e justo ao transporte rodoviário de carga.
Ainda assim, considero que há muito a sanear na empresa com o corporativismo ainda existente, que continua querendo ser proprietário da empresa, e entendo que o general Luna assim como fez na Itaipu Binacional, fechando escritórios em Curitiba, saneara igualmente na Petrobras.
Portanto, acho injusta a manifestação da revista oeste e do Guzzo, própria da péssima imprensa tradicional que diariamente destila ódio e promove esses sim verdadeiros atos anti democráticos com a desinformação (FAKEs) contra o governo Bolsonaro.
Considero importante que estatais de economia mista tenham excelentes resultados sociais e financeiros para remunerar seus acionistas, com importantes dividendos. O acionista minoritário fará o que quiser com seu dividendo, inclusive reinvestindo na própria empresa em aumentos de capital, e o controlador (União) poderia destinar esse importante recurso para um fundo social de equalização de preços do diesel.
Como investidor da Petrobras há mais de 30 anos, aprecio os fundamentos da empresa e considero injusto comparar esta ocorrência com a das gestões sinistras de governos passados, com presidentes coniventes com a corrupção e que sequer foram punidos. Agora, a imprensa e outros Poderes da República não podem tentar OBSTRUIR o governo Bolsonaro, e sugiro esperar 2022 para decidir seu futuro. Mas atenção, com o VOTO IMPRESSO, que os jornalistas da revista oeste deveriam defender como única forma de AUDITAR e RECONTAR urnas eletrônicas.
Excelente Carta! Quanto ao presidente da Petrobras, por mais competente que seja, menosprezou a visão social, que embora não seja de sua competência, ele fazia parte de um governo, e devia se comportar como tal, até em suas palavras. Não o fez, e foi substituído! O que entra é tão competente quanto o anterior, e nos resta aguardar!
Lamentável é o Brasil, e não a carta.
Exatamente!!
Lamentável. É o que posso dizer da carta ao leitor dessa semana.
O Presidente nem ia na Petrobras e vcs acham que estava certo. O jornalismo precisa aprender que a mudança histórica é um processo e não o imediatismo jornalistico.