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Randolfe Rodrigues, Omar Aziz, Renan Calheiros e Humberto Costa na CPI do Covid | Foto: Jefferson Rudy/Senado Federal do Brasil
Edição 83

Carta ao Leitor — Edição 83

A CPI que fingiu investigar casos de corrupção ligados à pandemia e a CPI de verdade montada no Rio Grande do Norte estão entre os destaques desta edição

Redação Oeste
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Seis meses depois do início, vai chegando a um patético desfecho a CPI da Covid. O núcleo duro da comissão, teoricamente criada para investigar casos de corrupção relacionados à pandemia, fez o possível para driblar casos de corrupção relacionados à pandemia. E fez o impossível para culpar o presidente Jair Bolsonaro por qualquer coisa que, se não merecesse cadeia, pelo menos justificasse o impeachment.

Embora os senadores da oposição tenham passado todas as sessões reverberando a acusação de genocídio, o exagero pareceu excessivo até aos olhos dos parceiros de Renan Calheiros. Aos 45 do segundo tempo, o relator achou prudente remover a expressão do texto final. Senadores mais sensatos certamente lhe sopraram que, de acordo com a lei brasileira, “genocídio é um conjunto de ações praticado com a intenção deliberada de destruir um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”. (Até o momento, nenhuma das agências de checagem que infestam o país nem qualquer ministro do STF atribuíram a Renan e sua trupe “a disseminação de fake news”.)

Esse raro momento de sobriedade durou pouco. Ainda restam algumas horas para que se aproximem da realidade trechos produzidos pela imaginação. Mas a versão do relatório que chegou à imprensa contém acusações que beiram a loucura. Bolsonaro é enquadrado no delito de “charlatanismo”, por acreditar, como tantos outros médicos, que o chamado tratamento precoce era eficaz. Renan também afirma que o presidente estimulou a população a ignorar medidas de contenção da pandemia, o que qualifica de “incitação ao crime”.

“Ao longo dos seis meses em que esteve viva, a CPI da Covid foi um trem fantasma que levou o país a patamares de baixeza nunca atingidos antes numa disputa política”, escreve J.R. Guzzo em seu artigo. “Jamais apurou coisa nenhuma. Ocultou crimes. Comportou-se nos interrogatórios como uma delegacia policial de ditadura; ofendeu, perseguiu e pisoteou os direitos das testemunhas como cidadãos e como seres humanos”.

A velha imprensa não só amplificou o palavrório da CPI como tratou como heróis nacionais figuras do calibre de Renan ou de Omar Aziz, presidente da comissão. “Renan é possivelmente o cidadão mais enrolado com o Código Penal Brasileiro que habita neste momento o Congresso Nacional”, lembra Guzzo. Aziz está envolvido até o talo em bandalheiras em seu Estado, boa parte na área da saúde — e escapou por pouco de uma CPI formada para investigar uma rede de pedófilos.

Longe dos holofotes e das manchetes, uma CPI instaurada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte já deixou claro que os senadores não fizeram o que deveriam ter feito. Na reportagem de capa desta edição, Silvio Navarro detalha, por exemplo, um esquema de compra de respiradores que tem a cara do Brasil pré-operação Lava Jato. A maracutaia lesou os pagadores de impostos em quase R$ 50 milhões. Não por acaso, os protagonistas do escândalo são Carlos Gabas, ex-ministro da Previdência, Rui Costa, governador da Bahia, e Edinho Silva, prefeito de Araraquara. Os três, claro, são filiados ao PT.

Boa leitura.

Branca Nunes
Diretora de Redação

10 comentários
  1. Roberto Fakir
    Roberto Fakir

    Se não tivesse sido criada pela Globo, essa CPI nem teria sido instalada. A Globo mandou e Barroso e Pachequin obedeceram. Ou esse governo endurece a rota, ou Bolsonaro irá nos levar mais facilmente ao comunismo. Bolsonaro fala muito em FFAAs mas não combina com os russos. FFAAs não vão se meter nisso. As FFAAs stão totalmente acovardadas. Talvez não estejam erradas. Ou o proprio povo resolve no voto ou isso não dá certo. E não adianta bolsonaristas começarem a xingar.

  2. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Sugiro a redação da revista oeste, pautar matéria que esclareça os leitores sobre os mais de R$80 bi de PRECATÓRIOS que o “justo” STF lançou como um METEORO nas costas deste governo no seu último ano de mandato e em ano eleitoral.
    Importante observar a fala do raivoso iluminado Barroso que assim se manifestou: ” o valor exorbitante é resultado do fato do governo sempre adiar os pagamentos e na cultura de LITIGAR – entrar com processo na justiça para contestar as dívidas”, “O precatório não é culpa do judiciário. O precatório é uma dívida que a União vai contraindo ao longo do tempo por condutas impróprias. E nesse caso ainda faltou monitoramento para saber que um dia ia chegar essa conta”.
    Afinal, LITIGAR é cultura ou obrigação da União enquanto não transitar em julgado?
    Gostaria de perguntar aos nossos velhos jornalistas como GUZZO e AUGUSTO NUNES se aquela CPI do JUDICIÁRIO (1999) do senador A.C.Magalhães, que salvou o Banco da Amazônia (BASA) de pagar indenização bilionária de R$106 bi à uma madeireira falida que era sua devedora, poderia virar um precatório já que o Banco é do Estado? Será que muitos precatórios não tiveram origem nessa chamada indústria de PRECATÓRIOS? .
    Entendo que essa matéria em muito ajudaria o debate que se trava no Executivo e Legislativo no cumprimento da LEI DE RESPONSABILIDADE e cumprimento do teto de despesas. Creio que muitos precatórios caberiam severas revisões judiciais, provocadas pelo MPF.

    1. Silvestre Carlos Antunes Siqueira
      Silvestre Carlos Antunes Siqueira

      Perfeito Antônio Carlos! Desde o anúncio das tais precatórios eu também fiquei querendo um esclarecimento sobre essa matéria, vamos aguardar.

    2. Roberto Fakir
      Roberto Fakir

      Óbvio que o STF quis melar o governo. Óbvio que o STF quer que as FFAAs entrem em alguma aventura. Quem hoje tem o poder de mudar o rumo da história são os deputados. Mas estão com medo de serem presos. Que tipo de deputado tem medo de ser preso? Deputado de redes sociais. Petistas não tiveram medo de ser presos, nrm por corrupção. O STF prende deputado porque sabe que Zambelli, Kicis e mais uns 40 morrem de medo. Eles acham que o STF teria coragem de prende-los. Com deputados assim, entreguem logo para o PT.

  3. Luzia Helena Lacetda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacetda Nunes Da Silva

    Uma edição com extraordinária consistência. Oeste se superou.

  4. jose angelo baracho pires
    jose angelo baracho pires

    Estou procurando nesta edição boa reportagem sobre a família narcotraficante Alcolumbre
    Idem sobre o narcotraficante preso na Espanha, que entregou tudo prá Interpol.
    Aí sim com algumas prisões aqui no Brasil, apressaremos o desaparelhamento do estado corrupto, de gangsters do foro de São Paulo.
    Políticos que defendem as drogas que destroem nossas famílias.
    Chegaram longe demais, e por isto André Mendonça NOSSO ESCOLHIDO, o comando geral tem dificultado!!!

  5. Adelmo Sérgio Pereira Cabral
    Adelmo Sérgio Pereira Cabral

    Consórcio Nordeste = Quadrilha Nordeste

  6. Claudio Marcio Almeida
    Claudio Marcio Almeida

    Essa CPI é um conjunto de narrativas e arranjos frágeis de factoides previamente pensados.
    Sem sustentação factual, o relatório, se a PGR fizer seu papel, será arquivado pelo exagero da mentira.
    Usaram Goebbels de forma errada. A tática é falar uma mentira várias vezes, não é falar uma grande mentira uma única vez.
    É triste constatar que o Senado Federal se presta a este tipo de pantomina.
    Palco de horrores.

  7. Júlio Rodrigues Neto
    Júlio Rodrigues Neto

    UFC, Boxe e outras modalidades de luta. Não conheço nenhuma raça, além da humana, que promove brigas, por esporte.

  8. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Esse PT é um caso pra tribunais internacionais, ele vai do surrupio da soberania do cidadão brasileiro até a coautoria de genocídios em dois continentes, junto a tiranias comunistas

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