A brasileira Inah Canabarro Lucas, aos 116 anos, está entre as pessoas mais velhas do mundo, relata o portal g1. Ela ocupa a segunda colocação entre outras duas supercentenárias, Tomiko Itooka e Ethel Caterham.
Não há uma fórmula mágica para a longevidade, mas o número de supercentenários tende a aumentar com os avanços na medicina, prossegue o portal.
De acordo com o Grupo de Pesquisa de Gerontologia (GRG), com sede em Los Angeles, 54 supercentenários são monitorados globalmente. Somente um é homem.
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Waclaw Jan Kroczek, pesquisador polonês do GRG, explica que as mulheres geralmente vivem mais que os homens devido a fatores biológicos, comportamentais e sociais.
Segundo Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo (USP), “nos mamíferos não humanos as fêmeas também vivem mais”. Zatz coordena o laboratório de pesquisa no Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da universidade. Ela prossegue.
“Pode ser porque as fêmeas têm dois cromossomos X e o macho só tem um. E evolutivamente, é interessante que a fêmea viva mais para proteger a sua prole.”
Definição e monitoramento de supercentenários
Supercentenários são definidos como pessoas que atingiram 110 anos ou mais. Essa é a régua adotada tanto pelo GRG quanto pelo LongeviQuest, outro grupo de referência no monitoramento de supercentenários.
A lista do LongeviQuest é maior. Tem 278 pessoas listadas, pois os processos de verificação podem variar em tempo e dependem do contato dos familiares com os institutos.
A ausência de supercentenários na Índia, o país mais populoso do mundo, pode ser atribuída ao desconhecimento e à dificuldade de validação de documentos antigos. As listas do GRG e do LongeviQuest são lideradas por Tomiko Itooka, do Japão, com 116 anos.
Ela é seguida pela brasileira Inah Canabarro Lucas, que é freira e também tem 116 anos, mas um mês mais nova. Elizabeth Francis, dos EUA, ocupa o terceiro lugar com 115 anos.
Diferenças de longevidade entre homens e mulheres
Observa-se uma maior prevalência de mulheres entre os supercentenários. Kroczek destaca que os homens são mais propensos a comportamentos de risco, como direção imprudente e abuso de substâncias, resultando em maiores taxas de acidentes e mortes.
“Os homens são mais propensos a se envolver em comportamentos de alto risco, como direção imprudente, abuso de substâncias e atividades perigosas.
Tal situação pode levar a taxas mais altas de acidentes, lesões e mortes relacionadas à violência em homens, principalmente nos mais jovens”, afirma Kroczek.
As mulheres, em geral, cuidam mais da saúde e tendem a se apoiar em grupos, o que pode reduzir o estresse.
É tentador perguntar a esses supercentenários o segredo para a longevidade. Estudiosos, porém, alertam que seguir seus conselhos pode não ser a melhor ideia, já que muitos são fumantes, sedentários ou amantes de doces. A genética e uma dose de sorte parecem ser os fatores mais determinantes.
Histórias de vida dos supercentenários
Tomiko Itooka, nascida em 23, vive atualmente em Hyogo. Ela praticava vôlei na escola, trabalhou em uma fábrica têxtil na Coreia do Sul e teve quatro filhos.
Tomiko também gostava de escalar montanhas e subiu o Monte Ontake, de 3 mil metros, duas vezes. Inah Canabarro Lucas, nascida em 8, mora em um convento em Porto Alegre. Freira, ela deu aulas de português e matemática depois de morar no Uruguai, acrescenta o g1.
Elizabeth Francis, nascida em 25, vive em Houston, Texas. Ela já atribuiu sua longevidade à fé, dizendo: “se o bom Deus lhe deu, use” e “diga o que pensa, não morda a língua”. A longevidade parece ser característica da família, já que sua irmã viveu até os 106 anos.
Ethel Caterham, de 115 anos, nasceu na Inglaterra e vive em uma casa de repouso em Ash Vale. Ela atribui sua longevidade a “nunca discutir com ninguém” e fazer o que gosta, segundo a BBC.
Atividades e estilo de vida dos supercentenários
Okagi Hayashi, de 115 anos, do Japão, bebe suco verde caseiro todas as manhãs. Até os 80 anos, ela gostava de viajar para fontes termais e jardinar com amigos. Praticou caligrafia até os 90 anos, e aos 112 ainda conseguia ler jornais e completar quebra-cabeças.
John Tinniswood, de 112 anos, da Inglaterra, é o homem mais velho do mundo, segundo o GRG e o Guinness Book. Ele vive em Southport e trabalhou em finanças para o Exército e em empresas como Shell e BP.
O GRG relata que aproximadamente 90% dos supercentenários verificados são mulheres. Kroczek detalha cinco pontos cruciais para explicar essa diferença: genética, proteção hormonal, diferenças no sistema imunológico, comportamentos de risco e cuidados com a saúde.
As mulheres também tendem a ter redes de apoio mais fortes, o que pode mitigar o estresse e contribuir para uma vida mais longa.