A cidade de Curitiba vive um surto de hepatite A. Este ano, de janeiro ao fim de junho, o município já registrou 366 casos da doença, segundo boletim divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) na segunda-feira 1º.
No ano passado, nesse mesmo período, somente cinco casos haviam sido confirmados na capital paranaense. Em 2022, até o fim do ano, foram registrados apenas quatro registros. Cinco pessoas morreram — a cidade não registrava óbitos pela doença desde 2012.
Segundo inquérito epidemiológico realizado na cidade, o surto tem sido causado por transmissão de pessoa para pessoa. A principal fonte de contaminação é a sexual, com prevalência de confirmações em homens jovens, de 20 a 39 anos.
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Também de acordo com a secretaria, 60% dos infectados tiveram que ser internados, enquanto 3,2% precisaram de cuidados em unidades de terapia intensiva (UTIs). Do total de casos, 73% ocorreram entre homens e 27%, em mulheres.
O inquérito foi realizado pelas equipes da SMS e do Programa de Epidemiologia Aplicada do Sistema Único de Saúde (SUS), do Ministério da Saúde.
Doença ataca o fígado
A hepatite A é uma doença infecciosa do fígado causada por vírus. A transmissão ocorre por meio do contato com fezes contaminadas, o que pode acontecer, principalmente, por meio de ingestão de água ou alimentos inseguros e baixa higiene pessoal, mas também pelo contato direto com pessoa infectada. Normalmente, é mais comum em crianças, por não adotarem a higiene frequente das mãos, levando-as sujas até a boca.
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A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba destaca que, em crianças, a doença geralmente tem tratamento mais fácil. Em adultos, no entanto, tende a ser mais grave, incluindo a necessidade de internação hospitalar, situação que se apresenta no surto enfrentado em Curitiba.
Medidas locais
Ainda segundo a pasta municipal, a cidade aguarda a chegada de vacinas para bloqueio de casos, vacinando contatos familiares e sexuais dos confirmados nos últimos 15 dias. A vacina contra hepatite A está disponível no SUS para crianças de 1 a 4 anos. Para adultos, apenas casos específicos podem receber a imunização, que, nesse caso, ocorre nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais.
“Desde a identificação do surto em Curitiba, a SMS tem notificado o Ministério da Saúde sobre a situação atípica e solicitou o envio de vacinas de bloqueio para os contatos de contaminados”, informou a secretaria, em nota. “A SMS aguarda a chegada das doses para começar a vacinação desse público.”
O Ministério da Saúde foi indagado sobre os dados nacionais e quando as doses deverão ser enviadas para Curitiba. Entretanto, não respondeu a essas perguntas.
Prevenção
Além da vacinação, as medidas apontadas pelo Ministério da Saúde para prevenir a doença são:
- lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
- lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
- cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
- lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
- usar instalações sanitárias;
- no caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
- não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
- evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios; e
- usar preservativos durante as relações sexuais e higienizar mãos, genitália, períneo e região anal antes e depois do ato.
Sintomas e tratamento da hepatite A
Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias depois da infecção e duram menos de dois meses. De acordo com o Ministério da Saúde, quando presentes, eles podem se manifestar inicialmente como fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Além disso, esses sinais iniciais podem contar, na sequência, com enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. Pode ocorrer, ainda, a presença de urina escura, além de pele e os olhos amarelados.
Com relação ao tratamento, não há medidas específicas. A pasta recomenda evitar a automedicação para alívio dos sintomas, uma vez que alguns medicamentos podem ser tóxicos para o fígado, piorando o quadro. Os medicamentos devem ser prescritos por médicos, visando garantir o conforto e balanço nutricional adequado, incluindo reposição de fluidos perdidos pelo vômitos e diarreia.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado
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