Apesar de o governo federal ter anunciado uma redução proporcional nos casos de dengue, os dados revelam que 2025 tende a ocupar o segundo lugar entre os anos com maior mortalidade provocada pela doença.
Um levantamento feito pelo site Metrópoles com base em informações oficiais mostrou que 317 pessoas morreram em decorrência da dengue entre janeiro e fevereiro. O período, historicamente crítico no combate ao vírus, registra números ainda parciais. A série histórica, iniciada em 1996, revela que o total só é inferior ao registrado em 2024, quando houve 1,3 mil mortes no mesmo intervalo.
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Alerta interno contrasta com discurso público
Técnicos e integrantes do governo preveem o agravamento da crise sanitária nas próximas semanas. Um boletim do Ministério da Saúde publicado em 5 de janeiro já alertava para a escalada dos casos. Desde 2023, a dengue assumiu proporções epidêmicas e, no ano passado, ultrapassou recordes de infecção e letalidade, em alguns momentos superou até a covid-19.
Mesmo assim, o governo tem priorizado nas redes sociais uma narrativa otimista e destaca apenas a redução proporcional dos casos em relação ao ano anterior. A estratégia omite a dimensão real da crise e o avanço da doença em diversas regiões.
Histórico recente confirma avanço da dengue
Em 2024, o Brasil contabilizou 6,2 mil mortes por dengue. O número, por si só, superou todas as mortes registradas entre 2015 e 2023, que somaram 6 mil. Os dados escancaram o impacto devastador da doença no país.
O enfrentamento da nova onda de infecções está agora sob responsabilidade do ministro Márcio Macêdo, que substituiu Nísia Trindade, depois de críticas à gestão da crise. Um dos fatores de alerta é o retorno do sorotipo 3 da dengue, que estava inativo havia anos e voltou a circular com força.
Outro obstáculo envolve a vacinação. O imunizante da farmacêutica Takeda está disponível apenas para adolescentes de 10 a 14 anos no Sistema Único de Saúde (SUS) e em quantidade limitada. Diante da proximidade do vencimento das doses, o Ministério da Saúde ampliou a faixa etária elegível.
Vacina nacional contra a dengue ainda depende da Anvisa
O Instituto Butantan desenvolve uma vacina apresentada como 100% brasileira, mas o projeto ainda aguarda aprovação da Anvisa. A tecnologia, no entanto, é de origem norte-americana. Mesmo que aprovada, a vacina só deverá estar disponível em larga escala a partir de 2026.
Até lá, a principal estratégia segue baseada na prevenção: combate a criadouros do mosquito, aplicação de larvicidas e fortalecimento da vigilância sanitária.
LULA GENOCIDA