A dentista Hellen Kacia Matias da Silva foi presa preventivamente, na terça-feira 30, por suspeita de deformar pacientes depois de realizar procedimentos estéticos que só podem ser feitos por cirurgiões plásticos, em Goiânia.
Segundo a Polícia Civil de Goiás, a odontóloga usava as redes sociais para divulgar os serviços. Um de seus perfis soma mais de 650 mil seguidores.
Dentista acusada de deformar pacientes
A defesa de Helen declarou, por meio de nota, que o mandado de prisão considerou que a dentista descumpriu uma determinação da Justiça que a proibia de realizar cirurgias estético-faciais depois do dia 22 de novembro de 2023. Nesta data, a Polícia Civil cumpriu mandados na clínica dela a primeira vez.
Mas as advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo alegaram que a Justiça confundiu o procedimento realizado pela dentista, e que, por isso, a prisão da profissional foi feita de forma “arbitrária e injusta”.
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Em comunicado, o Conselho Regional de Odontologia (CRO-GO) disse que “medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas, obedecendo o devido sigilo aplicável ao caso”.
O registro profissional da Hellen continua ativo em Goiás. No site da entidade, consta que a profissional é cirurgiã-dentista com especialidade em harmonização orofacial.
Exercício ilegal da medicina
A prisão de Hellen ocorreu a partir de evidências de que ela deformou o rosto de pacientes ao realizar cirurgias estéticas proibidas pelo Conselho Federal de Odontologia, como alectomia (redução do nariz), retirada de pele excessiva dos olhos (blefaroplastia), lipo de papada (face lifting) e outros.
A investigação iniciou-se em setembro de 2023, depois que a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) recebeu denúncias de que Hellen e outros três médicos estavam exercendo ilegalmente a medicina.
Em novembro de 2023, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão na clínica de Hellen e apreendeu celulares usados para falar com os pacientes, prontuários médicos e outros materiais.
No aparelho, os policiais encontraram vários clientes de Hellen que ficaram com rostos deformados após a realização de cirurgias com a profissional. Por mensagens, pacientes reclamam de inflamações, cicatrizes e assimetria nos resultados.
Foram colhidas declarações de mais de 13 vítimas da dentista, bem como depoimentos de ex-funcionários do instituto onde Hellen realizava os atendimentos.
Todos confirmaram a realização das cirurgias proibidas em local inadequado (fora do ambiente hospitalar).
As pessoas ouvidas também relataram que a dentista não aceitava nenhuma crítica ao seu trabalho, tratando os pacientes com descaso.
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De acordo com a delegada Débora Melo, responsável pela investigação, todos os procedimentos estéticos feitos por Hellen eram anunciados nas redes sociais da dentista por valores abaixo dos de mercado, atingindo um grande número de pessoas.
Entre as quase 300 publicações, estão muitos vídeos e fotos que mostram resultados positivos dos procedimentos em vários pacientes.
Em outras publicações na internet, a dentista divulgava cursos em que ensinava a outros profissionais da saúde técnicas de procedimentos que só podem ser feitos por cirurgiões plásticos, como face lifting.
De acordo com a delegada, além de vítimas de procedimentos realizados por Hellen, a Polícia Civil encontrou clientes insatisfeitos com resultados de procedimentos feitos por “alunos” da dentista.
Materiais vencidos
Durante as primeiras buscas feitas no instituto coordenado por Hellen, no Setor Oeste, a polícia encontrou diversos instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos.
Na época, os materiais foram apreendidos e descartados pela Vigilância Sanitária, que também autuou a dentista por inadequação do alvará sanitário do estabelecimento, que não tinha autorização para a realização de nenhum procedimento invasivo.
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