Um projeto brasileiro que utiliza inteligência artificial para identificar arritmia cardíaca ganhou, em outubro, um prêmio global de inovação. O Hospital Nove de Julho desenvolveu a tecnologia com a Johnson & Johnson MedTech e a startup Neomed. O grupo venceu o Gartner Eye on Innovation 2024.
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O projeto começou em 2023, com o objetivo de identificar e tratar rapidamente pacientes com fibrilação atrial. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a condição é o tipo mais comum de arritmia cardíaca, que afeta cerca de 2,5% da população.
“A fibrilação atrial é a arritmia mais comum da prática clínica, e o crescimento do diagnóstico da doença acompanha o envelhecimento da população”, afirmou Raphael Oliveira, diretor-geral do Nove de Julho, à CNN Brasil. “Além do impacto negativo na qualidade de vida e no risco de comprometimento da função cardíaca, traz consigo um aumento do risco de acidente vascular cerebral (AVC).”
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Oliveira afirmou que um diagnóstico precoce da doença pode diminuir as chances de complicação. Além disso, possibilita a execução do tratamento adequado.
Depois de um ano com o projeto de inteligência artificial, a tecnologia aumentou em 30% a pontuação de qualidade de vida dos pacientes acompanhados. A tecnologia também reduziu em 43% a busca por pronto-socorro.
A importância da inteligência artificial para o diagnóstico de doenças
O diagnóstico da doença comumente ocorre por meio de eletrocardiograma. Apesar disso, o diretor-geral do Hospital Nove de Julho afirmou que diferenciar os tipos de arritmias pode ser difícil com esse método. Com a tecnologia, o profissional da saúde confirmou o aumento da sensibilidade diagnóstica.
“A IA garante rapidez no diagnóstico e precisão”, disse Oliveira. “Em plataformas como a KARDIA, da Neomed, que utilizamos em nosso centro de arritmia cardíaca, conseguimos o apoio clínico no diagnóstico, não apenas com sinais de alerta para esses casos, mas com diagnóstico rápido, não permitindo que um caso passe despercebido.”
Ele diz ainda que a IA ajuda no diagnóstico das fibrilações paroxísticas, silenciosas, muitas vezes não percebidas pelo paciente ou fugazes o suficiente para não permitir documentação em eletrocardiograma.