Mais de 65% dos municípios brasileiros enfrentam problemas de desabastecimento de vacinas, segundo levantamento realizado entre 29 de novembro e 12 de dezembro pela Confederação Nacional de Municípios (CNM).
De acordo com o levantamento, a vacina contra a varicela (catapora) está em falta em 52,4% dos municípios, com um período médio de desabastecimento superior a 90 dias. A vacina contra a covid-19 para adultos também está indisponível em 25,4% das cidades, com uma média de 45 dias sem reposição.
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“Temos relatos de locais que até recebem algumas doses, mas é insuficiente, logo acaba de novo”, diz o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. “Os estoques estão irregulares e a União precisa responder por isso, porque é sua atribuição.”
Ziulkoski destaca ainda que o cenário pode se agravar tanto pela ausência de vacinas quanto pela percepção da população de um “relaxamento” na necessidade de se vacinar. Por isso, a CNM pede reforço nas estratégias de conscientização — o que, nesse caso, só é possível se houver vacinas disponíveis.
Em nota, o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, disse que o abastecimento das vacinas do calendário básico está em 100%. “Hoje, contamos com três fornecedores para essa vacina, assegurando a normalização ao longo do primeiro semestre de 2025″, afirmou Gatti, referindo-se às injeções contra varicela.
Outras vacinas afetadas pelo desabastecimento
Além das vacinas de varicela e covid-19, outros imunizantes enfrentam desabastecimento. A vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, está indisponível em 18% dos municípios, com uma média de 60 dias sem estoque.
Esse desabastecimento ocorre em meio ao maior surto de coqueluche desde 2014, com um aumento de quase 2.000% nos casos em 2024, em comparação a 2023. Até 27 de novembro, foram registrados 4.395 casos, o que resultou em 17 mortes, principalmente em crianças menores de 1 ano.
O levantamento do CNM também assinala a falta de outras vacinas. A meningocócica C, contra meningite, está ausente em 12,9% dos municípios; a tetraviral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela, em 11,6%; e a vacina contra febre amarela, em 9,7%.
Santa Catarina lidera a escassez de vacinas, com 87% dos municípios afetados, seguido por Ceará (86%), Espírito Santo (84%) e Minas Gerais (83%). Regionalmente, 72% dos municípios no Sudeste relatam falta de vacinas, seguidos por 67% no Centro-Oeste, 64% no Nordeste, 63% no Sul e 42% no Norte.
A logística de distribuição de vacinas é responsabilidade compartilhada: a União adquire e distribui as vacinas aos Estados, que as repassam aos municípios e suas unidades de saúde.
Infelizmente poucos órgãos de imprensa dão destaque a esse descalabro.