Uma vacina brasileira contra o tipo mais comum de malária no país e em regiões das Américas está em fase de obtenção de patente. Até janeiro de 2025, as agências reguladoras devem receber o pedido para a realização de testes em humanos.
Sob produção da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, o imunizante contra o Plasmodium vivax passou pela fase pré-clínica. Desse modo, apresenta resultados positivos na avaliação de critérios como qualidade, eficácia e segurança.
Vacina é inédita no mundo
Atualmente, não há uma vacina contra a malária vivax, doença infecciosa que tem como origem o parasita do gênero Plasmodium. Há 3 espécies mais comuns do parasita no Brasil – vivax, falciparum e malariae -, cujo contágio em humanos se dá por picada de fêmeas de mosquitos Anopheles.
“Temos um produto inédito no mundo e com produção inteiramente brasileira. Meu objetivo desde o início da pesquisa, há mais de dez anos, foi conseguir uma vacina. Agora estamos na etapa final para autorização dos estudos clínicos”, diz a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP Irene Soares.
Irene coordena o trabalho ao lado do professor Ricardo Gazzinelli, diretor do Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCT-Vacinas).
Chamado de Vivaxin, o imunizante passou por testes de boas práticas de laboratório e de fabricação. Conforme a professora, a validação desta vacina pode representar, assim, um importante passo, sobretudo, na conexão entre o trabalho científico e a aplicação prática na sociedade.
Trabalho vai além de artigo em revista
“No Brasil, existe uma grande lacuna em linhas de pesquisa de vacinas. Na academia, normalmente, é feita a pesquisa básica, que envolve a definição de antígeno, adjuvante e provas de conceito. A partir disso, resulta em publicação de artigos e os estudos são, no entanto, descontinuados, não chegando até a vacina”.
Irente diz, contudo, que o objetivo da parceria entre USP e UFMG é vencer principalmente o ‘vale da morte’ e ter o produto final, para testes em humanos, em um processo todo desenvolvido no país, fato raro na ciência brasileira na área de vacinas.
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