A vitória de Donald Trump e o brexit em 2016 mostraram ao establishment globalista que essa elite não controlava plenamente a opinião pública, e que domesticar a democracia não ocorreria tão facilmente como se pensava. É o que afirma o doutor em antropologia cultural Flávio Gordon.
Segundo o escritor, essa elite iniciou um cerco ao reduto de resistência ao establishment: as redes sociais. O Twitter deixou de ser uma ágora e se tornou um gulag contra conservadores. Vítima da censura das big techs, Gordon espera que Elon Musk possa tornar o Twitter uma praça da liberdade de expressão.
1 — O senhor avalia que já há censura nas redes sociais? Caso sim, por que ela ocorre?
Sim, é inegável. A censura foi uma reação das elites políticas, econômicas e intelectuais do mundo todo ao processo de descentralização da comunicação propiciada pelas redes sociais. Um marco nesse processo ocorreu em 2016, quando eventos como o Brexit e a eleição de Donald Trump acenderam um sinal de alerta para os integrantes dessas elites, indicando que eles já não controlavam plenamente a opinião pública, e que a democracia já não podia ser facilmente domesticada por eles, como ocorria até então, com a apresentação de alternativas político-eleitorais de fachada. Desde então, vários intelectuais orgânicos do que podemos chamar de establishment globalista têm explicitado seu desprezo por uma democracia capaz de gerar resultados indesejados.
2 — O senhor já sofreu algum tipo de censura pelas big techs?
Inúmeras vezes. No Facebook, recebi vários “ganchos”, de uma semana e até um mês, além de ser vítima daquilo que se convencionou chamar de “shadow banning”, um mecanismo de redução de alcance e visibilidade. No Twitter, completei no último mês dois anos de bloqueio da conta, por postagens referentes à pandemia, que a rede social exige que eu remova para recuperar a conta. Já os venci em primeira e segunda instâncias. O caso já se arrasta na Justiça por todo esse tempo. No momento, estão obrigados a devolver minha conta sob pena de multa diária, mas ainda não cumpriram a decisão judicial. Em relação ao Facebook, também já os derrotei duas vezes na Justiça, que obrigou a plataforma a desbloquear a conta, republicar as postagens censuradas e me indenizar pelos danos morais sofridos.
Se há algo que essa elite não pode tolerar de modo algum é uma internet livre e descentralizada
3 — Como o senhor viu a reação do establishment diante da possibilidade de Elon Musk comprar o Twitter?
Uma reação de desespero, motivada pelo horror à democracia e à descentralização do mercado da informação. Hoje em dia, para a elite globalista e progressista que já detém hegemonia sobre os demais meios de comunicação, a liberdade de expressão é como água benta para vampiro — ou seja, algo que ameaça a sua própria sobrevivência, ao pôr em xeque as narrativas oficiais que essa turma pretende impor, a fim de criar um novo senso comum favorável aos seus interesses. Se há algo que essa elite não pode tolerar de modo algum é uma internet livre e descentralizada, em que o cidadão comum não dependa da mainstream media para se informar e formar sua própria opinião.
4 — Com a venda do Twitter para Elon Musk, como o senhor imagina o destino da rede social?
Confesso não estar ainda plenamente convencido do compromisso de Elon Musk com a liberdade de expressão nas redes. Prefiro aguardar mais um pouco para avaliar. De todo modo, são alvissareiras suas primeiras declarações feitas logo após concluído o negócio. “A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento, e o Twitter é a praça da cidade digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”, disse Musk, dando esperança aos defensores de uma internet livre, plural e democrática. Mas, ainda mais significativas que as falas do bilionário libertário foram as reações de ódio e pavor das milícias politicamente corretas diante da mera possibilidade de um Twitter com mais liberdade de expressão.
5 — Qual a sua avaliação sobre plataformas como Gettr, Truth Social e Parler?
São tentativas bem-intencionadas de lutar contra a censura ideológica estabelecida pelas big techs. No entanto, como resultado, acho elas um tanto decepcionantes, uma vez que acabam fatalmente criando bolhas de visão de mundo ao reunir, majoritariamente, conservadores dissidentes, fugitivos dos grandes “gulags virtuais” que os vigiam e perseguem. Tendo em vista essas circunstâncias, é natural que seja assim, o que não significa que é desejável.
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Assim como a elite funcional pública tem horror a classe média democracia, que permite que pessoas comuns enriqueçam com seu próprio trabalho.
Aparentemente, o “Sippenhaft”, que existiu pela última vez sob os nazistas, foi reintroduzido na Alemanha, quando os críticos do regime temiam que suas famílias também fossem punidas por seus „atos vergonhosos“. Explico: Uma jornalista alemã , Alina Lipp, teve sua conta bancária no DKB encerrada com a justificativa: o Banco pode encerrar a conta a qualquer momento sem apresentar motivos. Mas não é só isso, não demorou um mês, o pai de Alina também teve sua conta encerrada pelo DKB sem que os motivos fossem apresentados. Na Alemanha, hoje, é complicado ter opinião política diferente. Mas este é um bom exemplo para ver o que seria se o dinheiro fosse definitivamente abolido. Os políticos e a mídia ainda não estão clamando abertamente pela abolição do dinheiro, mas incentivam pagamentos sem dinheiro porque se diz que é muito mais higiênico, seguro e conveniente. E sob o pretexto de querer combater a lavagem de dinheiro e outros enfeites, sabe-se que o uso do dinheiro está cada vez mais restrito. Avisos de que pagamentos sem dinheiro se trata de ampliar a vigilância de um Estado repressivo, muitos argumentam contra e dizem tratar-se de teoria da conspiração. Mas vamos imaginar que uma moeda do BCE seja lançada em breve, isso inevitavelmente levaria a uma proibição de dinheiro em muito pouco tempo, porque uma moeda do BCE com transações simultâneas em dinheiro seria completamente inútil. Se hoje fosse assim, Alina Lipp e seu pai estariam agora „na lona“, pois sem dinheiro não poderiam mais pagar as contas ou comprar pão . É isso, o admirável mundo novo que os políticos e a mídia devem tornar palatável, ainda que com um certo pudor, tornaria todos os nossos pagamentos transparentes para o Estado, significando controle total de todas as pessoas e os dissidentes seriam „desligados“ quando necessário.
Em tempo: Flávio é o autor do livro Globalismo e Comunismo que confesso, ainda não li. Entretanto, o título me chamou a atenção por serem sinônimos e, portanto, me interessa. O Brasil tem a chance de escapara com mais de dois corpos de vantagem dessa crise se a esquerda entender que em primeiro lugar vem a pátria e mesmo que tenhamos que sacrificar algumas coisas, poderemos despontar entre os primeiros do mundo. A Alemanha, para ficar independente do gás da Rússia, desmatou uma floresta que, dizem, teria 120 anos para fazer carvão. Claro que os ambientalistas gritaram, mas é o preço da desglobalização. Nós temos tudo que precisamos inclusive a mineração do silício que está na mão dos chineses. Nada contra os chineses, mas O SILÍCIO É NOSSO (ideia para uma #). Já temos a tecnologia para a fabricação das placas conversoras de energia sola (PV) mas pagamos caro pelo nosso próprio silício.
Não diga isso, meu caro. Quem disse que os alemães desmataram o que? Floresta de 120 anos, então não é mata nativa, a idade denuncia isso. Além do mais, o carvão que os alemâes tem ainda em abundância é o carvão mineral, este sim que é altamente poluidor, por ser de origem fóssil, não ocorre o ciclo natural de reposição do CO2 como é o caso do carvão vegetal. Até vejo com bons olhos a exportação de carvão vegetal para a Europa. Carvão este que ainda temos em abundância em MG e no Pará.
Ótima entrevista.
O que leva uma pessoa censurada por algumas redes a dizer isso? Vingança, raiva, inveja, ciúme? O senhor Musk não faria isso se não fosse pçara ganhar dinheiro. E ele já avisou que de corporações ele irá cobrar. De pessoas físicas não. Mas mais do que isso, ao falar de ELITE ele quer se referir aos ricos? Sim, porque eu só ouço uma casta se definir como elite: a ELITE POLÍTICA. E essa, não está nem aí para quem é o dono. Ela só está usando no momento para atacar o PR. Veja a Joyce, o Randolph e outros.
O significado de elite, ao menos é o que eu entendo sobre o assunto, é o que de melhor existe em qualquer agrupamento humano. Temos a elite da ladroagem, cujo chefe maior é o Nove Dedos, temos a elite da safadeza, muito bem representada pelo Renan Canalheiros de Muricy das Alagoas, temos a elite da viadagem, bem essa elite tem muitos representantes por aí, desde do Amapá até o Chuy e temos a elite das pessoas nobres de caráter que felizmente ainda é a maioria da população. Enfim é isso aí.
“Ainda não aprenderam que quanto mais tentam censurar, quanto mais perseguem, maiores se tornam as pessoas de bem. Um exército, que pode parecer silencioso, sempre aparece para estar no fronte com você. Não há dinheiro no mundo que compre isso. E é exatamente isso que mete medo nos tiranos”.
Ana Paula Henkel, comentarista política e consagrada ex-atleta da Seleção Brasileira de Vôlei.
Um exército silencioso, a meu ver, não mete medo em ninguém. Muito menos em algum tirano comunista a quem ela refere. Estamos pecebendo uma grande queda global de ações de grandes companhias, algumas chegando até a 44% e sem perspectivas de recuperação, indicando uma desvalorização permanente, apenas as petrolíferas é que estão se dando bem nessa história, diga-se de passagem a Rússia. Então o maior medo deles é isso aí e não esse tal exército silencioso. Bom final de semana.