O presidente da empresa de segurança cibernética CrowdStrike, Michael Sentonas, criticou alguns de seus concorrentes. Segundo o executivo, os competidores estão aproveitando o apagão global em tecnologia da informação (TI) causado por sua empresa para assustar clientes e tentar “roubar mercado”.
Em 19 julho deste ano, diversos setores da economia responsabilizaram a CrowdStrike por um defeito na atualização de um software. O erro causou uma paralisação global de sistemas de TI, comprometendo o funcionamento de milhões de computadores.
Entre os concorrentes que tornaram públicas suas críticas à empresa norte-americana estão SentinelOne e Trellix, ambas dos Estados Unidos.
Leia mais notícias sobre Tecnologia na Oeste
Em entrevista ao jornal Financial Times, Sentonas afirmou que nenhum fornecedor poderia “tecnicamente” garantir que seu próprio software nunca causaria um incidente semelhante.
O executivo destacou que o setor de segurança cibernética é baseado, principalmente, na confiança. Acrescentou que explorar o colapso para promover os seus produtos pode ser, portanto, prejudicial aos próprios concorrentes. “De maneira muito rápida, as pessoas distinguem fatos de, possivelmente, alguns comentários sombrios.”
Grandes clientes potencializam efeitos do apagão
A CrowdStrike está localizada no Texas, região central dos EUA. A empresa tenta sustentar sua reputação de ser uma companhia de primeira linha na defesa a ataques cibernéticos.
O desafio, contudo, não tem sido fácil: a relevância global de seus clientes potencializou o impacto negativo da interrupção de julho, que desligou 8,5 milhões de aparelhos com sistema operacional Windows.
O apagão tecnológico, segundo cálculos de seguradoras, pode ter gerado bilhões de dólares em prejuízo. Afinal, a falha provocou diversos danos: cancelou voos, desligou sistemas hospitalares, interrompeu sistemas financeiros, bloqueou transmissões de veículos de comunicação, entre outros efeitos.
Leia mais:
Leia também: “Companhia aérea estima perdas de US$ 500 milhões”
Somente a norte-americana Delta Airlines, cujo sistema tem relação com os serviços da CrowdStrike, cancelou mais de 6 mil voos. A companhia estima custos de US$ 500 milhões em razão da pane e ameaça entrar com ação judicial.
A defesa jurídica da CrowdStrike nega a responsabilidade pela escala da interrupção da Delta. Os advogados afirmaram que as obrigações da empresa se limitam a “milhões de dólares”.
Concorrentes apontam problema em design e processos
Conforme os concorrentes, a CrowdStrike apresentou falhas no design do produto e nos processos de testes. Assim, dizem os rivais, a companhia equivocou-se ao se promover como uma alternativa mais segura.
Para o CEO da SentinelOne, Tomer Weingarten, “decisões de design ruins” e “arquitetura arriscada” causaram a paralisação global.
Leia também: “O apagão global e a dependência tecnológica humana“, reportagem de Lucas Cheidi publicada no site da Revista Oeste