Considerado um dos mais complexos e burocráticos do mundo, o setor de contabilidade do Brasil está usando uma nova plataforma de inteligência artificial (IA) que reduz em quase 60% o tempo de trabalho dos escritórios. Lançada em outubro pela empresa Go Mind Solutions, a plataforma MIA consegue potencializar a velocidade do trabalho dos profissionais e quase zera os possíveis erros de cálculos, que podem gerar multas.
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Entre os serviços que a MIA desempenha nos escritórios contábeis estão 37 processos, incluindo a Escrituração Fiscal Digital (EFD) Contribuições, a Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais (DCTF) e o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DAS) do Simples Nacional.
Com a ajuda da ferramenta, serviços que levavam semanas ficam prontas em poucos dias. As avaliações mostraram que, em um escritório com 50 clientes, o tempo em processos manuais caiu de 143 horas para 60 horas.
Com aparência feminina, linguagem acessível e interface intuitiva, a MIA precisou de três anos para o seu total desenvolvimento.
A plataforma utiliza a tecnologia de robotic process automation (RPA), que emprega robôs de software para automatizar tarefas repetitivas e baseadas em regras de processos empresariais, especialmente na contabilidade.
Escritórios de contabilidade do Rio já utilizam IA
No Rio de Janeiro, 18 empresas já utilizam o programa. Em novembro, a ferramenta passa a operar no mercado de São Paulo e, no próximo ano, em diversos outros Estados.
“A MIA realiza o trabalho manual de forma muito mais eficiente”, analisou o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Rio de Janeiro (Sescon-RJ), Renato Mansur. “Por não ter a emoção do humano, ela faz exatamente o que se programou. Ganhamos tempo e precisão. Essa eficiência é vital, pois um auto de infração para uma empresa cliente pode ser a ruína da empresa contábil”.
Ele já ocupou a presidência do Sescon-RJ em duas ocasiões e descarta a possibilidade de demissões decorrentes dessa tecnologia avançada.
“É um equívoco pensar que o robô vai tirar empregos”, afirma. “Ele nos permite ajudar nossos clientes a crescer e, assim, crescemos também. É essencial nos libertar do trabalho manual, repetitivo e maçante do dia a dia.”
A ausência de falhas chamou atenção do contador Jorge Luiz Correa, da Seculus Gestão Contábil. “Estou usando a IA há seis meses e tem sido revolucionário”, disse. “Essa tecnologia automatiza tudo e elimina os erros. Não pretendo demitir ninguém, a ideia é escalar a quantidade de clientes e permanecer com o mesmo número de funcionários.”
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A contadora Joelma Nascimento, da BWA Global, diz não se sentir ameaçada pela nova “colega” de trabalho.
“Para que a robô funcione, é preciso que as informações dentro do sistema contábil estejam corretas, portanto, as pessoas ainda têm que analisar essas informações”, diz a profissional. “A automação veio para somar.”
Conforme Joelma, a MIA já funciona como uma espécie de um membro da equipe em sua empresa.
“A gente a considera uma estagiária”, brincou. “O fato de ela conseguir acessar o sistema contábil que usamos, fazer as validações e transmissões facilitou muito a rotina. Ela faz a consulta dos pagamentos, a apuração e a declaração, reduzindo quase três dias o nosso trabalho. Agora, conseguimos atender melhor os clientes, dar retorno com mais antecedência e estabelecer vínculo.”
Inteligência artificial muda a forma de desenvolver a contabilidade
Segundo a gerente de tecnologia da Go Mind, Renata Pessoa, a implementação se adapta a cada escritório e leva, no máximo, uma hora e meia para começa a operar.
Outro entusiasta da inovação é o empresário Marco Antônio Gomes, dono da Eridan Contabilidade, um dos escritórios mais antigos do Rio.
“Meu escritório tem 77 anos e foi um dos primeiros a ser informatizado à época”, contou Gomes. “O trem está passando, ou você entra ou fica para trás. O robô vai proporcionar às minhas gerentes mais tempo para visitar os clientes. Sozinho, não consigo visitar 200 clientes. Este foi o menor custo que vi nos últimos anos, um investimento tão pequeno para um benefício tão grande.”
Contador há 53 anos, Cleoncio Souza é o fundador da Go Mind. Ele afirma que sempre se incomodou com o fato de estudar ciências contábeis e, depois, “abaixar a cabeça e trabalhar sem desenvolver nenhum tipo de ciência”.
“Não estamos mudando a contabilidade com essa tecnologia, mas a forma como ela é desenvolvida”, declara Souza.
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MAS É CLARO QUE HAVERÁ DESEMPREGO, COLOQUE AÍ NO MÍNIMO UNS 30%.