Desde sua fundação, em 1968, a Intel tem sido sinônimo de encolhimento. Em seus primeiros 40 anos, segundo a revista The Economist, isso era um grande elogio.
A cada dois anos, a pioneira norte-americana de chips lançava novos transistores com metade do tamanho dos anteriores, uma regularidade que ficou conhecida como a Lei de Moore, em homenagem a um dos fundadores da empresa.
Hoje em dia, quando “Intel” e “encolhimento” são mencionados na mesma frase, não é mais um elogio. Depois de dois trimestres com resultados financeiros desastrosos, o valor de mercado da empresa caiu para US$ 84 bilhões (R$ 472,7 bilhões), bem abaixo dos US$ 210 bilhões (R$ 1,1 trilhão) de janeiro.
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Neste ano, a Intel suspendeu dividendos e anunciou a demissão de 15 mil funcionários em resposta à crise. A explosão da demanda por chips de inteligência artificial (IA) beneficiou outras empresas de semicondutores, mas as ações da empresa estão em seus níveis mais baixos desde o final dos anos 1990.
Há especulações, inclusive, de que a big tech pode ser removida do índice Dow Jones Industrial Average, possivelmente em favor da Nvidia.
No início de agosto, o presidente da companhia, Pat Gelsinger, anunciou que a força de trabalho da empresa, de 125 mil funcionários, seria reduzida em mais de 15 mil postos.
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Além disso, os gastos anuais de capital da empresa devem cair US$ 25 bilhões (R$ 140,6 bilhões) para US$ 20 bilhões (R$ 112,5 bilhões), e os dividendos anuais, de US$ 3 bilhões (R$ 16,8 bilhões), foram eliminados.
“Nossos custos são muito altos, nossas margens são muito baixas”, escreveu Gelsinger em uma carta aos funcionários.
O preço das ações contraiu-se em um terço nos dias seguintes. Os fãs de política industrial na administração de Joe Biden, ansiosos para reviver a fabricação de chips doméstica, teriam motivos para se preocupar com seu campeão nacional.
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Futuro da Intel é incerto
O futuro da Intel agora depende de um novo plano de reviravolta que Gelsinger deve apresentar ao conselho nos próximos dias.
Os analistas esperam uma combinação de mais demissões, venda de negócios periféricos e possivelmente o adiamento dos planos para uma fábrica de US$ 32 bilhões (R$ 180 bilhões) na Alemanha.
Gelsinger, que já foi chefe de tecnologia da Intel e dirigiu uma empresa de software em nuvem, voltou em 2021 para tentar colocar a empresa nos trilhos depois de diversos chefes falharem em reconhecer grandes mudanças na indústria.
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No final dos anos 2000, a Intel não percebeu a crescente demanda por chips para dispositivos móveis, mantendo a fabricação própria de processadores, enquanto concorrentes adotavam o modelo “fabless” e terceirizavam a produção para empresas como a TSMC de Taiwan.