Em julho deste ano, Brasília foi a primeira cidade a receber a rede 5G de alta velocidade. A conexão vai proporcionar uma transformação na economia e na sociedade nos próximos anos, com um forte impacto no mundo do trabalho, na vida das pessoas e, principalmente, no setor produtivo.
Do ponto de vista da área industrial, as redes 5G serão decisivas para aumentar o número de atividades conectadas, com a automação e a digitalização dos processos, com maior eficiência e proporcionando sistemas mais inteligentes para as indústrias.
Oeste conversou com Renato da Fonseca, superintendente de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “A tecnologia vai ampliar a participação do país nas cadeias globais de valor da era digital”, disse.
Segundo ele, o 5G surge como uma forma de aprimorar as tecnologias, além de otimizar as funcionalidades já existentes dentro da indústria, viabilizando atividades que, atualmente, não são possíveis devido às restrições de conectividade.
Isso vai acelerar a indústria 4.0 — também chamada de Quarta Revolução Industrial —, que está em curso por causa de um amplo sistema de tecnologias avançadas (como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem), que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios no Brasil e no mundo.
A indústria 4.0 seria um reflexo do aumento da escala, alcance e complexidade da digitalização da produção, dando origem a “fábricas inteligentes”.
1 — Qual será o impacto financeiro para o Brasil da chegada do 5G?
Teremos um impacto significativo na produtividade se ocorrer uma implementação rápida e não demorar muito para levar o 5G a todo o país. O ganho decorrente da disseminação mais acelerada induz a um crescimento anual adicional do Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 0,03 pontos porcentuais já no ano que vem. Em 2027, será de 0,07 e, no ano de 2030, de 0,20 pontos porcentuais. Isso equivale a um acréscimo de mais de R$ 81 bilhões no PIB brasileiro.
2 — De qual forma a rede 5G vai aumentar a produtividade na indústria?
A rede 5G é essencial para a indústria 4.0, ou seja, para digitalização do processo industrial ou processo comercial, e também atinge a vida das pessoas. Mas, na indústria, a alta velocidade do 5G, a baixa perda na transmissão de dados e, principalmente, a baixa latência, ou seja, o tempo de resposta entre as conexões — a informação que vai e volta no sistema —, isso tudo permite que a gente implemente a tecnologia digital na operação de máquinas e transportes, movidos a computadores, porque a resposta é muito rápida. As máquinas estão conversando umas com as outras, e, se há uma demora no processo, elas não conseguem identificar um aquecimento ou uma interrupção, e você gera um prejuízo muito grande para as empresas. Esse novo sistema, dadas a confiabilidade e a rapidez, permite que o Brasil realmente entre na era da digitalização, ou seja, na indústria 4.0.
3 — O que o Brasil precisa fazer de fato para superar os obstáculos?
O grande entrave que existe na implantação dessas redes é exatamente a falta de infraestrutura, que são as antenas. Hoje, a gente precisa de cerca de cinco vezes mais antenas do que o necessário para o 4G, para gerar o resultado ideal da tecnologia 5G. Isso precisa de modificações na legislação, e cada um dos 5 mil municípios precisa fazer isso. Até hoje, só 1% dos municípios implementou essa nova lei. Obviamente, para ter um resultado maior na indústria e na agricultura, a gente precisa levar essas redes para longe das capitais, longe dos centros urbanos, e esse investimento em infraestrutura é muito grande. Por fim, no processo industrial, por uma questão de segurança, as indústria acabam trabalhando com redes privadas, isso é permitido, no leilão você tem uma banda para rede privada, mas ainda não foi regulamentado esse uso. Então, isso precisa ser regulamentado, para que esse serviço seja oferecido, para que as indústrias entrem na era da indústria 4.0.
4 — De forma prática, como isso pode ajudar a indústria?
A adoção em larga escala da automatização, com uso da robótica, só é possível com a rapidez que a rede 5G pode oferecer. Isso irá aprimorar os processos fabris ao diminuir os custos e os riscos de erro humano, além de ter potencial de reduzir o tempo de inatividade da produção e fornecer importante suporte em ambientes de trabalhos arriscados para a presença de trabalhadores. Além disso, o 5G tem o papel de prover a infraestrutura que permite às indústrias 4.0 um planejamento inteligente, direcionado e eficiente. Na Alemanha, por exemplo, testes realizados em uma fábrica de componentes aeroespaciais revelam que o uso do 5G tem o potencial de diminuir a taxa de retrabalho da produção de 25% para 15%, além de proporcionar uma redução de 75% no tempo gasto na fase de design de processo.
5 — A rede 5G vai, de fato, contribuir na modernização da indústria nacional?
O atraso histórico do país no âmbito da inovação, uso de tecnologias de ponta na produção industrial e a baixa participação da própria indústria no PIB tornam imperativo sua modernização. Nesse sentido, a incorporação do 5G nas atividades industriais é um passo indispensável para promover a competitividade da indústria nacional e alinhar o Brasil às tendências de produção modernas. Ainda, a rede 5G poderá flexibilizar as linhas de produção, reduzir custos, elevar a eficiência no uso dos insumos e ampliar a participação do país nas cadeias globais de valor da era digital.
Pra gente saber se a Oeste é isenta, ou se vende matérias para industriais, vamos procurar o dia em que ela publique uma matéria mostrando os malefícios já pesquisados e provados do 5G à saúde. Por exemplo, a redução de 50% da atividade do sistema imunológico medida em ratos submetidos à radiação análoga à 5G na faixa de milímetros de comprimento de onda.